A Nestlé anunciou a demissão do seu diretor executivo, Laurent Freixe, após ter descoberto que este não revelou uma relação romântica com uma subordinada direta, em violação das regras internas da empresa.
O CEO da Nespresso, Philipp Navratil, é o novo diretor executivo da Nestlé, anunciou a empresa suíça em comunicado.
Navratil substitui no cargo Laurent Freixe, que foi demitido nesta segunda-feira devido a uma “violação da política corporativa sobre relacionamentos no local de trabalho”.
O até agora CEO da Nestlé mantinha uma relação romântica não declarada com uma subordinada direta, o que terá levado à sua demissão, diz o Business Insider.
Figura central do gigante suíço da alimentação e bebidas durante quatro décadas, Freixe tinha assumido o cargo há apenas um ano, com a missão de relançar o crescimento após um período de fraco desempenho sob a liderança do seu antecessor, Mark Schneider.
Segundo comunicado da multinacional com sede na Suíça, o presidente do conselho de administração, Paul Bulcke, e Pablo Isla, membro independente do conselho e antigo CEO da Zara, supervisionaram uma investigação interna ao caso, com o apoio de assessoria jurídica externa.
Bulcke classificou o despedimento como uma decisão necessária e representativa dos padrões da Nestlé, agradecendo a Freixe os anos de serviço. “Foi uma decisão necessária. Os valores e governação da Nestlé são alicerces sólidos da empresa. Agradeço ao Laurent os seus anos de dedicação à Nestlé.”
O caso surge num momento crítico para a empresa. Durante a pandemia, a Nestlé beneficiou de um forte aumento da procura, com os consumidores a armazenarem produtos básicos para casa. Porém, esse dinamismo esbateu-se.
Em julho, a companhia reportou uma queda de 1,8% nas vendas do primeiro semestre, para 44,2 mil milhões de francos suíços (cerca de 47 mil milhões de euros), refletindo uma procura mais fraca. As suas ações perderam quase 40% do seu valor desde o pico registado no início de 2022.
Quando assumiu a liderança, em agosto passado, Freixe deixou claro que a sua prioridade era recentrar a Nestlé nas suas áreas de maior força — café, alimentação para animais e produtos alimentares — em vez de prosseguir uma estratégia de diversificação.
Em entrevista ao Financial Times em maio, Freixe criticou a aposta do seu antecessor na expansão para suplementos de saúde e outras novas categorias, alegando que isso teria “enfraquecido o tecido da organização”.
Schneider tinha sido apenas o segundo CEO externo na história de 159 anos da Nestlé. Em contraponto, Freixe apresentava-se como o “insider” por excelência — um veterano de quase 40 anos que foi subindo na hierarquia com passagens pela Hungria, Espanha e América Latina.
Ao Financial Times, afirmou que o que o distinguia era o conhecimento “íntimo” do funcionamento interno da empresa. “Por isso, e talvez pelo meu estilo, estou muito próximo das pessoas, o que é uma grande vantagem”, disse na altura.
A Nestlé escolheu agora outro quadro de longa data como seu sucessor, nota o Insider. Em comunicado, o presidente do conselho destacou a capacidade de Navratil para obter resultados e o seu estilo “colaborativo”. “Não vamos alterar a estratégia”, escreveu Bulcke, “nem perder ritmo no desempenho”.