PSD, IL e Livre querem embargo total à compra de petróleo e gás à Rússia

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António Cotrim / Lusa

PSD, IL e Livre insistem que, neste momento, já são necessárias sanções mais fortes e drásticas para enfrentar Vladimir Putin.

A proposta do embargo total à compra de petróleo e gás à Rússia teve o apoio de três partidos: PSD, IL e Livre, de acordo com o Público.

Os partidos defenderam, esta quarta feira, no Parlamento, o fim da compra de petróleo e gás à Rússia, para sancionar Putin pela invasão da Ucrânia.

À exceção do PCP, todos condenaram o regime russo. O Chega e o Bloco de esquerda tiveram mesmo uma discussão sobre quem tem os piores amigos ditadores.

Quarenta minutos de debate, que parecem ter servido de antecipação à sessão que terá Volodymyr Zelenskyy como figura principal, dentro de uma semana.

A ideia já tinha sido defendida pelo líder da bancada social-democrata nas declarações políticas: Paulo Mota Pinto disse que Portugal deve “defender a extensão das sanções aplicadas ao agressor [à Rússia], a independência energética europeia e o embargo total às compras de gás e petróleo russos”.

Tiago Moreira de Sá, deputado do PSD, veio depois reforçar: “Esta é uma guerra ilegal, desnecessária e inaceitável”, por isso a Federação Russa “tem de sofrer uma punição exemplar“.

“Não podemos ficar no meio da ponte. A manutenção de sanções parciais apenas contribui para prolongar a guerra, o sofrimento humano e a insegurança internacional. É urgente levar as sanções às últimas consequências, atingindo o regime de Putin no seu núcleo duro político e a sua economia na sua espinha dorsal – o petróleo e o gás”, sublinha ainda Moreira de Sá.

A par dessas sanções “drásticas”, Joana Cordeiro, da Iniciativa Liberal, defendeu também a troca de informações, o envio de equipamento militar e a eliminação das burocracias de acolhimento aos refugiados, para que possam trabalhar e integrar os filhos na escola e no sistema de saúde.

Joana Cordeiro criticou ainda os “idiotas úteis” do “apoio explícito ou neutralidade cobarde” que beneficiam o agressor.

Rui Tavares, do Livre, trouxe também outra proposta, ainda durante as declarações políticas: a penhora dos pagamentos pelos combustíveis à Rússia através de uma conta fiduciária num Estado terceiro – na Suíça, por exemplo, por ser extra-UE e NATO – até Putin fazer recuar as tropas ou assinar um acordo de paz com a Ucrânia, e cujo valor seria canalizado para a reconstrução do país.

O deputado do Livre entregou uma recomendação para que o Governo apresente essa proposta “inovadora” em Bruxelas. Tavares também concorda que a dívida da Ucrânia seja perdoada.

“Não há totalitarismos melhores que outros nem regimes opressivos mais aceitáveis, sejam de direita ou esquerda; um ditador é sempre um ditador e um tirano é sempre um tirano; e uma invasão é sempre uma declaração de guerra e não uma operação militar especial”, salientou o socialista Francisco César.

“Não há ideologia que sustente as atrocidades perpetradas na Ucrânia”, disse o deputado, defendendo a abertura de uma investigação independente aos massacres.

A comunista Paula Santos insistiu na ideia de que há um golpe de Estado na Ucrânia desde 2014 que envolve a NATO e os Estados Unidos; condenou a “escalada militarista” e a “instigação da guerra” e defendeu a necessidade de um cessar-fogo e de uma “resposta comum ao desarmamento”. E afirmou a solidariedade do PCP para com as vítimas da guerra da Ucrânia que já dura há oito anos.

André Ventura recorreu à provocação para dizer que “é o nacionalismo positivo ucraniano que está a permitir a luta nas ruas para manter a sua pátria”.

Assinalou também que há dois partidos na AR (BE e PCP) que defendem ser “imperativo sair da NATO para que Putin possa entrar pela Europa toda e nos tire a liberdade”.

E lembrou (ao PS) que houve primeiros-ministros “aos abraços a Hugo Chávez a vender computadores”, que “trouxeram a Lisboa a maioria dos tiranos e ditadores do mundo” e que há um ministro das Finanças que “deu dados ao governo da Rússia“.

O bloquista Pedro Filipe Soares lembrou depois a Ventura que andou “de mão dada com Le Pen quando Marine Le Pen andava de mão dada com Putin; e que andava de mão dada com Matteo Salvini quando este andava de mão dada com Putin. Foram os seus amigos que ficaram à porta da Ucrânia e lá foram enxovalhados. Não esquecemos quem anda de mão dada com o extremismo de Putin e se senta na extrema-direita do Parlamento português”.

O deputado vincou que “não há imperialismos nem nacionalismos bons; em todos o povo fica sacrificado”.

Ventura ainda haveria se lhe responder com o Podemos e com os votos de Cuba, Venezuela e Coreia do Norte contra as sanções à Rússia e de se desentender com Tavares ao confundir a sua família política europeia.

ZAP //

4 Comments

  1. Portugal, neste aspecto, pode dar-se ao luxo de facilmente aplicar estas sanções, pois muito pouco importava desses produtos da Rússia.

  2. A apologia de nação e a luta entusiasta pela pátria nunca é uma provocação, no meu entender. Outros comportamentos servis e modais é que poderão ser criticáveis.

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