Lucília Gago também fez uma fuga orquestrada

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Filipe Amorim / LUSA

A procuradora-geral da República, Lucília Gago, à saída da audição no Parlamento

Procuradora-geral da República esteve cerca de 1h30m na Assembleia da República, mas diversas perguntas ficaram sem resposta.

A ministra da Justiça, Rita Júdice, falou sobre uma “fuga orquestrada” na terça-feira, na sua primeira conferência de imprensa sobre o que aconteceu na prisão de Vale de Judeus.

A procuradora-geral da República (PGR), Lucília Gago, também fez uma fuga orquestrada, no dia seguinte.

Nesta quarta-feira, Lucília Gago foi ao Parlamento, a uma audição na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

Os dois assuntos mais “quentes” – embora não tendo sido os únicos – seriam a Operação Influencer e a “campanha orquestrada” contra o Ministério Público, que a própria denunciou.

Sobre o primeiro assunto, que no fundo mudou o rumo político do país (quando António Costa se demitiu), Lucília Gago fugiu às perguntas. Apesar da insistência de alguns deputados.

No segundo assunto, repetiu-se o verbo “orquestrar”.

Fabian Figueiredo, do Bloco de Esquerda: “Explique à comissão de que forma se manifesta essa campanha e quem está a orquestrar – porque, ela a existir, é grave”.

Joana Mortágua, do mesmo partido: “É natural que, quando a procuradora fala, o país ouça. Disse que havia uma campanha orquestrada contra o Ministério Público, e o país ouviu; mas depois não conseguiu mais esclarecimentos”.

Paulo Muacho, do Livre: “De quem é que está a falar? Quem é que tem estes pérfidos desígnios? Quem está a orquestrar estas campanhas contra o Ministério Público?“.

João Almeida, do CDS-PP: “As pessoas não ouvem, não sabem quem é que poderá ter orquestrado essa campanha“.

Lucília Gago nunca respondeu. Fugiu de forma orquestrada.

Mesmo com a presença da segunda maior figura do Estado. O presidente da Assembleia República, Aguiar-Branco, fez questão de ir a esta audição. Mesmo não fazendo qualquer pergunta, obviamente.

Do que falou, a PGR centrou-se nas escutas: menos um terço entre 2015 e 2023, realizadas agora em menos de 1,5% dos inquéritos, e revelou que no ano passado foram registadas 10.553 escutas.

Também assegurou que não anda a fugir ao Parlamento: “Esta é a quarta vez desde o início do meu mandato que me encontro a ser ouvida na Assembleia da República, correspondendo a solicitações”.

Lucília Gago desvalorizou também o facto de o relatório do Ministério Público só ter sido publicamente divulgado em Agosto (assunto que originou esta audição), quando o prazo previsto é 31 de Maio; lembrou atrasos no mandato da sua antecessora, Joana Marques Vidal.

De resto, até brincou, quando a presidente da comissão Paula Cardoso (PSD) lhe disse que tinha 15 minutos para responder, com tolerância, após a primeira ronda de (muitas) perguntas: “Nem 15 horas dariam para responder adequadamente. Vou tentar falar sobre os temas que me parecem ser essenciais esclarecer”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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5 Comments

  1. Como é possível que a Sr.ª Procuradora-Geral, Lucília Gago, que provocou uma grave crise política em conjunto com o Sr.º Presidente da República, Marcelo Sousa, e que está a trazer graves consequências para Portugal e os Portugueses ainda não se demitiu do cargo ou foi demitida?

    O Presidente Rui Rio tem toda a razão.

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  2. Esta personagem tenebrosa ainda não tem 70 anos e parece 80. Devia ter vergonha do legado vergonhoso que deixa. Nunca um ou uma Procuradora interferiu tanto na vida política do país.

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  3. Eu bato palmas à Lucília Gago. Uma grande mulher, com coragem para lutar pela verdadeira justiça. Em vez disso, podia fazer como tantos outros: fechar os olhos, manter-se quieta e nada fazer. É isso que os corruptos esperam. E pelos vistos, até o Zé Povinho prefere assim.
    Precisam de explicações para a expressão “campanha orquestrada”? Só não vê e não percebe quem não quer. Ou mentalmente cego.

    Mas pronto, vamos continuar a fazer de conta que tudo está bem, que a nossa justiça está de boa saúde, que uma fotocópia é apenas uma fotocópia, que o chão escuro é tijoleira, que é banal sobrinhos taxistas depositarem milhões em contas secretas de tios ou até guardar 75.800€ escondidos pelas estantes no local de trabalho. Quem nunca?

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