Suspeito de assassinar Jamal Khashoggi detido em França

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Erdem Sahin / EPA

A polícia francesa deteve esta terça-feira um homem suspeito de fazer parte do grupo que assassinou o jornalista saudita Jamal Khashoggi em 2018, no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia.

Segundo próximas do caso, os investigadores procuram agora confirmar se o detido, com passaporte em nome de Khalid Alotaibi, é efetivamente o suspeito com o mesmo nome procurado pela Turquia e sancionado pelos Estados Unidos devido à morte de Jamal Khashoggi, cuja morte, em 2018, desencadeou uma onda de indignação global.

A embaixada da Arábia Saudita em Paris alegou entretanto que o cidadão preso não tem qualquer ligação com o caso, acrescentando que o reino aguarda “a sua libertação imediata”. Segundo a representação diplomática, “a justiça saudita já condenou todos os que participaram no hediondo assassinato”.

Em setembro de 2020, um tribunal da Arábia Saudita anulou as cinco sentenças de morte emitidas após um julgamento à porta fechada no país, reduzindo a pena dos condenados para 20 anos de prisão.

O suspeito foi detido pela polícia francesa esta terça-feira com base num mandado de prisão emitido pelas autoridades turcas, quando se encontrava prestes a embarcar num um voo no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, com destino a Riad, capital da Arábia Saudita.

Khalid Alotaibi é um dos 26 sauditas acusados à revelia pela Turquia num julgamento que teve início em outubro de 2020. Se for condenado, poderá ser condenado a prisão perpétua.

Dois dos 26 julgados à revelia pelo assassinato são ex-assessores do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman. Nenhuma autoridade saudita foi até agora levada pessoalmente à Justiça na Turquia pelo caso Khashoggi.

Alotaibi é ainda uma das 17 pessoas que o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos sancionou em 2018 pelo seu papel no assassinato.

Se a sua identidade for confirmada como um dos suspeitos pela morte do jornalista saudita, Alotaibi terá que comparecer perante a justiça francesa.

O suspeito tem o direito de contestar a sua extradição para a Turquia. Se o fizer, o Judiciário da França deverá decidir se o mantém na prisão até um pedido formal de extradição pelas autoridades turcas ou se o liberta, sob condição de não deixar o país europeu.

Jamal Khashoggi era residente nos Estados Unidos, onde trabalhava como colaborador do jornal norte-americano The Washington Post.

A 2 de outubro de 2018, Khashoggi dirigiu-se ao consulado saudita em Istambul para preencher documentos com o objetivo de se casar com a sua noiva, de nacionalidade turca.

Segundo as autoridades americanas e turcas, um “esquadrão de morte” da Arábia Saudita, que o aguardava no local, estrangulou e desmembrou o seu corpo, que nunca foi recuperado.

O jornalista era um crítico da concentração autoritária de poder por Mohammed bin Salman e escreveu vários artigos que denunciavam o príncipe.

Em fevereiro deste ano, o governo americano divulgou um relatório de inteligência sugerindo que Bin Salman, que exerce a função de chefe de governo no reino saudita, estaria por trás da morte do jornalista.

O documento, tornado público pelo governo do presidente Joe Biden, afirma ser altamente improvável que o assassinato de 2018 tenha ocorrido sem o aval do príncipe.

3 Comments

  1. N-Ã-O L-I-B-E-R-T-E-M este bandalho. Se a Arábia Saudita exige a sua libertação então é ÓBVIO que este gajo tem culpas no cartório. Ao contrário dos que foram condenados na Arábia Saudita, claramente bodes espiatórios que nada teriam a ver com o problema. Os condenados foram uma forma conveniente de se verem livres de mais adversários políticos como o próprio Khashoggi.

    Mas ESTE deve ter informações preciosas que incriminem os verdadeiros assassinos, começando pelo Príncipe Ranhoso.

  2. “Segundo a representação diplomática, “a justiça saudita já condenou todos os que participaram no hediondo assassinato”.”
    Hahahaaaaaa… estes sauditas são uns brincalhões… mandaram assassinar e desmembrar um jornalista, depois arranjam uns “culpados” para “inglês ver” e agora “aguardaram a libertação imediata” de um dos prováveis assassinos!…
    É o que dá a Europa e os EUA andarem de mãos dadas com regimes como a ditadura saudita – de onde saíram a maioria dos terroristas do 11 de Setembro…
    Deixar realizar provas internacionais como a F1, etc nesses países também é ser cúmplice dessas ditaduras “endinheiradas”!

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