“London Bridge is down”. Depois de 70 anos no trono, Isabel II morreu

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(h) Buckingham Palace / EPA

A Rainha Isabel II

Rainha desde os 25 anos e a primeira monarca britânica com mais tempo no trono. Isabel II morreu hoje, em Balmoral, junto da família.

Em circunstâncias normais, o trono não lhe estaria destinado, mas a teimosia do seu tio Eduardo VIII em querer casar-se com uma norte-americana divorciada — ditando a abdicação — tornaram o impossível em inevitável. Após um breve reinado de 11 anos do seu pai Jorge VI, Isabel II chegou ao trono com 25 anos, tornando-se chefe de estado de sete países independentes, assim como a chefe da Commonwealth.

Quando Isabel nasceu, a coroa estava no poder de seu avô Jorge V, que foi o primeiro membro da dinastia de Windsor a ser coroado. Isabel era a terceira na linha de sucessão, logo atrás do seu tio Eduardo VIII e do seu pai Jorge VI.

Em 1936, com a morte de Jorge V, Eduardo VIII ascendeu ao trono, mas abdicou em menos de um ano, para casar com a norte-americana divorciada, ficando Jorge VI com o trono, a 11 de dezembro de 1936. Com 10 anos, Isabel tornou-se a primeira na linha de sucessão. A partir de 1951, enquanto o rei esteve doente, a princesa Isabel já o representava em diversos compromissos oficiais.

Apesar da tenra idade, a educação rigorosa que recebeu preparou-a para enfrentar e liderar o país em alguns dos momentos políticos mais marcantes da história (muitos dos quais, dentro de portas. É o caso da independência de alguns territórios na esfera no poder britânico, mas também dos problemas no seio da família real).

Isabel II casou-se com o príncipe Filipe a 20 de novembro de 1947. Isabel e Filipe conheceram-se quando a Rainha tinha 13 anos. O casamento foi realizado na Abadia de Westminster. Da união resultaram quatro filhos: Carlos (presumível herdeiro), André, Ana e Eduardo. Foi com eles (e respetivos casamentos) que Isabel II se viu a mãos com algumas das mais difíceis situações do seu reinado, sobretudo do ponto de vista reputacional.

O ano de 1992, por exemplo, é considerado (e reconhecido pelas palavras da própria) um dos seus annus horribilis. Em apenas 12 meses, a monarca teve que enfrentar a separação do príncipe André de Sarah Fergusson, duquesa de York, o divórcio da princesa Ana de Mark Phillips, a publicação da auto-biografia de Diana, onde está contava de viva voz os problemas do seu casamento, mas também os distúrbios alimentares que enfrentou num passado recente, e, por último, um incêndio que quase destruiu por completo o castelo de Windsor.

Com a morte precoce do seu pai, Isabel II, com 25 anos, assumiu o trono a 6 de fevereiro de 1952. Foi coroada na Abadia de Westminster, a 2 de junho de 1953. Nessa altura, a Rainha já era mãe de Carlos e Ana. Após a coroação, a Família Real passou a residir no Palácio de Buckingham, no centro de Londres.

A 6 de fevereiro de 2012, a Rainha Isabel II comemorou o Jubileu de Diamante – 60 anos de reinado. Foi realizado um espetáculo especial da BBC, com convidados como Paul McCartney, Stevie Wonder, Shirley Bassey, Tom Jones e Kylie Minogue.

A 6 de fevereiro de 2017, celebrou 65 anos de reinado. Foi a única rainha britânica com o Jubileu de Safira. A data também marca o dia da morte do seu pai, Jorge VI.

A dia 6 de fevereiro de 2022, com 95 anos, a Rainha Isabel II completou 70 anos de reinado e comemorou o Jubileu de Platina. Foram realizados vários eventos para festejar a data. As celebrações aconteceram no mês de junho, com a presença dos membros da Família Real, com uma parada militar, corridas de cavalos, uma missa, e aviões da Força Aérea que sobrevoaram o céu de Londres.

Desde que está no poder, Isabel II já viu passar 15 primeiros-ministros britânicos, desde Winston Churchill até Liz Truss, que se demitiu a 7 de julho. De Truman a Bidnn, a Rainha também já conheceu 12 presidentes dos Estados Unidos. Há que recordar um 13º — Harry Truman (1945-1953) –, que a recebeu em Washington ainda como princesa, em outubro de 1951.

O plano após a morte da Rainha, conhecido pelo nome de código “Operação London Bridge”, detalha o que acontecerá nas horas e dias seguintes à morte da monarca. O dia da morte vai ser conhecido como o “Dia D” e os seguintes como Dia D+1, Dia D+2 e assim consecutivamente.

Os documentos revelam que, em primeiro lugar, o primeiro-ministro foi contactado por um funcionário público de que “London Bridge is down” (“A ponte London Bridge caiu”, em tradução livre) e depois foram também informados o secretário de ministério e vários ministros e funcionários do governo.

“London Bridge is down”. Com 96 anos de idade e 70 anos no trono, Isabel II despediu-se da família e do Reino Unido. Carlos vai suceder à Rainha que não era para ser Rainha, mas que usou a coroa mais tempo do que qualquer outro monarca britânico. Terá certamente um mandato mais curto, devido à idade com que é coroado rei, e o tempo de vida que é esperado.

Alice Carqueja e Ana Rita Moutinho, ZAP //

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3 Comments

  1. Parece o fim de uma era. Em poucos dias, Gorbachev e Isabel II. Ficam os homens pequeninos como que manda na Rússia e o que governa o Brasil.

  2. A senhora até era simpática e bem disposta e amada pelos Britânicos. Posto isto não lhe reconheço nenhum legado digno de registo. Ao contrário de Gorbachev, recentemente falecido, e que efetivamente mudou o mundo, assumindo a revolução total no bloco de leste (teria sido mais cómodo para si manter tudo como estava), a Rainha Isabel II pouco ou nada deixa. Ouço sempre as mesmas coisas: geriu bem a família real, uniu a Monarquia, a universalidade da sua imagem… Mas grandes feitos, não lhe reconheço nenhum. Depois, também tem algumas coisas complicadas no seu universo. Contas offshore reveladas nos Panama Papers, um filho acusado de violação de uma menor nos EUA, uma família real de doidos (até o filho mais novo do Príncipe Carlos se pôs de lá para fora, com acusações graves quanto ao funcionamento da família)…
    Como comecei por referir era uma senhora simpática e bem disposta. Paz à sua alma.

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