Elon Musk cria Partido da América

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Elon Musk, fundador e CEO da Tesla e SpaceX, e proprietário do X

O bilionário da tecnologia, que nos últimos meses manteve conflitos públicos com o presidente Donald Trump, anunciou nas redes sociais que vai criar “o Partido da América”.

Acabou oficialmente o suspense. Elon Musk, a pessoa mais rica do mundo e o maior doador político dos EUA, anunciou este sábado no seu X/Twitter que vai formar um novo partido político, o “Partido da América”, com o objetivo declarado de desmantelar o que diz ser o sistema “unipartidário” de republicanos e democratas.

“Quando se trata de levar o nosso país à falência com desperdício e corrupção, vivemos num sistema de partido único, não numa democracia”, escreveu Musk. “Hoje, é formado o Partido da América para vos devolver a vossa liberdade.”

Até à noite deste sábado ainda não tinha sido apresentada documentação para a criação do novo partido, diz o The New York Times. Num post separado, Musk adiantou que o Partido da América estará ativo nas eleições “no próximo ano”.

Na sexta-feira, Musk tinha perguntado aos seus seguidores se deveria ser criado um novo partido político nos EUA. Na sondagem que acompanha a publicação, 65% dos utilizadores respondeu “Sim”.

Musk, até há poucos meses um aliado próximo de Donald Trump, manteve nas últimas semanas uma turbulenta discussão com o presidente americano, de quem se afastou após o anúncio da “Grande e bela lei” tributária que Trump acaba de fazer aprovar no Congresso — e que o CEO da Tesla considera um projeto repugnante.

Segundo o The New York Times, nos últimos dias Musk tem falado com amigos próximos sobre o seu plano de criação de um partido político e o que seria necessário para o conseguir. As discussões têm sido mais conceituais do que pragmáticas, diz a fonte ouvida pelo jornal.

Mesmo que Elon Musk já tenha provado anteriormente que, se necessário, está disposto a usar todos os seus recursos para agirr rápida e dramaticamente, também tem um longo historial de não cumprir promessas.

O fundador e CEO da Tesla e SpaceX, que no início do atual mandato de Trump ajudou o presidente a executar a sua agenda de cortes nos financiamentos governamentais, ficou indignado com o abrangente projeto de lei de política doméstica do presidente.

No mês passado, nas redes sociais, chamou-lhe uma “abominação repugnante“, acrescentando que “aumentaria massivamente o défice orçamental já gigantesco” e que “o Congresso está a levar a América à falência.”

Durante semanas, Musk insinuou que formaria um novo partido político se a legislação fosse aprovada, mas não tinha explicitamente declarado a sua intenção de o fazer até sábado.

O sistema bipartidário é há décadas uma característica definidora da política americana moderna, mas muitos bilionários moderados sonham há muito tempo com a criação de um terceiro partido — que mudaria radicalmente o panorama político dos EUA.

Há no entanto inúmeras barreiras à criação de um novo partido político que tenha de facto influência na política norte-americana, nota o NYT: círculos eleitorais fortemente manipulados, polarização política profunda e leis eleitorais estaduais rígidas, algumas das quais exigem procedimentos de qualificação onerosos e complicados — que provavelmente são um desafio até mesmo para Musk.

Musk doou quase 285 milhões de euros a candidatos republicanos nas eleições de 2024, e financiou a mobilização de votos em Donald Trump nos estados decisivos, mas falhou recentemente a eleição do candidato republicano que apoiava para um lugar no Supremo Tribunal do Wisconsin — mesmo depois de investir mais de 19 milhões de euros na corrida.

Na sexta-feira, Musk escreveu no X que uma estratégia inicial poderia ser apoiar candidatos do Partido da América em apenas duas ou três corridas para o Senado e entre oito e 10 corridas ao Congresso nas eleições intercalares do próximo ano.

Esta estratégia “quebraria o sistema unipartidário” através de uma “força extremamente concentrada num local preciso no campo de batalha”, diz Musk.

Num sistema político muito polarizado, em que o número de representantes dos dois partidos no Senado e Congresso é sempre muito equilibrado, o bilionário não precisaria de ter um partido que o fizesse eleger presidente para conseguir mudar dramaticamente a política norte-americana.

Bastaria a Musk ter um número mínimo de congressistas e senadores para alterar significativamente o equilíbrio de poder entre Republicanos e Democratas.

ZAP //

1 Comment

  1. Mas quem vai votar neste partido? Os conservadores – que preferem os combustíveis fósseis às novas tecnologias? Ou os democratas/progressistas que não apreciam os cortes nas despesas sociais? Não vejo grande futuro para este partido, pelo menos nas próximas 2, 3 décadas.

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