Relações Rússia-China estão num “nível sem precedentes”. Há planos para nova ordem mundial

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O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, garantiu ao homólogo chinês, Xi Jinping, que as relações entre os dois países nunca foi tão boa.

Putin e Xi Jinping estiveram reunidos, esta terça-feira, em Pequim, onde o presidente russo deverá ainda assistir a um grande desfile militar na quarta-feira, na capital chinesa, em comemoração do 80.º aniversário do fim da II Guerra Mundial.

Participar no desfile “é uma homenagem às conquistas dos nossos povos, do povo russo e do povo chinês, e uma confirmação do papel crucial que os nossos países desempenharam na vitória nos eixos europeu e asiático”, disse Putin, destacando que as relações Rússia-China estão num “nível sem precedentes”.

“A nossa comunicação próxima reflete a natureza estratégica dos laços russo-chineses, que se encontram atualmente num nível sem precedentes”, disse Putin, segundo declarações divulgadas no início de um encontro entre os dois chefes de Estado.

“Sempre estivemos juntos nessa altura e continuamos juntos agora”, enalteceu o líder russo.

Já Xi Jinping defendeu que “as relações China-Rússia resistiram ao teste das mudanças internacionais; são relações de boa vizinhança, colaboração estratégica abrangente e cooperação mutuamente benéfica para resultados vantajosos para ambas as partes entre as grandes potências”.

O líder chinês afirmou a disponibilidade para cooperar na “construção de um sistema de governação global mais justo e razoável”, avançou a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

Vladimir Putin está na China desde domingo, inicialmente para participar na 25ª cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), que se realizou na cidade de Tianjin, no norte.

Planos para uma nova ordem mundial

A SCO aprovou uma estratégia de desenvolvimento para a próxima década, com o objetivo de promover um mundo multipolar, dentro de 10 anos.

A estratégia surge numa altura em que o bloco regional reconheceu, numa declaração conjunta, que o agravamento das tensões geopolíticas representa uma ameaça crescente à segurança dos seus membros.

A cimeira teve como pano de fundo o aumento das fricções entre alguns dos principais membros da SCO e os Estados Unidos, nomeadamente devido a sanções e tarifas comerciais aplicadas pela administração de Donald Trump.

Xi Jinping reafirmou, esta segunda-feira, a visão de uma nova ordem mundial que desafie o domínio ocidental, apelando à construção de um sistema internacional mais justo e multipolar.

“A SCO deve opor-se em conjunto à mentalidade de Guerra Fria, ao confronto entre blocos e a comportamentos de intimidação”, afirmou Xi, no discurso principal da cimeira, numa referência indireta aos Estados Unidos.

O líder chinês defendeu uma reforma na governação global com maior representação para o Sul Global e apelou à aplicação “igual e uniforme” do direito internacional, sem padrões duplos nem a hegemonia de poucos.

Xi anunciou ainda um conjunto de medidas concretas para enfrentar os desafios ao desenvolvimento, numa altura em que a guerra comercial com os EUA levanta receios de estagnação económica global.

Entre as iniciativas estão 100 “projetos pequenos e exemplares” de apoio ao bem-estar em países da SCO, mais de dois mil milhões de yuan (cerca de 240 milhões de euros) em ajuda não reembolsável e dez mil milhões de yuan (1,1 mil milhões de euros) adicionais em empréstimos ao Consórcio Interbancário da SCO, nos próximos três anos.

Xi revelou também planos para acelerar a criação de um banco de desenvolvimento da SCO, com o objetivo de reforçar a cooperação em matéria de segurança e economia entre os Estados membros.

“Devemos ampliar a base da cooperação e utilizar plenamente os recursos de cada país, assumindo a responsabilidade pela paz, estabilidade, desenvolvimento e prosperidade na região”, disse.

A SCO, fundada em 2001, integra China, Rússia, Índia, Paquistão, Irão, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão, e abrange cerca de 40% da população mundial.

Segundo Pequim, a organização reúne atualmente 26 países da Ásia, Europa e África, entre membros plenos, observadores e parceiros de diálogo. Myanmar (antiga Birmânia) e Turquia estão entre os países que pretendem adesão plena.

O grupo não possui cláusulas de defesa mútua, ao contrário da NATO, e apresenta-se como um fórum para a cooperação política, económica e de segurança.

Apesar da crescente influência, o grupo continua afetado por disputas internas – como entre Índia e Paquistão, ou entre Tajiquistão e Quirguistão – que comprometem a sua eficácia global.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Não sei o que as pessoas de esquerda estavam a espera da sua querida líder China e a sua querida líder Rússia de darem as mãos oficialmente, mas finalmente oficializaram que todos nós já sabiam. Um passo mais próximo para uma terceira guerra mundial. Sabem quem está a chorar com o coração completamente partido? O Donald Trump a ver o seu amor ir para os braços de outro e ainda por cima o Xi.

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