O centro comercial ReTuna em Eskilstuna é uma deliciosa surpresa. Entrar neste centro comercial sueco é uma experiência refrescante e diferente – é o primeiro do mundo a vender apenas artigos em segunda mão e reutilizados.
O centro comercial parece imediatamente muito diferente das lojas de caridade ou boutiques vintage cheias que a maioria de nós associa ao retalho de usados. Há uma grande variedade de produtos à venda – moda, equipamento desportivo, artigos para a casa, brinquedos para crianças, antiguidades – e até uma loja de artigos usados da Ikea, que vende móveis usados e renovados.
Este não é apenas um espaço de retalho. É uma experiência de consumo circular liderada pelo município, onde tudo o que é vendido é doado pelo público.
O ReTuna foi criado em 2015 como parte da estratégia de redução de resíduos e clima de Eskilstuna. Construído junto ao centro de reciclagem da cidade, o centro comercial inclui um ponto de recolha exclusivo chamado The Return, onde os residentes doam artigos indesejados. Estes são separados e redistribuídos aos retalhistas do centro comercial, criando um sistema circular de baixo custo e baixo desperdício.
O modelo só é possível graças ao financiamento público e ao apoio do governo local – um lembrete de que a inovação circular requer frequentemente investimento estrutural, e não apenas a boa vontade do consumidor.
No entanto, o que torna o ReTuna tão distinto não é apenas o seu stock, mas a sua atmosfera. Os consumidores descrevem-no como “acessível”, “selecionado” e “conveniente”. O layout e a exposição dos produtos do centro comercial espelham os espaços convencionais do retalho, tornando as compras em segunda mão elegantes e agradáveis.
Um gerente de loja disse que os clientes confundem frequentemente artigos em segunda mão com novos, uma prova de como a moda e o design são utilizados para tornar a reutilização atrativa sem aumentar os custos. No ReTuna, o ambiente limpo e tranquilo ajuda a tornar o consumo ético desejável e emocionalmente gratificante. Como disse um comprador: “Não é apenas ético, é bonito.”
Os retalhistas utilizam stock e infraestruturas de baixo custo para criar lojas visualmente atrativas. O resultado é uma experiência de compra prazerosa que desafia o estigma do usado. Embora a acessibilidade e os valores ambientais permaneçam centrais, a ReTuna também reinventa a aparência e a sensação do retalho sustentável.
Procura por usados
O interesse dos consumidores pela moda “usada” está a acelerar, com o mercado de segunda mão a crescer 2,7 vezes mais rápido do que o mercado de vestuário em geral, de acordo com um relatório recente do setor. Globalmente, a projeção é de que atinja os 367 mil milhões de dólares até 2029.
E não é apenas a moda usada que está a crescer. Outro relatório de pesquisa de mercado prevê que o mercado de produtos em segunda mão atinja 1,04 biliões de dólares até 2035, crescendo a uma taxa anual composta de 17,2%.
Num inquérito da YouGov que abrangeu 17 mercados, 43% dos compradores de produtos usados preferiram fazer compras na loja, em comparação com 39% que preferiram online (19% estavam indecisos). O ReTuna faz parte desta mudança – não como um caso isolado, mas como um vislumbre do que o retalho tradicional se pode tornar.
Este shopping pioneiro sueco fez este ano 10 anos. Evoluiu de uma iniciativa do governo local para um modelo internacionalmente reconhecido de retalho circular. O sucesso do centro comercial mostra que comprar produtos usados não tem de ser visto como um compromisso – pode ser elegante, conveniente e socialmente significativo.
O retalho circular não se trata apenas do que compramos, mas de como e onde compramos. O ReTuna demonstra que, com as infraestruturas, o design e o apoio público adequados, o consumo sustentável pode ser incorporado no quotidiano – não como uma tarefa, mas como uma experiência gratificante.
ZAP // The Conversation