Portugal desilude e complica o apuramento. Segue-se a França. Itália, Bélgica e Países Baixos nos oitavos-de-final. O Campeonato da Europa visto da Linha de Fundo.
Na corda bamba
Portugal – Alemanha (2-4)
Derrota lusa pesada, mas sem qualquer margem de contestação. Desnorte tático total do campeão da Europa.
Estranhamente a Seleção de Portugal mostrou total incapacidade para travar o adversário, não conseguindo ter bola, nem argumentos para discutir o jogo. Esteve sempre subjugada aos alemães. Recuou em demasia, não causou dano, esteve sem inspiração. Passou muito tempo a ver a Alemanha fazer o que bem entendeu.
A formação portuguesa nunca esteve preparada para as ideias de jogo dos alemães. A Alemanha foi melhor.
Portugal precisa de analisar o que correu mal e corrigir na terceira jornada com a França. Esse é o momento do tudo ou nada. Não dependendo de terceiros, pode vir a precisar da calculadora, depois dos cálculos mal feitos frente aos alemães.
A derrota com a Alemanha foi um enorme amargo de boca, temeu-se um descalabro, não deixando de ser enigmático que até seria possível fazer o que se esperava. Na parte final do jogo viu-se Portugal, se quiser, a conseguir dividir e condicionar as equipas mais poderosas do Mundo.
Agora se Portugal vencer a França na quarta-feira garante desde logo um lugar nos oitavos de final. Nesse cenário fica apenas uma dúvida: se como primeiro ou segundo classificado, dependendo do que suceder no jogo da Alemanha.
O empate também pode ser suficiente. Um ponto pode bastar para Portugal ser segundo classificado no grupo F ou um dos quatro melhores terceiros classificados.
E se Portugal perder com a França? Mesmo assim pode seguir para os oitavos, caso a Hungria não vença a Alemanha. E depois é fazer as contas e ver se Portugal é um dos quatro melhores terceiros classificados. Tal como em 2016.
Oxalá que prevaleça e vingue a qualidade que a Seleção portuguesa tem, não sendo preciso passar 90 minutos agarrados à calculadora.
Venha a França. O campeão do Mundo foi surpreendido pela Hungria (1-1). A jogar na Puskás Aréna e empurrados por 50 mil adeptos, os húngaros fizeram das fraquezas forças, entrando na última jornada com possibilidades de apuramento. Uma surpresa.
A França foi melhor, mas faltaram soluções para derrubar a muralha húngara. Um filme já visto no jogo com Portugal. Fica tudo em aberto para a última jornada da Fase de Grupos.
Calendário:
Portugal – França (23 de junho, 20h00, Puskás Aréna, Bupadeste)
Alemanha – Hungria (23 de junho, 20h00, Allianz Arena, Munique).
Destino: Wembley
Fase de Grupos – 2.ª Jornada
Grupo A
Itália – Suíça (3-0)
De três em três. Temos candidato. A Itália foi a primeira equipa a qualificar-se para os oitavos de final da competição. Depois de ter vencido a Turquia (0-3), a equipa comandada por Roberto Mancini alcançou a segunda vitória e pelo mesmo resultado.
Uma excelente dinâmica ofensiva, um empolgante meio-campo, com Jorginho em destaque, tal como um elevado nível tático, fazem desta equipa um poderoso adversário. Cuidado com esta Itália.
Turquia – País de Gales (0-2)
Gareth Bale e Aaron Ramsey arrasaram os turcos, num jogo de muita qualidade dos galeses. A Turquia somou a segunda derrota e voltou a evidenciar muitos problemas, apresentando-se desconcentrada, principalmente ao nível defensivo.
Grupo B
Finlândia – Rússia (0-1)
Aleksey Miranchuk resolveu o jogo com um grande golo, Golovin faz a equipa mexer e Dzyuba trabalha de forma incansável. Um trio em evidência na primeira vitória russa. A Finlândia, que podia já chegar aos oitavos-de-final, arriscou pouco.
Dinamarca – Bélgica (1-2)
A Bélgica já está apurada para os oitavos-de-final, mas teve que dar a volta a uma boa entrada dos nórdicos que logo aos dois minutos já estavam a ganhar. Só na segunda parte é que a formação belga conseguiu contrariar um poderoso e valoroso adversário, principalmente na primeira parte.
Foi decisiva a entrada de Kevin de Bruyne. Entrou após o intervalo, assistiu com muita classe Thorgan Hazard aos 55 minutos para o empate e faz a reviravolta aos 71 minutos com um forte remate. Trouxe orientação à equipa belga e deu-lhe o brilho que faltava.
Este foi o jogo que teve uma interrupção muito especial para homenagear o futebolista Christian Eriksen, que caiu inanimado no mesmo Parken Stadium há cinco dias.
Durante um minuto, jogadores, treinadores, bancos de suplentes, equipa de arbitragem e espetadores, muitos com cartazes e mensagens de incentivo, pararam para bater palmas ao jogador do Inter de Milão.
Grupo C
Ucrânia – Macedónia (2-1)
Bom jogo, onde já se viu mais da equipa ucraniana. Melhorias em relação ao jogo de estreia e três pontos conquistados. A Ucrânia assumiu mais riscos, acabado por ser premiada. Quanto aos macedónios, ainda com zero pontos, voltaram a mostrar muita raça, com Goran Pandev em destaque.
Países Baixos – Áustria (2-0)
Alta rotação holandesa, segunda vitória e garantidos os oitavos-de-final. Excelente dinâmica, ideia de jogo atrativa, com destaque para o brilhante meio-campo. Wijnaldum e Frenkie de Jong estiveram soberbos. Tem sumo esta laranja.
Com o triunfo frente à Áustria, a seleção orientada por Frank de Boer passou a fase de grupos de um Europeu pela primeira vez em 13 anos!
Grupo D
Inglaterra – Escócia (0-0)
Um jogo à moda antiga. Não foi um primor, mas agarrou os adeptos de um futebol solto e sem preocupações táticas. O dérbi britânico mostrou uma Inglaterra com falta de ideias, sem inspiração, ausência do sentido de equipa e um treinador a deixa muito a desejar.
Os escoceses apresentaram melhoras, foram mais rigorosos a defendera, mais agressivos e mais perigoso. O selecionador da Escócia mexeu e teve mérito pelo empate alcançado.
Croácia – República Checa (1-1)
Jogo desinteressante, demasiado equilibrado só poderia dar em empate. Os checos foram competentes. Faltou capacidade ofensiva aos croatas, a qualidade está lá, mas não se revela em campo.
Grupo E
Suécia – Eslováquia (1-0)
Futebol muito mal tratado neste jogo. Partida que se arrisca a ser uma das piores deste Europeu. A seleção sueca acabou por ser feliz e sair satisfeita de São Petersburgo depois de ganhar pela margem mínima graças a um golo de penálti de Emil Forsberg.
Espanha – Polónia (1-1)
Os polacos treinados por Paulo Sousa com motivos para celebrar um ponto conquistado, enquanto que os espanhóis bem podem voltar a lamentar mais dois pontos perdidos.
Esteve segura a Polónia na defesa e pragmática no ataque. A Espanha teve bola, como tanto gosta, criou oportunidades, mas voltou a não ser objetiva na hora da finalização. Até um penálti desperdiçou.