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A ala sanitarista e a política divergem. Matriz de risco domina reunião no Infarmed

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José Sena Goulão / Lusa

Esta sexta-feira, peritos, políticos e parceiros sociais voltam a reunir-se para avaliar a situação da pandemia no país. É esperada uma revisão dos critérios da matriz de risco que determina o ritmo do desconfinamento.

O Presidente da República, o primeiro-ministro, o presidente da Assembleia da República, a ministra da Saúde e os representantes de partidos voltam a reunir-se com peritos sobre a evolução da pandemia em Portugal e as novas regras a adotar no verão.

Esta será a primeira reunião entre políticos e especialistas desde que terminou o estado de emergência em 30 de abril.

A revisão da matriz de risco é uma novidade esperada nesta reunião, depois de nas duas últimas semanas se ter assistido a um agravamento da situação epidemiológica, sobretudo na região de Lisboa, que vai entrar em situação de alerta no plano de desconfinamento em curso.

Na conferência de imprensa no final da reunião de Conselho de Ministros de quinta-feira, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, deixou o alerta de que o país se aproxima da zona amarela na atual matriz de risco, pedindo aos portugueses o reforço da prevenção.

Do ponto de vista da Saúde, as linhas vermelhas não devem ser alteradas já; mas primeiro-ministro e Presidente da República defendem que é preciso acelerar o desconfinamento.

Segundo o Expresso, a ala mais sanitarista, com sede no Ministério da Saúde, tem dúvidas de que se deva avançar no início de junho com uma nova matriz de risco; enquanto António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa consideram que se deve ter em conta a taxa de vacinação e não tanto a incidência da covid-19.

A ala política entende que, uma vez que os grupos de maior risco estão mais protegidos, faz sentido alterar a matriz de risco. Mas o Ministério de Marta Temido, mais cauteloso, defende que tudo tem de continuar a ser feito para impedir uma nova vaga, mesmo que menos grave e sem pressão sobre os hospitais.

O semanário avança que, no grupo de peritos que definiram as linhas vermelhas parece haver consenso no sentido de se manter a matriz de risco como está por mais algum tempo, até que seja atingida uma taxa de vacinação mais elevada nos vários grupos etários.

Acho prematuro e precipitado estar já a fazer alterações à matriz, às linhas vermelhas e aos critérios que as acompanham. Bastam mais uns dois meses até ser mais seguro, quando se atingirem os 70% da população vacinada”, disse Manuel Carmo Gomes, um dos membros deste grupo de peritos.

“Estamos mesmo a meio da transição entre um paradigma de evitar óbitos e proteger o SNS, e um outro em que se tem um SNS totalmente protegido sem correr risco de um novo aumento de casos. Já temos o SNS protegido, mas ainda pode haver aumento de infeções porque a população ativa, o principal motor da transmissão, não está vacinada”, justificou.

O Expresso sabe que, mesmo com alterações nos indicadores, a filosofia da quadrícula será para manter, já que permite ao país perceber de forma clara como está a evoluir o controlo da pandemia e, desta forma, sinalizar o Governo, a quem cabe, em conjunto com os especialistas, adotar medidas.

Há várias hipóteses em cima da mesa, como mudar os indicadores ou alterar os patamares de risco dos critérios atuais (no Governo defende-se esta última). Apesar disso, os peritos consideram arriscado deixar subir a incidência da covid-19.

A atual matriz de risco é composta por dois critérios, o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus e a taxa de incidência de novos casos de covid-19 por cem mil habitantes a 14 dias, indicadores que têm servido de base à avaliação do Governo sobre o processo de alívio das restrições iniciado a 15 de março.

Partidos e governantes voltam a ouvir esta sexta-feira os peritos na reunião no Infarmed. Depois disso, o Executivo de António Costa decidirá o que fazer na próxima semana.

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

1 Comment

  1. “Estamos mesmo a meio da transição entre um paradigma de evitar óbitos e proteger o SNS, e um outro em que se tem um SNS totalmente protegido sem correr risco de um novo aumento de casos.” É… E ninguém pensa que, no futuro, haverá milhares de pessoas a sofrer das sequelas. Mas isso não interessa. Desde que haja poucos mortos e não haja pressão sobre o SNS, tá tudo bem. E ninguém vê que o que aqui está é uma única preocupação. DINHEIRO! “Vamos lá ver se não gastamos muito com os internamentos”. Ninguém está realmente interessado na saúde dos portugueses. ”
    Já temos o SNS protegido, mas ainda pode haver aumento de infeções porque a população ativa, o principal motor da transmissão, não está vacinada”. Hmmmm…. Então, se calhar, deveria ter sido a população ativa, das primeiras a serem vacinadas, não? É… As coisas eswtão tão clras á frente de toda a gente e… ninguém que ver… porque não quer. Não é económicamente viável. Vamos lá alterar a matriz de risco (que não é assim tão “eficaz como isso) porque Lisboa e Vale do Tejo não pode recuar no confinamento!

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