O Plano de Outono-Inverno do Ministério da Saúde foi divulgado esta segunda-feira. O documento será revisto a cada dois meses.
O Plano da Saúde para o Outono-Inverno, divulgado esta segunda-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS), revela que já está em curso a elaboração de mapas de risco epidemiológico, de forma a garantir a “adequação e proporcionalidade das medidas ao risco real de cada região ou local” e a “rápida implementação” de medidas de saúde pública correspondentes a cada nível de risco.
De acordo com o Expresso, o documento assenta em três pilares: a resposta ao risco sazonal incluindo a covid-19; a garantia da resposta de cuidados de saúde não-covid; e um conjunto de medidas específicas em termos de comunicação e literacia.
Na resposta ao risco sazonal – que junta a gripe à covid-19 -, o plano prevê o reforço da resposta em saúde pública, especialmente em situações de surtos e o planeamento da vacinação contra a gripe e contra a covid-19, “logo que a vacina esteja disponível”.
A campanha de vacinação contra a gripe sazonal vai ser antecipada para o final de setembro e deverá chegar a mais gente. É o caso das grávidas, que se juntam aos residentes e funcionários dos lares e profissionais do Sistema Nacional de Saúde (SNS).
Além disso, prevê-se a adaptação da estratégia nacional de testes laboratoriais para o SARS-CoV-2 face à epidemia de gripe e um reforço de stocks e reserva estratégica de medicamentos, dispositivos médicos, equipamentos de proteção individual e testes laboratoriais. Uma das grandes apostas reside em “consolidar o plano de intervenção em estruturas residenciais para idosos”.
A Direção-Geral de Saúde está também a rever a definição de caso suspeito e os critérios de alta e fim de isolamento, uma vez que a gestão de casos suspeitos de covid-19 “implica a gestão a montante de todos os casos suspeitos de infeção respiratória aguda, cujo diagnóstico diferencial inclui, entre outros, a infeção por SARS-CoV-2, por vírus da gripe e por vírus sincicial respiratório”.
O uso de máscara continua a ser obrigatório para pessoas com mais de 10 anos “em espaços públicos fechados”, mas é recomendado o seu uso “em qualquer espaço aberto ou fechado sempre que não esteja garantido o distanciamento físico mínimo de dois metros”.
Em nome da sustentabilidade ambiental e para evitar a escassez de máscaras cirúrgicas nas unidades prestadoras de cuidados de saúde, o plano incentiva o uso de máscaras comunitárias certificadas.
Doentes não-covid
O plano prevê a criação de uma task-force, constituída por elementos de cada Administração Regional de Saúde e que funcionará na dependência do Ministério da Saúde, que se baseia numa “aposta na resposta maximizada nos cuidados de saúde primários, com atendimento presencial, não-presencial e domiciliário, bem como nas respostas de proximidade, incluindo dispensa de medicamentos”.
A estrutura irá definir “critérios de seleção dos utentes cujo seguimento possa ser assegurado, pelo menos parcialmente, por teleconsulta e telemonitorização“.
Além disso, o documento prevê a definição de unidades hospitalares “covid-19 free”, para evitar “a degradação do acesso em situações de crescimento epidémico significativo” e para continuar a expansão da hospitalização domiciliária.
Há também uma mudança na organização dos hospitais, dado que as Áreas Dedicadas à Covid-19 vão ser convertidas em Áreas Dedicadas aos Doentes Respiratórios, recebendo não só doentes de covid-19 como utentes com outras doenças do foro respiratório.
O documento prevê também a utilização de testes rápidos, com resultados em menos de 60 minutos e outros com resultados disponíveis em 24 horas, um complemento aos testes de maior validade científica para garantir uma abordagem mais célere a um caso suspeito.
Plano chega tarde e falha na “gestão operacional”
Alexandre Lourenço, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, considera que o documento “deveria ter sido apresentado em junho” e que o final de setembro “é um momento de decisão e implementação”.
Apesar de ser “interessante” e de merecer uma nota positiva quanto à criação da rede covid e não covid e aos de mapas de risco epidemiológico, “falta gestão operacional“.
“Não diz quais os recursos que vão ser afetos e quais as áreas que vão ficar dedicadas à covid, a partir de que níveis será accionada as unidades free covid ou quantas camas terão”, reagiu, em declarações ao Público.
O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, também ambicionava um plano “mais objetivo”. “Não diz que hospitais vão ser covid free, se é possível fazê-lo só com o SNS ou se haverá apoio do setor social e privado. Que plano excecional vai ter para a recuperação de doentes?”
O responsável aplaude, contudo, a medida que prevê hospitais de retaguarda, sobretudo nas áreas metropolitanas, e admite que os testes rápidos “são muito importantes para quebrar cadeias de transmissão”.
Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, dá nota positiva à revisão do plano a cada dois meses, mas considera que o documento podia ter sido apresentado há mais tempo. Da mesma forma, Diogo Urjais, da Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar, refere a necessidade desta atualização.
Coronavírus / Covid-19
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quase em outubro e ainda se fala em fazer equipas de trabalho para fazer isto e aquilo, para delinear e pensar…
tristeza!
Muito profissional este plano. Deve ter sido pedido a algum amigo da familia Governo!
Estavam à espera de um expert decFacebook, como tu!…
nos outros anos temos n notícias sobre o caos nas urgências por causa da gripe.
este ano mortes por outras causas que não o papão covid194 já são o triplo deste (6mil para as outras, menos de 2000 para o papão).
até ao final do ano e com o caos que se espera e que há muito deveria ter sido resolvido, muitos anos antes do papão covid1984, o excesso de mortalidade deve disparar.
claro está que responsáveis por esta desorganização nunca os haverá, é o habitual.