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Costa recebe PCP e Bloco em São Bento. Orçamento do Estado “está no fio da navalha”

António Cotrim / Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, recebe esta sexta-feira o Bloco de Esquerda e o PCP, em São Bento, reuniões que se destinam a encontrar pontos de consenso para a viabilização do Orçamento do Estado para 2020 (OE2020).

Fonte do Governo adiantou à agência Lusa que estas reuniões se inserem “na série de encontros já mantidos pelo primeiro-ministro, assim como ao nível ministerial”, com os partidos parlamentares de esquerda (Bloco, PCP, PEV e Livre) e com o PAN sobre a proposta de Orçamento do Estado do próximo ano.

“Desde o início de novembro, esta será a terceira vez que o primeiro-ministro recebe os líderes dos partidos à esquerda do PS. Estas reuniões têm produzido resultados em concreto, caso da carta enviada à Comissão Europeia sobre redução do IVA da eletricidade ou de medidas para aumentos de pensões”, frisou a mesma fonte.

Estas reuniões, na sexta-feira, com os líderes do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e do PCP, Jerónimo de Sousa, terão um caráter estritamente de trabalho, não estando previstas nem a recolha de imagens nem declarações à comunicação social.

Bloco avisa: “OE está no filho da navalha”

Numa artigo de opinião publicado esta sexta-feira no jornal Público, o Bloco de Esquerda deixa uma espécie de aviso ao Governo de António Costa, afirmando que a aprovação à esquerda do OE2020 está no “fio da navalha”.

“É possível endireitar o que nasceu torto? É preciso pousar a máquina do calculismo partidário para passar a discutir as soluções que o país precisa, sem fantasmas de maiorias absolutas falhadas ou orgulhos feridos. As pessoas assim o exigem. Será possível?”, questiona o líder parlamentar do Bloco, Pedro Filipe Soares.

No entender do representante bloquista, , “está tudo errado” nas contas que têm vindo para a aprovação do OE2020. “António Costa dizia que queria conversar com Bloco de Esquerda e PCP as condições para a aprovação do Orçamento do Estado para 2020, mas fez questão de tornar público que já estava a trabalhar num plano B para o aprovar com os votos do PAN e do PSD Madeira e uma abstenção do Livre”.

“Diz o povo que quem é prevenido vale por dois, mas essa ideia nem sempre é válida na política. Quem anuncia assim um plano B é porque já deixou de estar empenhado no plano A? Se esta dúvida era legítima antes da apresentação da proposta do Governo para o orçamento de 2020, depois de conhecermos esse documento já não é uma dúvida, é uma certeza”, pode ler-se no artigo publicado no diário.

Pedro Filipe Soares escreve ainda que a proposta elaborada pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, é “insuficiente, porque falha no essencial: não tem um desígnio (…) Sem ideias, resume-se a um objetivo contabilístico: o superávit”, critica.

O tempo de negociações entre Governo e bloquistas esta a esgotar-se. Depois da reunião desta sexta-feira, a Mesa Nacional do Bloco de Esquerda vai decidir o voto no documento na generalidade, tal como recorda o semanário Expresso.

A proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2020 entrou na Assembleia da República em 16 de dezembro, começa a ser discutida em plenário na generalidade na quinta-feira, sendo votada no dia seguinte, na sexta-feira.

ZAP // Lusa

 

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