Plano do Governo para apoiar as famílias tem “muitos truques e engenharias”

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Mário Cruz / Lusa

Luís Marques Mendes

O comentador Luís Marques Mendes considerou no domingo “um exagero” o “coro de críticas” que se levantou ao plano de apoio às famílias do Governo, mas defendeu que este tem “muitos truques e engenharias”.

No habitual espaço de comentário na SIC, afirmou que o plano é positivo, até, na “prudência orçamental”, mas não deixou de notar a desafinação entre o ministro das Infraestruturas e da Habitação de Portugal, Pedro Nuno Santos, e o ministro das Finanças, Fernando Medina, sobre os apoios ao crédito à habitação.

Pedro Nuno Santos “diz que está a ser estudada uma solução, o ministro das Finanças, que estava sentado ao seu lado, não disse nada, mas no dia seguinte disse ‘nem pensar’. Eles são do mesmo Governo, deviam conversar lá dentro antes de falar em público”, apontou.

Sobre o plano, do ponto de vista financeiro é “prudente” e “faz sentido que assim seja. Este plano não vai ser o último e temos uma dívida pública para reduzir. A prudência orçamental é boa conselheira”, indicou.

Nos aspetos negativos, referiu: “a baixa do IVA da eletricidade é um truque. Parece publicidade enganosa. Dá-se a entender que é uma redução generalizada. Não é. É só para parte dos consumos e para a parte mais pequena”.

Mas “o aspeto mais negativo é nas pensões de reforma para 2024. As pensões nesse ano vão baixar a sua base de atualização. O Governo falha duplamente: falha ao penalizar as pensões futuras e falha ao querer fazê-lo à socapa, na base de um truque. O que irrita as pessoas, incluindo apoiantes do próprio Governo”, sublinhou.

Nas pensões futuras, “o Governo não esteve bem, nem na substância, nem na forma. Na substância porque penaliza as pensões a partir de 2024. Os ministros dizem que não haverá cortes. Cortes no sentido literal, não. Cortes face aos direitos adquiridos por lei, claro que sim. E não são pequenos”, notou.

“Na forma é onde o Governo mais falha. Porque não disse a verdade. Nunca disse que haveria uma mudança para 2024. Tentou à socapa mudar a lei, depois de dizer que a cumpria. Quem descobriu a “marosca” foram os jornalistas, economistas e partidos. Este modo de governar não é honesto”, declarou.

Já depois de António Costa ter falado em Leiria, Marques Mendes indicou que “se o primeiro-ministro tivesse dito na segunda-feira” o que disse depois em Leiria “metade da polémica não existiria”. “As pessoas, mesmo não concordando com o discurso, apreciam a verdade”, rematou.

Para o comentador, a novidade do discurso de Costa foi a abordagem direta “à questão das pensões em 2024″, o que significa que o “tema da semana preocupa a sério o Governo, o primeiro-ministro e os próprios socialistas”.

Relativamente ao recém empossado ministro da Saúde, Manuel Pizarro, disse que “é a solução mais desejada pelos médicos, é uma vitória da Ordem dos Médicos e o primeiro passo para fazer a pacificação das corporações do sector. Tem boas condições para o cargo”.

“É uma pessoa que conhece bem o sector da saúde e tem capacidade de diálogo e peso político. Só que para ter sucesso na saúde não basta pacificar. É preciso também reformar. A dúvida reside aqui”, considerou, deixando um “cumprimento a Marta Temido”, a anterior ministra, que disse ter saído “com muita dignidade”.

Sobre a rainha Isabel II, que “não tinha poder político real, mas tinha um poder simbólico e afetivo fortíssimo”, indicou que a monarquia lhe deve “muito” e que esta teve “um reinado exemplar: de sentido de Estado, de serviço público; de referência moral e consenso político”.

“A morte de Isabel II encerra um ciclo no Reino Unido e na Commonwealth. Um ciclo de unidade e coesão. A Rainha foi sempre o cimento dessa unidade e coesão. Isabel II fez do seu exemplo fonte de legitimidade, autoridade e força aglutinadora. É difícil que o novo ciclo seja tão virtuoso quanto este. Basta pensar na Escócia e na Irlanda do Norte e nas suas pretensões de independência”, continuou.

Marques Mendes referiu que “suceder à rainha é fácil, substituir Isabel II é muito difícil”, mas acredita, contudo, que Carlos III pode surpreender: teve “anos de intensa preparação”, experiência que lhe pode ser “de uma enorme utilidade”.

Quanto às comemorações dos 200 anos de independência do Brasil, disse que o chefe de Estado daquele país, Jair Bolsonaro, “demonstrou mais uma vez a sua completa ausência de sentido de Estado”, transformando “num comício eleitoral a celebração nacional da independência”.

“Bolsonaro não ganhou nada com o aproveitamento político das cerimónias da independência. É a conclusão de sondagens realizadas já depois dos eventos”, indicou ainda o comentador.

Taísa Pagno //

6 Comments

  1. O PS no seu melhor como habitualmente: Mentiroso, vigarista.
    Os maus hábitos persistem e o Povo ao longo destes 50 anos ainda Nada aprendeu.
    Lamento pelos outros portugueses que pagam pela mesma moeda.

  2. O PSD perdeu o voto dos Pensionistas durante a Troika quando reduziu as pensões dos Reformados. Vai acontecer o mesmo ao PS se não cumprir com o aumento das pensões em 2023 segundo os valores da inflação de 8%.

  3. Mas ninguém viu o título?
    – “Plano de apoio às famílias do Governo…”
    Ou só mesmo as famílias do Governo vão ser apoiadas, ou os jornalistas escrevem cada vez pior.

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