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Presidenciais: ninguém apoia ninguém

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Eduardo Costa / Lusa

António Sampaio da Nóvoa, candidato às Presidenciais de 2016

António Sampaio da Nóvoa, candidato às Presidenciais de 2016

Nem o PS nem a coligação parecem ainda muito interessados no tema das Presidenciais, que decorrem em janeiro de 2016. Se quiserem avançar, os candidatos terão de o fazer sem o empurrão dos respetivos partidos.

Os militantes socialistas vão ter liberdade de voto na primeira volta das presidenciais. Foi esta a decisão tomada na noite desta terça-feira pela Comissão Política Nacional do PS, que se afasta assim de um possível compromisso com um dos dois candidatos já conhecidos: Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém.

Para António Costa, secretário-geral do partido, esta é a “forma mais saudável de cada um poder apoiar o candidato da sua preferência sem fraturas no partido” e a forma de não distrair o partido “de um momento muito exigente” que é “todo este processo de formação do governo, instalação de nova legislatura, criação de condições de governabilidade”, cita a TSF.

O líder socialista disse ainda “emergiram duas candidaturas com apoios muito relevantes na sociedade portuguesa” e que, perante o cenário atual, “não fazia sentido qualquer outro processo de decisão”.

“Sou o único que fico numa posição difícil, visto que não devo tomar posição na primeira volta”, acrescentou.

Esta é uma posição que vai definitivamente dividir o partido. De acordo com o Observador, se é certo que Maria de Belém vai receber o apoio de muitos militantes, entre os quais da ala segurista e não só, por outro lado, Sampaio da Nóvoa conta já com o apoio de muitos outros, entre eles dois ex-Presidentes da República: Jorge Sampaio e Mário Soares.

Desta forma, o apoio do PS só será claro numa eventual segunda volta das presidenciais, que decorrem em janeiro do próximo ano.

Maria de Belém, no entanto, deve avançar já na próxima semana com a oficialização da sua candidatura.

De acordo com o Diário de Notícias, a ex-ministra da Saúde vai apresentar publicamente a sua candidatura na próxima terça-feira, dia 13, às 18 horas da tarde, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Já Sampaio da Nóvoa está numa situação mais tremida, depois de o jornal i ter admitido na edição desta quarta-feira que estaria a ser aconselhado a desistir.

Segundo o mesmo jornal, citado pelo Observador, a candidatura do ex-reitor está envolta num ambiente de “depressão total”, sobretudo depois de o PS ter dado liberdade de voto a todos os socialistas.

Face a esta situação, o ex-reitor já avançou à TSF que não vai desistir da corrida a Belém.

Marcelo vs Rio

Também a coligação já admitiu que os dois partidos não vão apoiar qualquer personalidade nas eventuais candidaturas à Presidência.

De acordo com o Diário de Notícias, o documento diz que “PSD e CDS assumem que a colaboração mútua deve incluir” um “compromisso de diálogo no sentido de assumirem uma posição comum em relação à eleição presidencial de 2016”.

No Conselho Nacional de ontem à noite, Passos Coelho disse que, caso personalidades como Marcelo Rebelo de Sousa ou Rui Rio estejam na corrida, terão de o fazer sem o apoio da coligação.

Segundo o mesmo jornal, Marcelo Rebelo de Sousa vai mesmo avançar com a sua candidatura e o anúncio oficial deve acontecer daqui a duas ou três semanas.

Por outro lado, Rui Rio está à espera de um sinal do presidente do PSD para anunciar nos próximos dias a sua decisão sobre uma eventual candidatura, diz o jornal Público.

Fonte próxima do ex-autarca disse que o “partido tem de refletir sobre as presidenciais e tomar uma decisão” e essa “não é bem apoiar quem quer que seja, mas sim aquele que pode dar garantias de estabilidade a um Governo que vai governar sem maioria absoluta”.

Rui Rio mantém o silêncio o que, para muitos, não deve continuar por muito mais tempo. Alguns apoiantes dizem mesmo que o antigo presidente da Câmara do Porto “deixou esticar o prazo até ao limite do insuportável”.

De acordo com informações apuradas pelo Público, os apoiantes de Rui Rio reuniram-se esta terça-feira à tarde, no Porto, para fazer o ponto da situação relativamente à eventual candidatura porque entendem que a “cada dia que passa, o caminho fica mais estreito”.

O ex-autarca já foi falado como um dos possíveis nomes para ocupar um lugar no próximo Governo, sendo a pasta da Administração Interna a mais favorável.

Fontes próximas negam, porém, qualquer convite e falam mesmo de contra-informação.

“Isto tem um único objetivo que é retirar Rui Rio da corrida presidencial e deixar o palco a Marcelo Rebelo de Sousa”, diz a mesma fonte.

ZAP

2 Comments

  1. Tratando-se de um cargo de eleição unipessoal e de representação nacional, parece-me correto que as candidaturas não nasçam nos partidos, embora possam depois vir a ser apoiadas por eles numa primeira ou segunda volta.

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