Num discurso em Wakefield, sobre a estratégia do Labour para a saída do Reino Unido da União Europeia, Corbyn estabeleceu como prioridade chumbar o acordo da primeira-ministra e marcar eleições de seguida.
Apesar de reconhecer que quer propor uma moção de censura ao executivo conservador de May, o trabalhista preferiu esconder o jogo – não disse quando o faria. “A nossa prioridade terá de ser convocar uma eleição. Não só é a opção mais prática, como é também a mais democrática”, insistiu.
Jeremy Corbyn pôs um travão aos anseios de uma fatia alargada do Partido Trabalhista, que quer acelerar a apresentação de uma moção de censura ao Governo de Theresa May e quer ouvir o líder defender um segundo referendo ao Brexit.
Cornyn, contudo, admite que poderá ser necessário adiar a data de saída, para poder sentar-se à mesa com Bruxelas, escreve o Público.
May teve duas derrotas no Parlamento em dois dias: viu os deputados limitarem a ação do Governo num cenário de divórcio sem acordo e reduzirem, de 21 para três dias, o tempo disponível para apresentar o seu plano B para o Brexit, se o plano A for chumbado.
Face à oposição dentro e fora da aliança parlamentar entre o Partido Conservador e o Partido Unionista Democrático, tudo aponta para uma terceira derrota, mais estrondosa na terça-feira, quando o acordo for apresentado na Câmara dos Comuns.
Corbyn pautou-se pela ambiguidade. Por um lado, desafiou May a convocar eleições e assegurou que se a primeira-ministra não o fizer, o Labour avança para a censura. Mas por outro, disse que essa movimentação só ocorrerá “no momento em que o partido entender que terá melhores hipóteses de sucesso”.
“É óbvio que não temos deputados suficientes para ganhar uma moção sozinhos. Por isso precisamos que os restantes membros da câmara votem connosco, para acabarmos com o impasse”, justificou.
Apesar de Bruxelas já ter repetido que o acordo na mesa é o único que está disposta a oferecer, Corbyn continua convicto de que é possível rever os termos do Brexit. Uma possibilidade que, defende, está ao alcance do vencedor das eleições, que receberá “um mandato renovado para negociar um acordo melhor para o Reino Unido”.
Com a saída da UE agendada para 29 de março, resta pouco tempo para pôr em prática o plano de Corbyn. Questionado sobre o calendário apertado em que pretende ter uma moção, uma eleição, uma renegociação do acordo e um divórcio, o trabalhista acabou por admitir: um Governo liderado por si teria de pedir aos 27 Estados-membros a extensão do prazo definido pelo artigo 50º do Tratado da UE e adiamento da data de saída.
E no final caso vença vai fazer as pazes com os nossos guarda-costas europeus e exigir-lhes ainda mais regalias e descompromissos do que aqueles que tinham anteriormente e nós cá deste lado do continente vamos achar muita graça como os ingleses conseguem sempre ludibriar estes nossos atentos protectores. Será que ainda vamos ter a libra como moeda, conduzir à esquerda e inglês como língua única?