O mistério das estranhas ilhas vivas do Grande Lago Salgado foi finalmente resolvido

Cory Maylett / Wikimedia

Grande Lago Salgado

Uma nova investigação aponta que uma grande rede de água doce está a levar a que cresçam juncos nas ilhas, mesmo com a diminuição do tamanho do lago.

O mistério das “ilhas” cobertas de juncos que se erguem da praia do Grande Lago Salgado, no Utah, que está a encolher, podem finalmente ter uma explicação. Uma equipa de cientistas revelou evidências de uma vasta rede subterrânea de água doce que alimenta os montes, permitindo que a vida vegetal floresça mesmo com o recuo do lago.

A descoberta, revelada em julho na conferência Goldschmidt de 2025, lança luz sobre o frágil, mas complexo, ecossistema de um dos lagos ecologicamente mais importantes dos Estados Unidos. Os investigadores afirmam que as descobertas podem melhorar a compreensão de como funciona o Grande Lago Salgado e a melhor forma de o proteger dos desafios ambientais atuais.

“A última coisa que queríamos era que isto fosse caracterizado como um recurso hídrico que deveríamos estar a explorar”, alertou o geólogo Bill Johnson, da Universidade do Utah. “É muito mais frágil do que isso, e precisamos de o compreender melhor.”

O Grande Lago Salgado tem vindo a diminuir lentamente desde a década de 1980, atingindo um nível recorde em 2022. A descida dos níveis de água elevou a salinidade, ameaçando os organismos que sustentam o seu ecossistema. Para as comunidades vizinhas, o leito seco do lago representa outro perigo: os ventos levantam poeiras finas dos sedimentos expostos, gerando preocupações com a qualidade do ar.

Compreender as fontes de água do lago tornou-se cada vez mais urgente. Embora a precipitação e o escoamento superficial sejam factores conhecidos, o papel das águas subterrâneas sob o lago permanece incerto. Para investigar, a equipa de Johnson utilizou uma combinação de ferramentas avançadas, incluindo piezómetros, perfil de salinidade e levantamentos de resistividade. Em fevereiro de 2025, estabeleceram uma parceria com a Expert Geophysics para realizar o mapeamento eletromagnético aéreo sobre a Baía de Farmington, refere o Science Alert.

Estes levantamentos utilizam medições de campo magnético para criar imagens 3D de estruturas subterrâneas. Combinados com os dados do solo, apontam para um extenso reservatório subterrâneo que pode atingir mais de 3000 metros abaixo da superfície. Nos montes superficiais, a água é mais doce no núcleo e torna-se cada vez mais salina para o exterior, sugerindo ainda fluxos ascendentes de fontes profundas.

Embora os investigadores ainda não conheçam a extensão total ou a profundidade da água doce, as evidências indicam reservas significativas sob pressão. Johnson enfatizou que, embora a descoberta possa ajudar a reduzir o pó das áreas de praia expostas, não deve ser vista como um recurso a explorar.

ZAP //

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