O anúncio do representante do Syriza, partido no Governo grego, na sessão de encerramento da X Convenção do Bloco de Esquerda, foi este domingo recebido com alguns assobios por parte dos delegados.
Os apupos com que o Syriza foi recebido na convenção bloquista contrastou com as reações entusiásticas que, ao longo dos últimos anos, os seus elementos mereciam nas sessões públicas do Bloco de Esquerda.
Por vezes, o Syriza, nos seus tempos de oposição na Grécia, chegou a mesmo a ser representado nas sessões do Bloco de Esquerda pelo próprio líder, Alexis Tsipras, sendo então considerado um partido exemplar na família europeia dos bloquistas.
Nesta relação entre os dois partidos, também as principais figuras do Bloco de Esquerda, como Catarina Martins ou Marisa Matias, se deslocavam com relativa frequência a Atenas para apoiar o Syriza nos momentos mais marcantes deste partido.
Este domingo, um dos membros da Comissão Política do Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo, classificou como “um pesadelo” a experiência “euro-romântica” do Governo grego do Syriza.
Nos últimos meses, Alexis Tsipras acabou por ser obrigado a render-se à austeridade, enfrentou a sua primeira greve geral, e viu o seu primeiro ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, abandonar o Syriza e anunciar a formação de um novo partido de esquerda.
Ao que foi dado perceber pela recepção na X Convenção bloquista, a lua-de-mel com o Syriza chegou ao fim.
Registaram-se também alguns apupos quando a mesa anunciou a presença da delegação da UGT à convenção, que teve lugar no Pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa,
Em contraste, os delegados aplaudiram de pé os representantes do “Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente” e a delegação da CGTP-IN, liderada por Arménio Carlos.
As comitivas dos partidos de esquerda presentes na Convenção, especialmente o PS e o PCP, receberam palmas.
Moção de Catarina Martins obtém 83% dos votos
A moção política “Força da Esperança – O Bloco à Conquista da Maioria, encabeçada por Catarina Martins e afeta à direção do Bloco de Esquerda, foi a mais votada na X Convenção bloquista, recolhendo 444 votos de um total de 535, ou seja, 83%.
A moção “Crescer pela Raiz – A radicalidade de reinventar a política”, encabeçada por Catarina Príncipe, obteve 58 votos, e a moção “Mais Bloco”, cujo primeiro subscritor é João Madeira, obteve 32.
Nas intervenções de fecho do debate das moções políticas, o deputado Jorge Costa, representando a moção de Catarina Martins, vincou que o partido não está numa “coligação” com o PS nem estabeleceu um acordo de Governo com os socialistas.
“Não somos o CDS do PS“, declarou Jorge Costa.
ZAP / Lusa
