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PCP fala em “contas erradas”, BE em orçamento “insuficiente” (e não sabem o que o outro vota)

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António Cotrim / Lusa

O Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português, os dois ex-parceiros do Governo, têm de decidir agora se vão dar a mão ao Executivo de Costa no primeiro Orçamento de Estado da legislatura. Porém, nenhum sabe qual será a opção do outro.

Na sexta-feira, ambos os partidos tiveram reuniões com António Costa, numa última tentativa de aproximar posições antes do voto na generalidade. No Bloco de Esquerda, a decisão estava prometida para este sábado, numa reunião da Mesa Nacional do partido, sendo que não é certo que dali saia um sentido de voto completamente definido. Já no PCP, ainda está tudo em aberto: não há prazo para decidir como será votado o OE.

No entanto, de acordo com o semanário Expresso, o BE e o PCP não se sentam à mesa juntos e, por isso, segundo fonte do partido de Catarina Martins, “não fazem ideia” do que o outro vai fazer.

A decisão será mesmo assim: às escuras. Em relação ao Orçamento de Estado, o PCP começou por deixar alertas ao Governo, tendo Jerónimo de Sousa avisado na sua mensagem de ano novo que na política “há escolhas” e que essas não devem ser de fazer “contas certas” com os grandes grupos económicos, mas de “contas erradas” com o povo português. Por outro lado, o BE começou por assumir uma posição mais aberta à negociação.

“Com o acordo escrito era previsível o que cada um ia fazer, o que o PCP ia fazer. Agora não fazemos ideia”, explicou ao Expresso fonte bloquista. “Com exceção de alguma coisa nas pensões, não há nada de aproximação. É muito insuficiente, a não ser que haja uma novidade de última hora”.

Até agora, os passos que o Governo foi anunciando no sentido de caminhar para um entendimento com os ex-parceiros parecem “muito pouco”. “Há uma quase inexistência de passos dados no sentido de colmatar as falhas, e o OE é muito limitado porque não pode negociar aumentos de pensões com o PCP e baixa do IVA com o BE”, explicou a fonte ao mesmo semanário.

Com isto, o BE fica com menos argumentos para viabilizar o documento. Porém, a dúvida permanece, porque terá de decidir sem saber o que o PCP fará.

Na sexta-feira, o líder parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares, resumiu a atual situação a um “marasmo” de “calculismo partidário” num artigo de opinião no jornal Público, acusando o Governo de estar mais empenhado no plano B — a aprovação sem os antigos parceiros.

A proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2020 entrou na Assembleia da República em 16 de dezembro, começa a ser discutida em plenário na generalidade na quinta-feira, sendo votada no dia seguinte, na sexta-feira.

ZAP //

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2 Comments

  1. Nesta legislatura vamos mesmo ter aquilo que antes aplidamos de Geringonça…
    Se no passado houve apetite dos partidos de esquerda PCP e BE assumirem algum protagonismo abanando, para isso, “as orelhas” ao PS agora, parece que, vamos ter algum dramatismo obrigando mesmo o PS a ir a o tão odiado PSD “buscar ajuda” para num plano B tentar aprovar o orçamento.

    Vamos ver “como rola”…
    No passado recente fomos exemplos para outros paises pela forma como um governo minoritário desenvolveu a sua legislatura mas agora parece que vamos imitar, tal como muitas vezes no passado, os exemplos de outros paises como por exemplo Espanha que salta de eleição em eleição…

  2. Este Pedro Filipe Soares, se não fosse tão séria a situação que o País se encontra dava para rir diz ele, que a atual situação a um “marasmo” de “calculismo partidário” então e o que é que o PCP e o BE tem feito desde há muitos anos até hoje não tem sido oportunismo partidário? Quando lhes interessa juntam-se ao PPD e ao CDS, quando lhes convém juntam-se ao PS, como se algum partido que está na A.R. não andassem com calculismos para chegarem ao poleiro, se um dia o PS acabar o PCP e o BE acabam também não tem a quem, atacar, atenção que não sou de nenhum clube politico mas sou bom observador e tenho observado ao longo dos anos só oportunismo politico sobre como resolver a situação em que nos encontramos nenhum deles fala, o PCP e o BE querem mais dinheiro para tudo mas não dizem é onde o ir buscar isso ia mexer nas clientelas politicas é mais fácil os contribuintes carregarem mais impostos.

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