Sonho de iluminação pública: chineses criam plantas que brilham no escuro e carregam com a luz do sol

Liu et al., Matter (CC BY-SA)

As suculentas brilham em tons de vermelho, verde, azul e muito mais depois de serem infundidas com partículas de fósforo que absorvem e libertam luz lentamente.

Cientistas chineses criaram as primeiras plantas multicoloridas que brilham no escuro. São suculentas multicoloridas que carregam à luz do sol.

As suculentas luminescentes criadas por engenheiros de materiais, à margem de um estudo publicado esta quarta-feira na Matter, são capazes de brilhar até duas horas.

Esta inovação é um sonho de iluminação pública, mas não só. Como referem os investigadores, em comunicado, esta invenção abre caminho para iluminação sustentável baseada em plantas para iluminar qualquer espaço.

Imaginem árvores luminosas a substituir candeeiros de rua. As partículas difundiram-se em apenas segundos, e toda a folha da suculenta brilhou.”, disse a autora principal do estudo, Shuting Liu, investigadora na Universidade Agrícola do Sul da China.

Os cientistas já tinham criado plantas que brilham no escuro antes.

Como refere a Live Science, as abordagens de engenharia genética aproveitam genes bioluminescentes que já existem em certas plantas, como o fitoplâncton — mas estes genes têm uma gama de cores limitada, maioritariamente verde, de acordo com o estudo.

As técnicas de engenharia de materiais, por seu turno, envolvem a injeção de partículas emissores de luz nas folhas das plantas para as fazer brilhar, mas estes métodos até agora apenas geraram luz ténue.

Para uma forte luminescência, as partículas emissores de luz têm de ser suficientemente pequenas para se difundirem através dos tecidos de uma planta, mas também suficientemente grandes para emitirem um brilho visível.

Experiências anteriores usando nanopartículas derivadas da luciferase do pirilampo, a enzima que cria bioluminescência nos pirilampos, produziram apenas um brilho ténue que caiu abruptamente após 30 minutos.

No novo estudo, as suculentas aguentaram-se durante até duas horas.

Os investigadores injetaram partículas de fósforo nas folhas de suculentas Echeveria “Mebina” e carregaram as plantas à luz do sol ou à luz LED interior durante alguns minutos, obtendo o mesmo efeito de pós-luminescência em ambas as experiências.

Partículas verdes produziram o brilho mais longo, com as plantas a emitir luz até duas horas, rivalizando com uma lâmpada de noite no pico de intensidade.

A equipa produziu as primeiras plantas luminescentes multicoloridas do mundo ao injetar partículas de fósforo azuis, verdes, vermelhas e azul-violeta nas folhas de algumas suculentas.

Os cientistas também construíram uma parede de plantas com 56 suculentas que produziram luz suficiente para ver objetos próximos e ler texto no escuro.

Sonho de iluminação pública

As suculentas luminescentes poderão ser um dia uma solução de iluminação de baixo carbono, de acordo com o estudo.

Os investigadores esperam agora produzir o mesmo efeito noutras plantas, que poderiam ser expostas à luz solar e carregadas como baterias para fornecer iluminação decorativa e prática.

“O processo é simples e económico e alcança luminescência em 10 minutos, abrindo caminho para aplicações práticas em iluminação baseada em plantas”, escreveram os, citados pela Live Science.

ZAP //

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