As autoridades turcas afirmam que o jornalista saudita Jamal Khashoggi foi morto por 15 agentes da inteligência saudita em 2 de outubro no Consulado deste país em Istambul.
O responsável do departamento de investigação do jornal turco Daily Sabah, Nazif Karaman, revelou este sábado, em entrevista à Al Jazeera, as supostas últimas palavras do jornalista saudita Jamal Khashoggi, morto no Consulado Geral da Arábia Saudita em 2 de outubro. Segundo Karaman, o colunista do The Washington Post foi sufocado com um saco de plástico na cabeça.
“Estou a sufocar, tire este saco da minha cabeça, sou claustrofóbico“, terão sido as últimas palavras que o jornalista proferiu ainda vivo, antes de perder a vida. As declarações do responsável do departamento de investigação do Daily Sabah são baseadas num áudio gravado pelo Apple Watch da vítima, que as autoridades turcas afirmam ter à sua disposição.
Ainda durante a entrevista, Karaman confirmou que o estrangulamento do jornalista saudita durou sete minutos. Além disso, Karaman citou ainda informações de alguns funcionários da Inteligência turca, avançando que a equipa saudita, composta por 15 membros que viajaram para Istambul expressamente para assassinar o jornalista, passou cerca de 15 minutos a desmembrar o corpo.
A equipa responsável pela morte do jornalista, liderada por Salah al-Tubaigy, cabeça do Conselho Científico Saudita de Ciências Forenses, colocou sacos de plástico no chão onde Khashoggi foi morto para evitar que o sangue manchasse o piso.
Karaman prometeu ainda que o Daily Sabah publicará em breve imagens das ferramentas introduzidas na Turquia pelo esquadrão da morte usadas para desmembrar o corpo do jornalista, assim como as gravações dos últimos momentos de vida de Khashoggi.
A polícia turca está ainda a procurar o corpo do jornalista assassinado. Até agora, encontraram apenas vestígios de ácido na residência do cônsul da Arábia em Istambul. Uma das hipóteses que está em cima da mesa é que o corpo desmembrado terá sido dissolvido com produtos químicos.
A 10 de outubro, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan anunciou que havia partilhado o áudio que provava o assassinato de Khashoggi com Riad, Paris, Londres, Berlim e Washington. Segundo autoridades turcas, as gravações provam que o assassinato de Khashoggi foi premeditado.
Em outubro, Gina Haspel, diretora da CIA, viajou para a Turquia. Segundo o NPR, não está, contudo, claro se as cópias das gravações foram entregues fisicamente aos Estados Unidos ou se os funcionários norte-americanos puderam apenas ouvir o áudio.
De acordo com o The New York Times, “para a CIA, possuir uma cópia física da fita seria importante para verificar sua autenticidade, determinar como foi feita e analisar o conteúdo de forma independente”.
Washington vai responsabilizar todos os envolvidos
Os Estados Unidos vão “pedir contas a todos os envolvidos na morte de Jamal Khashoggi”, garantiu este domingo o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, ao príncipe herdeiro da Arábia Saudita.
Numa chamada telefónica com Mohammed ben Salmane, Pompeo instou a Arábia Saudita a responsabilizar os envolvidos, assim como apelou ao “fim das hostilidades” no Iémen, relatou a porta-voz do departamento de Estado, Heather Nauert.
As forças pró-governamentais do Iémen têm combatido os rebeldes Houthis, apoiados pelo Irão. Em 2015, uma coligação liderada pelos sauditas interveio a favor das forças pró-governamentais.
Na sexta-feira, o The Washington Post indicou que a administração norte-americana decidiu deixar de fornecer aviões à coligação, um apoio cada vez mais controverso depois da morte do jornalista saudita, imputado a altos responsáveis do reino e que estão a manchar a imagem de Riade.
O Ministério Público turco declarou recentemente que Jamal Khashoggi, de 59 anos, foi estrangulado e posteriormente desmembrado no consulado saudita em Istambul, no dia 2 de outubro, onde tinha entrado para obter um documento para se casar com uma cidadã turca.
O jornalista era esperado no consulado por um comando de 15 agentes sauditas que viajaram para a cidade turca algumas horas antes e regressaram à Arábia Saudita naquela mesma noite.
Recep Tayyip Erdogan assegurou recentemente numa coluna publicada no jornal norte-americano The Washington Post que está certo de que a ordem para matar o jornalista dissidente surgiu “do mais alto nível” do poder da Arábia Saudita.
O jornalista saudita, que colaborava com o The Washington Post, estava exilado nos Estados Unidos desde 2017 e era um reconhecido crítico do poder em Riade.
Pois, um acontecimento gravíssimo, que necessita de uma atitude à altura.
A imunidade diplomática nunca poderá servir, em momento algum, jamais, para actos deste tipo.
Quem aproveita essa imunidade para estes actos deve ser severamente punido. Exige-se a revisão da convenção de Viena para garantir que coisas semelhantes não voltaram a acontecer.
Pois,…
“…não *voltarão a acontecer”