PCP critica “novas censuras” a quem contraria “pensamento único” e pede investigação independente a Bucha

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Tiago Petinga / Lusa

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, com a bandeira de Portugal e a bandeira do Partido Comunista Português na imagem

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa

Para o PCP, as investigações devem ser asseguradas por “entidades efetivamente independentes” e sem “predeterminados julgamentos ou objetivos que não contribuam para apurar a verdade”.

O secretário-geral comunista insurgiu-se esta terça-feira contra as “novas censuras” a pretexto da guerra na Ucrânia, praticadas “à revelia dos tão proclamados valores ocidentais”, que “hostilizam e ‘queimam’ na praça pública” os que contrariam as “autoridades do pensamento único”.

Tempos perigosos, onde se levantam novas censuras e a pretexto da guerra se sanciona a cultura e o desporto nas pessoas que a fazem e praticam, à revelia dos tão proclamados valores ocidentais. Que hostilizam e ‘queimam’ na praça pública quem se atreva a ir ao arrepio da cartilha ditada e imposta pelas autoridades do pensamento único”, criticou o secretário-geral do PCP.

Durante uma sessão comemorativa do 80.º aniversário do nascimento de Adriano Correia de Oliveira, em Lisboa, Jerónimo de Sousa condenou a discriminação “disfarçada” que é “campo aberto para as guerras civilizacionais que as forças reacionárias e fascizantes reclamam”.

Jerónimo de Sousa sustentou que a União Europeia (UE) está “há muito” a percorrer “um terreno cada vez mais ambíguo e perigoso que já levou à criação da missão para a ‘defesa do modo de vida europeu’”.

O dirigente comunista considerou que as canções de Adriano Correia de Oliveira continuam necessárias “neste tempo, onde navegam todos os racismos, dos mais subtis aos mais descarados e explícitos”, assim como as “xenofobias doentias deliberadamente acicatadas e ampliadas” por uma “propaganda de guerra, onde os povos são estigmatizados e perseguidos e o património cultural de cada um e até o de reconhecido valor universal é colocado na pira da intolerância”.

O PCP defendeu ainda uma investigação cabal e rigorosa sobre as mortes de civis na cidade de Bucha, Ucrânia, conduzida por entidades independentes e sem “predeterminados julgamentos” e considerou que tem havido “comprovados exemplos” de operações de manipulação.

O partido sustentou que “são inquietantes” as notícias “difundidas a partir dos centros do poder ucraniano e ampliadas pela máquina de propaganda que tem rodeado a guerra na Ucrânia sobre os alegados ‘crimes de guerra’ ocorridos em Bucha, bem como os desmentidos das autoridades russas indicando de que se tratou de uma operação de manipulação“.

“A existência de comprovados exemplos em que determinadas situações apresentadas como verdadeiras se vieram posteriormente a confirmar falsas e baseadas em operações de manipulação exige o indispensável, cabal e rigoroso apuramento das situações relatadas”, acrescentou o PCP.

As investigações sobre os alegados crimes cometidos contra civis naquela cidade na região de Kiev, prosseguiu o PCP, devem ser asseguradas por “entidades efetivamente independentes, determinadas pela real avaliação dos factos e não por predeterminados julgamentos ou objetivos que não contribuam para apurar a verdade”.

Afirmando condenar “todos os atos criminosos, incluindo em cenário de guerra, que tenham ocorrido ou ocorram em solo da Ucrânia, do Iraque, do Afeganistão, da Líbia ou de outros países”, o PCP defendeu que “o que se impõe é pôr termo à escalada em curso e contribuir para o cessar-fogo e uma solução política negociada” entre Kiev e Moscovo, que “assegure a paz e a segurança coletiva na Europa”.

Centenas de civis mortos foram encontrados em Bucha, uma cidade a 60 quilómetros de Kiev, espalhados na rua, nalguns casos com as mãos amarradas atrás das costas e atirados para valas comuns, tendo as autoridades ucranianas e os seus aliados acusado os soldados russos de terem cometido esses crimes quando ocuparam a cidade.

Moscovo rejeitou qualquer responsabilidade e disse tratar-se de uma encenação de Kiev.

// Lusa

5 Comments

  1. Esta gente vive em que planeta??????
    Isto é…nem tenho palavras nem ideias para comentar esta escória. Estou zonza de tanta estupidez e hipocrisia!!! Ele que mande para lá a família dele
    De férias a ver se gosta do resultado!!!

  2. Eu não sou comunista mas tenho que reconhecer e felicitar o PCP que é o único partido que está acima da vergonhosa propaganda e manipulação mediática que está ser feita nesta guerra. As únicas pessoas que reconheço credibilidade nas declarações e notícias que são dadas são as de alguns generais portugueses com experiência de guerra que têm sido entrevistados e comentado o desenvolvimento da guerra assim como outros militares credenciados como o coronel suiço Jacques Baud com enorme carreira que sabem do que falam e como falam. Basta ler o seu relatório de março “La situation militaire en Ukraine” para entender o que se está a passar nesta guerra e os interesses em jogo. Esses sabem do que falam a opinião pública é manipulada sistematicamente e reage em conformidade, são vítimas da desinformação.

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