O vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais considera que o “grande vencedor” deste Orçamento do Estado é Pedro Nuno Santos e que o ministro “aumentou o seu capital político”.
Em entrevista ao Diário de Notícias e à rádio TSF, a propósito do lançamento do seu primeiro livro “Voltar a Acreditar na Política”, Miguel Pinto Luz abordou vários temas da agenda política, desde o atual momento do seu partido à proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2022.
Apoiante de Paulo Rangel na corrida à liderança do PSD, o social-democrata, que já concorreu contra o atual líder e perdeu, não esconde que acha que “Rui Rio e a atual liderança são sectários“.
“O doutor Rui Rio e esta direção consideram que todos aqueles que têm uma opinião diferente da sua são oposição, são obstáculos à liderança e querem mal ao PSD. Não é assim”, declarou.
“(…) Tem sido sectário, tornou-se numa artificial social-democracia moderada, no centro, esqueceu os liberais, esqueceu os mais conservadores, esqueceu os liberais sociais, dos quais eu me considero. Esqueceu um conjunto, uma multiplicidade de diferenças saudáveis que existiam no PSD”, continuou.
Questionado sobre se Rui Rio saiu reforçado das autárquicas, o vice-presidente da Câmara de Cascais recusou “tapar o sol com a peneira” e admitiu que “foi um resultado positivo”, mas que não se tratou de “um resultado nacional”.
“O resultado de Carlos Carreiras em Cascais, Ricardo Rio em Coimbra ou Carlos Moedas em Lisboa não são resultados do doutor Rui Rio. São resultados de cada uma destas personalidades (…).”
Sobre a liderança do PSD, o social-democrata não tem dúvidas de que “Paulo Rangel, entre outros, preenche os requisitos para o que deve ser um próximo líder do PSD” e, por isso, está “ao seu lado”.
Na sua opinião, a mudança de líder é “o único caminho possível para o PSD, para voltar a ser grande”. “Se a escolha dos militantes for outra vez um líder sectário, que afasta grande parte do partido, muito dificilmente vamos ganhar as próximas legislativas”, atirou.
“O grande vencedor deste OE é Pedro Nuno Santos”
Sobre a proposta do Governo para o Orçamento do Estado do próximo ano, Miguel Pinto Luz considerou, desde logo, que “não vai ser cumprido” e que este “leilão corporativo” do Bloco e do PCP, conhecido há vários anos, “de acenarem com uma crise política”, também não vai acontecer.
“É escusado entrarmos nessa dialética, porque não vai acontecer. O doutor António Costa e o doutor João Leão vão entregar umas migalhas ao Bloco de Esquerda e ao PC para eles acenarem como tendo ganho de causa. Mas também não vão ser cumpridas, porque, lá está, temos as cativações”.
Para o vice da Câmara de Cascais, este Orçamento traz sim uma coisa nova, que são as “guerras dentro do PS”, considerando que “o grande vencedor chama-se Pedro Nuno Santos”.
“Este Orçamento não é o Orçamento Geral do Estado, é o Orçamento de Pedro Nuno Santos. Desde logo, o braço-de-ferro com João Leão e o ganho de causa de 1,8 milhões de euros na dívida da CP, o aumento do Orçamento para a área da habitação, o aumento para a área da mobilidade e transportes. Tudo áreas que dependem de Pedro Nuno Santos”.
O social-democrata disse que isto “quer dizer que há uma mudança de paradigma e de poder dentro do Partido Socialista” e que o ministro das Infraestruturas “aumentou o seu capital político”.
É por isso que, na sua opinião, “o PSD tem de urgentemente arrepiar caminho e fazer mais oposição porque Pedro Nuno Santos é mais perigoso” e “ainda é mais à esquerda do que aquilo que nós precisávamos hoje, no nosso país”.
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