O jornalista saudita Jamal Khashoggi está desaparecido desde dia 2 de outubro, depois de ter entrado no consulado da Arábia Saudita em Istambul. As autoridades turcas obtiveram ontem autorização para revistar o consulado, mas tal ainda não aconteceu.
Jamal Khashoggi, correspondente saudita do The Washington Post e um dos mais proeminentes jornalistas, crítico ao regime Ryad, ia casar-se na quarta-feira, dia 3 de outubro. Na véspera do seu dia D, entrou no consulado da Arábia Saudita em Instambul para levantar um documento necessário para a cerimónia e não voltou a sair pela porta por onde entrou.
A noiva, Hatice Cengiz, esperou 11 horas por Khashoggi, mas nunca mais o voltou a encontrar. Nem mesmo à sua espera no altar – ainda que a representação diplomática saudita garanta que o jornalista saiu do edifício pouco depois.
“Apesar de a minha esperança estar lentamente a desaparecer, continuo a acreditar que Jamal ainda está vivo“, escreveu esta quarta-feira num texto publicado no The Washington Post.
“Talvez esteja simplesmente a tentar esconder-me do pensamento de que perdi um grande homem cujo amor tinha conquistado”, continuou. Cenziz apelou ainda ao Presidente americano, Donald Trump, e à primeira-dama, Melania, para “ajudarem a esclarecer o desaparecimento de Jamal”.
Membros dos serviços de segurança turcos disseram ao The New York Times, à Reuters e a vários jornais turcos que o jornalista foi assassinado nas duas horas e meia a seguir a entrar no consulado e o seu corpo terá sido desmembrado ali mesmo. “É como no filme Pulp Fiction”, afirma um “alto responsável da segurança turca”.
O relato resulta das afirmações destes responsáveis turcos, polícias e membros dos serviços secretos, e ainda das informações avançadas pelos meios de comunicação turcos. A ser verdade, Khashoggi foi morto por uma equipa de 15 agentes sauditas que aterraram em Istambul divididos em dois aviões ao longo do dia do desaparecimento. Todos eles abandonaram a Turquia horas depois.
Segundo o Público, estes homens já foram todos identificados. A Turquia relacionou a maioria com o Governo da Arábia Saudita e com os serviços de segurança do país, incluindo um perito em autópsias, “presumivelmente presente para ajudar a desmembrar o corpo”, diz um responsável citado pelo Times.
Recep Taiyyp Erdogan, Presidente turco, terá sido informado no sábado destas conclusões, tendo ordenado “a responsáveis que falassem sob anonimato a uma séria de media, incluindo o New York Times, dizendo que Khashoggi foi morto dentro do consulado”.
O Sabah, um jornal muito próximo de Erdogan, escreveu esta terça-feira que as autoridades estão a investigar a possibilidade de o jornalista ter sido raptado e não morto, num sinal de que Ancara pode não querer acusar explicitamente Riad.
Enquanto isso, as televisões turcas divulgam imagens de câmaras de vigilância que mostram os 15 sauditas no aeroporto e a chegar ao consulado, assim como quatro viaturas que deixaram o edifício.
No entanto, Kemal Ozturk, colunista de um jornal que segue a linha oficial e antigo diretor de uma agência de notícias, disse a uma televisão pré-Erdogan que “há um vídeo do momento em que ele foi morto”.
Khashoggi era editor do al-Watan, um jornal na Arábia Saudita, mas vivia fora do país desde o ano passado num exílio auto-imposto por temer pela sua segurança. O jornalista escrevia regularmente artigos de opinião para o The Washington Post em que denunciava a perseguição das autoridades sauditas a ativistas, além de criticar a intervenção do regime na guerra do Iémen.
ZAP // RFI
Tudo boa gente esses sauditas.
O Trump diz que sim!…