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Nobel da Economia demitiu-se do comité de investigação dos Panama Papers

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Andrew Newton / Flickr

Joseph Stiglitz, Nobel da Economia de 2001

Joseph Stiglitz, Nobel da Economia de 2001

O Prémio Nobel da Economia Joseph Stiglitz demitiu-se do comité internacional criado após o escândalo dos Papéis do Panamá para investigar o sistema financeiro do país porque o governo panamiano recusou comprometer-se a divulgar o resultado da investigação.

Além de Joseph Stiglitz, também o especialista em direito penal suíço Mark Pieth renunciou ao cargo que desempenhava no comité criado para investigar os Panama Papers.

As demissões foram anunciadas esta sexta-feira pelo governo do Panamá, num comunicado em que afirma “compreender ambas as renúncias como diferenças internas sobre as quais não vai entrar em pormenores”.

O comité foi criado a 30 de abril pelo governo de Juan Carlos Varela para avaliar as práticas dos serviços financeiros do Panamá, depois da revelação dos Panama Papers, um acervo de 11,5 milhões de documentos da sociedade de advogados Mossack Fonseca.

Os documentos, que foram divulgados pelo ICIJConsórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, mostram a utilização em grande escala de empresas em paraísos fiscais para esconder rendimentos dos ricos e poderosos.

A televisão local TVN divulgou na sexta-feira uma carta de um outro membro do comité, o economista costa-riquenho Roberto Artavia, segundo a qual Stiglitz se terá demitido em protesto pela falta de transparência do governo, que recusou comprometer-se a divulgar as conclusões da investigação do comité.

Os estatutos do comité explicitam que o governo do Panamá tem autoridade exclusiva sobre o conteúdo dos trabalhos e que os membros do comité se comprometem a não divulgar os resultados.

Outro membro do comité, o ex-administrador do Canal do Panamá Alberto Alemán, escreveu na sua conta no Twitter que a renúncia de Stigltiz e Pieth ocorreu “por quererem criar um caso mundial à volta dos PanamaPapers”.

“Não foi isso que nos foi pedido, atuamos de forma independente e transparente”, afirmou Alemán.

Joseph Stiglitz, professor na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, foi distinguido com o Nobel da Economia em 2001.

Em abril deste ano, o ICIJ revelou milhares de documentos sobre empresas criadas em paraísos fiscais e quantias enormes de dinheiro pertencentes a políticos, empresários, futebolistas e celebridades.

Chefes de Estado e de Governo em exercício e reformados, políticos, grandes empresários, desportistas de elite, actores e artistas de prestígio mundial figuram como titulares ou ligados a empresas de fachada em offshores.

O caso, que foi baptizado de Panama Papers, foi investigado durante um ano por cerca de 400 jornalistas em 80 países e já é considerado a maior fuga de informação dos últimos anos.

No entanto, após uma primeira fase durante a qual vários casos foram sendo divulgados pela comunicação social, o caso parece ter perdido fôlego.

Com efeito, desde o dia 20 de maio que a única notícia relevante sobre o caso é que vai dar um filme.

E à medida que o tempo passa, parece ganhar força a ideia de que a montanha vai parir uns quantos ratos – ainda assim, uns maiores que outros.

Resta portanto continuar a confiar nas promessas dos órgãos de comunicação que fazem parte do consórcio que investiga o caso, que garantem que “o mais importante ainda está para vir”.

ZAP / Lusa

1 Comment

  1. Quando existe alguém que faz um trabalho realmente sério vêem os políticos para manipular a coisa. Depois esperam confiança por parte dos cidadãos.

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