Numa altura em que a Europa volta a ser epicentro da pandemia de covid-19, o País Basco decretou o confinamento da população e França considera impor a mesma medida. Com falta de camas, Bélgica pediu aos Países Baixos para receberem os seus doentes.
O Governo regional do País Basco decidiu confinar esta comunidade autónoma espanhola, assim como todos os seus municípios, a partir das 6h de terça-feira para lutar contra o aumento de casos de covid-19.
Os habitantes da região só podem sair das localidades em que residem por razões autorizadas, como ir trabalhar ou ao médico, estudar ou prestar assistência a familiares que necessitem de cuidados.
O responsável pelo pelouro da saúde do executivo regional, Gotzone Sagardui, anunciou esta segunda-feira as novas restrições, depois da declaração no domingo do estado de emergência em todo país, o que permite tomar este tipo de medidas sem a autorização da justiça.
O País Basco entrou esta segunda-feira numa zona perigosa no que diz respeito à transmissão da covid-19, após ter ultrapassado o nível de incidência acumulada 500 casos diagnosticados por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.
O Governo regional também decretou o recolher obrigatório entre as 23h e as 6h, o mesmo período que tinha sido indicado pelo executivo central espanhol, e foram ainda proibidas as reuniões de mais de seis pessoas.
O País Basco teve até agora 60.511 casos de covid-19 num total de 1.098.320 em todo o país, enquanto o número de mortes foi de 2.039 para um total de 35.031. Esta região espanhola tem cerca de 2,2 milhões de habitantes num total de cerca de 47 milhões em toda a Espanha.
Especialista alerta que França “perdeu o controlo”
Médicos franceses alertaram esta segunda-feira que o seu país “perdeu o controlo da epidemia” de covid-19, um dia depois de as autoridades de saúde terem relatado 52 mil novos casos, enquanto as nações europeias aumentam restrições para reduzir contágios.
Jean-François Delfraissy, presidente do conselho científico que assessora o governo francês sobre o vírus, disse que o país está numa “situação muito difícil, crítica até”.
“Provavelmente existem mais de 50 mil novos casos todos os dias. A nossa estimativa no conselho científico é de cerca de 100 mil. Entre os que não são testados e os assintomáticos, estamos perto desse número de casos. Isso significa que o vírus está a espalhar-se extremamente depressa”, afirmou Delfraissy à rádio RTL.
Eric Caumes, chefe do departamento de infeções e doenças tropicais do hospital Pitié-Salpêtrière, de Paris, disse que o país precisa de ser confinado novamente. “Perdemos o controlo da epidemia, mas isso não data de ontem. Perdemos o controlo da epidemia há várias semanas”, indicou à emissora Franceinfo.
Em França, somam-se mais de 1,1 milhões de casos e 34 761 mortos. O número de óbitos confirmados na Europa ultrapassou os 250 mil, de acordo com uma contagem da Universidade Johns Hopkins, que estima o número global em mais de 1,1 milhões.
Bélgica quer transferir doentes para os Países Baixos
De acordo com o Diário de Notícias, as autoridades sanitárias da Bélgica solicitaram ao governo de Haia para aceitarem a transferência de doentes para os Países Baixos.
O país confirmou o pedido mas, “por enquanto”, não tem lugares vagos do outro lado da fronteira.
Segundo Ernst Kuipers, presidente da National Acute Care Network nos Países Baixos, é “de momento é muito difícil e temos que fazer o nosso melhor para distribuir os nossos pacientes”, segundo a imprensa holandesa.
O dirigente não afasta uma resposta afirmativa ao pedido das autoridades belgas, mas reconhece que seria “muito difícil acomodá-los”, principalmente porque “ambos os países enfrentam um enorme desafio”.
Os Países Baixos registaram 13.192 novas infeções nesta segunda-feira e uma taxa de infecção de 1755.4 por 100 mil habitantes.
Já na Bélgica, o número de casos diários ultrapassa os 15 mil. Mais de 4.800 pessoas estão internadas e perto de 760 dependem de terapia intensiva.
O problema centra-se principalmente no sul do país, na região de Liège. Porém, a transferência para os hospitais da Flandres está afastada, uma vez que esta região norte do país está a “10 dias de distância” de atingir a média do restante território.
Em Bruxelas, a partir desta segunda-feira é proibido sair à rua entre as 22h e as 6h e governo decretou novamente a utilização de máscara como medida obrigatória.
Europa é epicentro, mas pode evitar confinamento
A Europa é novamente o epicentro global da pandemia da covid-19, mas podem ser tomadas medidas para evitar recorrer outra vez ao confinamento, afirmaram esta segunda-feira especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“A Europa é mais uma vez o epicentro da doença, mas ainda podemos reverter esta tendência”, disse o diretor de emergências sanitárias da OMS, Mike Ryan, que pediu “maiores sacrifícios” e que se siga o exemplo de países que conseguiram evitar novas ondas da covid-19.
A diretora técnica da OMS para a covid-19, Maria Van Kerkhove, acrescentou que os especialistas “ainda têm a esperança de que não sejam necessários novos confinamentos nacionais”, como aqueles implementados na primavera no hemisfério norte e que se possa controlar as cadeias de transmissão com outras ferramentas como o rastreio de contactos.
“Os países da Europa conseguiram controlar a doença na primavera e no verão, podem voltar a fazê-lo e vão fazê-lo“, afirmou a especialista norte-americana, que destacou que o confinamento em massa das populações pode ser evitado “se todos fizerem a sua parte e fizerem sacrifícios individuais”.
Tais sacrifícios, sublinhou, vão desde evitar lugares lotados a adiar grandes encontros, “decisões difíceis que devem ser tomadas para reduzir a exposição”.
Maria Van Kerkhove também afirmou que “deve ser tudo feito para manter as escolas abertas”, depois de a primeira vaga da pandemia ter obrigado a encerrar os estabelecimentos de ensino durante vários meses.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou por sua vez que a organização “compreende o cansaço físico e mental” que a pandemia está a causar em algumas sociedades que tiveram que trabalhar mais em casa, não puderam organizar grandes celebrações em grande parte do ano ou nem sequer tiveram a possibilidade de dizer adeus aos entes queridos que faleceram.
“O cansaço é real, mas não devemos desistir”, sublinhou, pedindo aos líderes políticos que façam todos os possíveis para proteger os profissionais de saúde e evitar que os hospitais e unidades de cuidados intensivos atinjam o limite da sua capacidade.
Na Europa, o maior número de vítimas mortais regista-se no Reino Unido (44.896 mortos, mais de 873 mil casos), seguindo-se Itália (37.479 mortos, mais de 542 mil casos), França (34.761 mortos, mais de um 1,1 milhões de casos) e Espanha (35.031 mortos, mais de 1,098 milhões de casos).
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
-
4 Fevereiro, 2024 O fim do mundo: 6 teorias populares
-
11 Janeiro, 2024 Ninguém fala disso, mas circula um surto enorme de COVID
Está tudo fora de controlo, na China quer na doença, quer na economia parece tudo ir de vento em popa, porque será?
Simples, posições diferentes frente Pandemias. E não é só a China, Singapura, Taiwan, Japão… etc. A economia boa, é uma consequência da do controlo sanitário.