Cientistas criam borracha termoelétrica que abre caminho a smartwatches auto-carregáveis

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Pode estar a chegar ao fim o tempo em que é preciso “dar corda” aos smartwatches. Cientistas chineses criaram um material que pode abrir caminho aos relógios inteligentes auto-carregáveis.

A qualidade de vida dos humanos melhorou um pouquinho no dia em que apareceram os primeiros relógios automáticos, que carregavam sozinhos por energia cinética — bastava “dar ao pulso”.

A comodidade de não ter que dar corda ao relógio desapareceu com a popularização dos smartwatches: tal como os telemóveis, precisam de ser carregados periodicamente.

Agora, uma equipa de investigadores da Universidade de Pequim, na China, criou uma borracha termoelétrica capaz de converter calor corporal em eletricidade — que pode ter aplicação prática, entre outras, em braceletes para smartwatches que não precisam de ser carregados manualmente.

Segundo o South China Morning Post, a borracha no mundo capaz de transformar o calor do corpo em eletricidade, o que poderá abrir caminho para smartwatches e outras wearable technologies que se carregam automaticamente.

O novo material, que foi apresentado num artigo publicado em agosto na Nature, combina elasticidade com uma conversão termoelétrica eficiente, explicam os investigadores. “Até agora, todos os materiais termoelétricos de elevado desempenho registados apresentavam apenas flexibilidade, mas não elasticidade”.

Atualmente, os dispositivos vestíveis necessitam de baterias volumosas ou de carregamentos frequentes, mas o novo estudo abre portas ao desenvolvimento de uma fonte de energia constante e imediata, dispensando o carregamento convencional.

O processo baseia-se nas leis da termoeletricidade, em que as diferenças de temperatura podem gerar energia — tal como a máquina a vapor de Watt converteu o calor da água em ebulição em energia, abrindo caminho para as primeiras locomotivas.

Como a temperatura do corpo humano ronda, em média, os 37 °C, e as temperaturas ambientes se situam geralmente entre os 20 e os 30 °C, a equipa chinesa procurou explorar essa diferença térmica para a converter em eletricidade.

Os materiais termoelétricos já são usados há anos. Por exemplo, sondas espaciais recorrem a geradores termoelétricos alimentados por isótopos radioativos para obter energia quando a solar não está disponível.

Somos os primeiros no mundo a propor o conceito de borracha termoelétrica”, afirmou Lei Ting, cientista de materiais da Universidade de Pequim e autor principal do estudo.

Segundo o investigador chinês, até agora, estes materiais eram ou inorgânicos, “duros como pedras”, ou orgânicos, mais maleáveis, mas com fraca performance quando esticados. A sua equipa trabalhou para criar um material que pudesse dobrar, esticar e aderir à pele.

“Dispositivos térmicos assim são confortáveis de usar e convertem de forma eficiente o calor corporal em energia elétrica, com menor perda de calor”, explica Lei, que acrescenta que, em teoria, se o material não se degradar nem sofrer danos adicionais, poderá fornecer energia indefinidamente.

“Não se trata apenas de carregar dispositivos vestíveis”, sublinhou Lei, que aponta para uma vasta gama de aplicações potenciais. Por exemplo, seria possível alimentar equipamentos de comunicação em zonas remotas apenas acendendo uma fogueira.

ZAP //

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