O Governo está a preparar medidas para conter a pandemia do novo coronavírus. À saída da reunião com o primeiro-ministro, o líder do PSD diz que apoia todas as medidas, mesmo que não sejam “medidas simpáticas”.
Em declarações aos jornalistas na Residência Oficial de São Bento, em Lisboa, antes de começar a receber os partidos políticos, António Costa fez um apelo, um dia depois de terem sido divulgadas imagens, por exemplo, de praias cheias de gente nos arredores de Lisboa, nomeadamente jovens.
“A deslocalização do contacto do espaço educativo para outros espaços mais conviviais não resolve o fundo do problema, só deslocaliza os riscos. O apelo que faria é que todas as pessoas que estudam ou trabalham em entidades que tem sido encerradas compreendem que devem ter um esforço acrescido no seu esforço de contenção na sua circulação social”.
Questionado sobre se referia a praias, o chefe do Governo respondeu com um sim. “A liberdade de cada um tem que respeitar também a liberdade dos outros”, sublinhou ainda.
Costa considerou ser preciso “procurar evitar essas situações de convívio” em grandes espaços e avisou: “Ninguém pense que não é pelo facto de não estar numa sala de aula e estar noutros locais de convívio que esse risco de contágio é menor.”
De acordo com a TSF, a Câmara Municipal de Cascais pondera encerrar todas as praias do município, depois da enchente verificada ontem. “Caso as indicações não sejam seguidas, a Câmara de Cascais pondera ações mais drásticas como a interdição das praias do concelho”, cita a rádio.
O primeiro-ministro interrompeu, hoje, a reunião do Conselho de Ministros para informar e ouvir a opinião dos líderes partidários sobre as medidas do Governo de resposta ao surto. Depois das 20h00, afirmou, são retomados os trabalhos no Conselho de Ministros e serão anunciadas as medidas.
“Qualquer decisão não é isenta de consequências. Tudo tem de ser devidamente ponderado”, notou António Costa aos jornalistas, citado pelo semanário Expresso.
PSD promete apoiar Governo
Em declarações aos jornalistas, depois de uma reunião com o primeiro-ministro, Rui Rio afirmou que é “dever” do PSD, pelo “interesse nacional”, apoiar “todas as medidas que o Governo entenda necessárias, mesmo que não sejam medidas simpáticas”.
O presidente dos sociais-democratas sublinhou até que é preferível “prevenir do que remediar, como diz o povo”, e tomar “medidas mais além”, de forma a evitar situações como a que é vivida em Itália.
“Estamos a viver uma situação de gravidade, eventualmente mais grave do que aquilo que se pensava” inicialmente, afirmou ainda Rio, ladeado pelos deputados Adão Silva e Ricardo Baptista Leite.
Se sai ou não satisfeito da reunião, Rio evitou uma resposta direta, tal como não quis falar ao pormenor do que foi comunicado pelo Governo na reunião na Residência Oficial de São Bento, em Lisboa, e evitou qualquer posição crítica nesta fase.
“Não nos compete andar a procurar diferenças ou críticas relativamente ao Governo”, afirmou, admitindo que “mesmo que haja alguma critica” a fazer, “ela pode ser feita pelo telefone ou pessoalmente”. E concluiu que este “não é momento para andar publicamente a aproveitar isso”.
Primeiro deputado em quarentena
Entretanto, depois de confirmada a quarentena da ex-líder do CDS Assunção Cristas, o deputado centrista João Gonçalves Pereira fez o mesmo, tendo sido aconselhado pelo líder parlamentar, Telmo Correia, por ter estado em contacto com a ex-presidente.
Gonçalves Pereira torna-se, assim, no primeiro caso conhecido de um deputado a entrar em período de quarentena na sequência do surto.
Escolas fechadas: Sim ou não?
Esta quarta-feira à noite, na conferência de imprensa conjunta, a diretora-geral da Saúde, Graças Freitas, afirmou que o encerramento das escolas deveria ser feito “caso a caso”.
O Conselho Nacional de Saúde Pública também recomendou que o encerramento das escolas, a par de todos os estabelecimentos públicos, só deve ser feito perante a autorização das autoridades de saúde.
Assim sendo, de acordo com o Diário de Notícias, o cenário mais provável no final da reunião desta quinta-feira deverá passar pela decisão de não encerrar as escolas.
Estas recomendações foram, no entanto, criticadas pela Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), cujo presidente, Manuel António Pereira, disse ao jornal que as autoridades “provavelmente não estão a tomar as decisões mais corretas atendendo à gravidade da situação“.
Questionada sobre a disponibilidade do Governo para garantir o salário dos pais que tenham de ficar em casa com os filhos, a ministra da Saúde, Marta Temido, garantiu que todas estas preocupações vão ser acauteladas.
Segundo o semanário Expresso, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, reconheceu que não existe na lei atual uma resposta de proteção social para estes casos e também garantiu estar a trabalhar com as empresas e sindicatos para encontrar uma solução “rapidamente”.
Assembleia suspende visitas e adia todos os eventos
A Assembleia da República decidiu suspender todas as visitas guiadas e admissão de grupos de visitantes para evitar o risco de transmissão do novo coronavírus, adiando ainda todos os eventos como conferências ou apresentações de livros.
Foram ainda revogadas todas as autorizações concedidas a grupos de visitantes para almoços no refeitório da Assembleia da República e suspensas as reuniões distritais e regionais do Parlamento dos Jovens.
Fesap desconvoca greve e admite cancelar 1.º de Maio
A Federação de Sindicatos da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Fesap) anunciou que desconvocou a greve que estava agendada para 20 de março e admite cancelar os festejos do 1.º de Maio.
“Estão igualmente suspensas as ações de sensibilização que se realizariam no dia 19 de março, em protesto pela ausência de negociação e contra os aumentos salariais ridículos que foram impostos para 2020”, acrescentou.
Quanto às comemorações do 1.º de Maio, “que a Fesap previa ser o momento fulcral desta vaga de protestos, é bem possível que não venham a realizar-se“, disse o responsável.
Madeira suspende atracagem de navios de cruzeiro
O Governo da Madeira suspendeu todas as autorizações para atracagem de navios de cruzeiro e iates nos portos e marinas do arquipélago, e vai passar a medir a temperatura dos passageiros nos aeroportos, informou o chefe do Executivo.
“Estas medidas vão vigorar até 31 de março, data em que o Governo fará uma nova avaliação”, disse Miguel Albuquerque, em conferência de imprensa, no Funchal, na qual apresentou um conjunto de “medidas adicionais” de contenção da pandemia.
“Estamos a falar na acostagem, até ao fim do mês, de 23 navios de cruzeiro, com um número de passageiros de cerca de 50 mil”, explicou o governante, vincando que a medida entra em vigor às 24h00 de hoje.
Nos dois aeroportos da região — Madeira e Porto Santo —, o Governo vai implementar um novo procedimento de controlo, com a da medição da temperatura dos passageiros e das tripulações no desembarque e também com o preenchimento de um inquérito ainda a bordo dos aviões.
“Queremos ter as equipas no terreno o mais rapidamente. Estamos a falar no desembarque de cerca de dez mil passageiros por dia, o que implica um esforço logístico e humano bastante importante da parte do governo”, disse Miguel Albuquerque, realçando que as equipas serão compostas por elementos do Serviço de Saúde da Madeira (Sesaram).
Processos da Operação Marquês e Hells Angels adiados
O juiz Carlos Alexandre, que dirige a instrução do processo Hells Angels, decidiu adiar “sine die” a fase de instrução do processo, depois de na sessão de hoje ter comparecido apenas um advogado e os dois arguidos detidos.
Apesar da deliberação do Conselho Superior da Magistratura (CSM) de mandar encerrar os tribunais de 1.ª instância, nos quais se inclui o Tribunal Central de Instrução Criminal, devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus, as sessões de instrução do processo Hells Angels podiam manter-se por haver dois arguidos detidos, dos 89 que integram o processo.
Também as diligências do debate instrutório do processo Operação Marquês, que decorrem no mesmo tribunal com o juiz Ivo Rosa, foram adiadas devido à pandemia.
Santa Maria sem kits, INEM faz testes ao domicílio
De acordo com o Expresso, que cita o jornal i, faltam kits de teste para o coronavírus no Hospital de Santa Maria, onde, esta quarta-feira, foram descobertos dois doentes infetados que estavam internados com diagnóstico de pneumonia.
A partir de hoje, o INEM passará a visitar a casa de doentes que tenham ligado para a linha SNS24 com a suspeita de estarem infetados e procederá à recolha de amostras de saliva para testes, diz ainda o jornal.
Neste momento há 78 casos confirmados de Covid-19 em Portugal, registando-se assim um aumento de 33% face ao balanço oficial desta quarta-feira.
De acordo com o boletim sobre a situação epidemiológica, há 637 casos suspeitos, dos quais 133 aguardam resultado laboratorial. Segundo a DGS, há ainda 4.923 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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Os meus parabéns a todos os políticos que em nome da Saúde Pública apoiam as mediadas do Governo, parabéns senhor Rui Rio pela sua postura nesta situação tão grave que o País e os cidadãos estamos a enfrentar, é de louvar todas as iniciativas que sejam para esclarecer os cidadãos e que evite que a COVID-19 alastre mais se possível, parabéns senhor 1º Ministro por ontem ter esclarecido os cidadãos da gravidade da situação sem colocar paninhos quentes sobre o que nos pode vir a acontecer.