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Comandantes da Protecção Civil culpam “boys” do PS por Pedrógão Grande

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As profundas alterações levadas a cabo na estrutura de comando da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC), e que terão tido motivações políticas, influenciaram directamente a tragédia de Pedrógão Grande. A ideia é defendida por comandantes da ANPC e ex-comandantes, que foram afastados para dar lugar a pessoas com ligações ao PS.

Em declarações ao programa “Sexta às 9” da RTP1, vários ex-comandantes distritais da Protecção Civil, demitidos este ano apesar de terem vários anos de experiência nas suas funções, falam de ingerência política no comando da estrutura.

Os antigos responsáveis da Protecção Civil falam da “politização” da ANPC e insinuam que os “jobs for the boys” do PS ajudam a explicar a tragédia.

A RTP falou também com actuais comandantes da ANPC que tecem as mesmas críticas, mas que se recusam a dar a cara.

O presidente da ANPC, coronel Joaquim Leitão, afasta estas críticas e nega qualquer influência partidária nas escolhas efectuadas. Mas a sua nomeação, feita por António Costa, foi ela própria alvo de contestação, porque o seu percurso está ligado ao do actual primeiro-ministro – e a sua mulher e filha têm ligações ao PS.

O Comandante Operacional Nacional da ANPC, Rui Esteves, que foi nomeado em Janeiro por Joaquim Leitão, culpa a mãe natureza pelas consequências trágicas do incêndio e assegura que “as pessoas que estavam no terreno eram os melhores” e que o tipo de fogo em causa “não é combatível”.

Advogado comandou operações em Pedrógão

Rui Esteves mudou quase tudo na estrutura da ANPC, quando foi nomeado, segundo revela o “Sexta às 9”, referindo que o Comandante Nacional fez desaparecer os Agrupamentos Distritais de Operações de Socorro, considerados o nível de comando intermédio, e procedeu a 19 alterações nos Comandos Distritais. Só seis distritos – Beja, Bragança, Coimbra, Faro, Santarém e Vila Real – mantiveram a mesma estrutura.

Entre os 36 comandantes distritais, 14 foram demitidos e substituídos por pessoas com formações diversas, incluindo Licenciaturas em Desporto e Lazer ou em Direito, que nunca tinham tido qualquer experiência de comando, e muitos deles com ligações ao PS.

Luís Almeida e Lopes, ex-segundo Comandante Distrital de Operações de Socorro (CODIS) de Leiria, foi um dos demitidos, sendo substituído por Mário Cerol, Licenciado em Direito e cuja “experiência mais relevante”, conforme consta no Diário da República, é o facto de ter sido advogado e Comandante dos Bombeiros de Alcobaça.

Mário Cerol também foi mandatário do candidato do PS à Câmara de Alcobaça, em 2009, e até Pedrógão Grande, nunca tinha combatido um grande fogo florestal.

Como o primeiro comandante de Leiria, Sérgio Gomes, estava hospitalizado, Mário Cerol foi o primeiro elemento da estrutura de comando da ANPC a assumir o comando das operações no terreno, mas só o fez seis horas depois de o incêndio ter deflagrado.

Durante as primeiras horas do fogo, foi o comandante dos Bombeiros de Pedrógão Grande, António Arnaut, quem comandou as operações, com “uma viatura e cinco homens”,  assume o próprio no “Sexta às 9”.

Rui Esteves não tirou os pés de Lisboa, durante as horas dramáticas do fogo.

Se eu entendesse que fazia a diferença, naturalmente que estaria no terreno. Mas não se trata de quem comandou, em determinado momento, a operação. O problema está no comportamento e no fenómeno meteorológico que claramente influenciou este incêndio”, considera o Comandante Nacional da Protecção Civil no programa da RTP1.

Entre vários dos 14 ex-comandantes demitidos, não há dúvidas de que Rui Esteves tem responsabilidades, nomeadamente por não ter colocado mais operacionais no terreno e por ele próprio nunca ter assumido o comando das operações.

SV, ZAP //

25 Comments

  1. A politica no seu melhor…foi sempre assim… continua a ser assim…e se nós os que votamos não alterarmos esta situação, continuará a ser assim… basta ver que depois deste trágico incidente e do roubo em Tancos, o governo continua com a sua auto-estima em alta conforme as recentes sondagens. E é o povo quem contribui para estas.

    • Concordo plenamente. Infelizmente toda a gente sabe que é assim que funcionam todos os organismos dependentes do Estado. Na maioria são pouco eficientes, pouco competentes, pouco organizados e com estruturas muito dispendiosas, que não permitem libertar meios necessários para o cumprimento da missão que lhes está investida. Mas a lei permite isto, a assembleia da republica é a fonte desta promiscuidade e o povo não é representado porque nas eleições as abstenções e votos brancos que representa uma verdadeira maioria não tem consequências politicas. Neste caso houve mortes imediatas, mas muitas vidas se desperdiçam ao longo de décadas com a promiscuidade e desordem do Estado.

  2. Uma noticia elucidativa, como se pode ver. E nada tendenciosa. — Ele foi nomeado… e A MULHER
    E A FILHA TAMBEM TÊM LIGAÇÕES AO PS.” — Então e a PRIMA,… não tem ligações ao PS ? A AVÓ tinha, … e até UM IRMÃO do namorado da neta que trabalha para a Junta Freguesia de Carregados em Cima, cujo Presidente foi do PS, era tambem da JUVENTUDE SOCIALISTA. Pergunta-se : – Têm a certeza de que não hà algum parente ( primo, neto, cunhado do sobrinho..) do Carlos Cezar ligado a este incendio de Pedrógão Grande?? Convinha verificar.
    Sinceramente……….!

    • E o senhor demonstra desconhecer por completo como tudo funciona neste país. Se não sabe, esteja calado e não faça figura de urso. Vê-se bem que desconhece como funciona todo este ritual de atribuição de tachos. Posso assegurar-lhe que pouco interessa o que cada um faz ou sabe. Tem de ter um tacho… e um tacho arranja-se. Seja onde for e a fazer o quê. Abra os olhos e deixe de ser patético.

    • Não é fácil defender o seu PS nesta embrulhada. Deixe o assunto assim. Pode ser que ainda se descubra muito mais (e mude de preferência partidária se faz favor. Precisamos que o país se endireite e não é com corrupções e favorecimentos destes que vamos lá)

  3. Muita da ineficácia e incompetência da Protecção Civil está bem explicada neste artigo.
    Rui Esteves: “Se eu entendesse que fazia a diferença, naturalmente que estaria no terreno. ”
    Para quê mais conversa, se os próprios confessam a sua inutilidade ?!?!
    Entretanto 64 mortos e mais de uma centena de feridos esperam justiça por este crime.
    A morte destas pessoas teve lugar mais de 5 horas depois da ignição. Até lá este Boys estavam a brincar no recreio …

  4. Estes fulanos fazem críticas vergonhosas, até parece que não têm culpas no cartório em anteriores incêndios com mortes de bombeiros e civis! Ainda bem que foram afastados de vez.

  5. Há um ditado que diz: zangam-se as comadres descobrem-se as verdades e neste caso é mais ou menos comparado: demitem-se os competentes e dá-se tacho a amigos de partido e depois vem novo governo e vai estar obrigado a demitir estes tachistas e possivelmente cair na tentação de também presentear amigos seus ficando os poucos competentes que existem no país de fora se não tiverem partido e no final de tudo isto vem a verdade ao de cimo e dar barracada da grossa como no caso presente.

  6. Perguntar não ofende:
    Os ex-comandantes que criticam agora o poder político porque foram substituídos por “boys” do PS foram na altura nomeados por serem “boys” do PSD e do CDS ou pela sua reconhecida competência da matéria?? Gostaria que alguém me esclarecesse só para perceber até aonde vai a demagogia.
    Até parece que só existem “boys” do PS mas isso infelizmente é extensível a todos os partidos do chamado arco governativo, única razão pela qual ainda não houve por enquanto “boys” nem do PCP nem do BE.

    • Acho que tinham os cursos e licenciaturas corretas e tiradas de modo correto. Não eram daqueles oriundos da White Castle University

  7. O que esperavam dos xuxulalistas? Primeiro está a rapaziada, a nova vaga de Boys com a Catarina a fazer um teatro pelo meio, resumindo, grupelhos de politiqueiros de aviário. Aguenta até ao próximo resgate. Quem é o próximo a ir para o Resort de Évora?

  8. Os “boys” do PAF agora, acusam os “boys” do PS. Quando se trata de “boys”, é tudo a mesma canalha. Enquanto não prevalecer a competência sobre a mediocridade da cor partidária, o país fica entregue a bandalhos/corruptos cujo único objetivo é roubarem o mais que podem enquanto exercem o poder depois, o crime compensa porque a justiça é cúmplice e os portugueses andam a dormir.

  9. Quem mandou e executou estas mudanças q originaram estas mortes só pode ter um destino. Prisão. Não ha outra maneira. Por isso, assassinos da incompetência, tem de ser castigados na prisão. Não é sacudir as mãos e continuar….

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