/

Carlos Alexandre, o juiz que canta rap, usou Vistos Gold como cortina para caso Sócrates

5

José Sena Goulão / Lusa

O juiz Carlos Alexandre

Um “juiz obstinado” que gosta de contar anedotas e cantar rap, eis como Carlos Alexandre é apresentado no livro “O Juiz” que revela que o homem que lidera alguns dos processos judiciais mais mediáticos do país usou os Vistos Gold como cortina para o caso Sócrates.

“O Juiz”, escrito pelas jornalistas Inês David Bastos e Raquel Lito, é apresentado esta quarta-feira, em Lisboa, e pode ser considerado uma biografia autorizada. Inês David Bastos revela na TSF que Carlos Alexandre foi confrontado com a preparação da obra e que deu uma “ajuda” a esclarecer “alguns dados sobre a sua vida biográfica”.

Mas “deixou logo claro que não falaria de nada a partir do momento em que se tinha tornado juiz”, aponta a jornalista.

Apesar disso, as autoras analisam várias decisões de Carlos Alexandre nos principais casos mediáticos que tem liderado, entre os quais estão as operações “Marquês”, “Furacão” e “Labirinto”, os casos “BPN”, “Monte Branco”, “Face Oculta” e “BES-GES”, ou ainda os processos dos submarinos e da Portucale.

As duas jornalistas revelam que o juiz, que decretou as prisões preventivas de José Sócrates e de Ricardo Salgado, usou a “Operação Labirinto”, que investiga ilegalidades na atribuição dos chamados Vistos Gold, como cortina para fazer avançar a “Operação Marquês”, que tem no ex-primeiro-ministro o principal arguido.

“Mostrar lado humano descascando-o como uma cebola”

A obra baseou-se em conversas mantidas pelas autoras com amigos e familiares de Carlos Alexandre, pela consulta de alguns dos processos por que é responsável e por entrevistas feitas a quem lhe critica a actuação como juiz.

A biografia aborda a infância em Mação, no Ribatejo, os tempos da escola e as dificuldades económicas da família, que o obrigaram a começar a trabalhar cedo, como servente de pedreiro, carteiro e vigia florestal, e como aproveitava os turnos da noite para “enriquecer o vocabulário” lendo um dicionário.

O objectivo é “mostrar o lado humano do juiz”, conforme destaca Raquel Lito na TSF, notando que traçar o perfil de Carlos Alexandre foi como descascar “uma cebola”.

“Vai-se descascando, camada por camada, a primeira mostra um homem austero, distante, conflituoso, truculento, e depois, aos poucos, vai-se percebendo que também gosta de contar anedotas, que é divertido, que canta rap e é sarcástico“, relata à rádio.

“É um juiz obstinado e determinado, o que pode ser visto por muitos como uma qualidade e por outros como o defeito dele”, salienta, por seu turno, Isabel David Bastos, frisando que estes consideram que essa atitude lhe retira “a capacidade de fazer auto-análise”.

Raquel Lito conta ainda que Carlos Alexandre “tem uma rede de amigos muito próximos que estão em permanente contacto e que o protegem” e que, mal um estranho chega a Mação a perguntar por ele, o informam logo.

SV, ZAP //

5 Comments

    • Sem dúvida que a ambiguidade que o caracteriza, tem tantas ou mais camadas que uma cebola. O tratamento que lhe mereceu o caso Portucale e os submarinos é bem significativo da coerência que tenta impingir. Como aquela de nunca ter pedido dinheiro a ninguém, ter que fazer horas extraordinárias para cobrir as suas despesas, tadinho… quando afinal “pediu” ao procurador orlando figueiredo emprestado uns trocados. Claro que não tem nada a ver c/o arquivamento dos processo do vice de Angola.

  1. Gosto das analogias literárias do “descascar da cebola”, o desgraçado deve estar voltas na campa, por saber que as suas influências foram parar à área da justiça.

  2. Se o Juiz, coitado, revela um complexada perdonaludade que surpreebde nao ter sido detectada durante a sua formavao na Escila de Omandos do Limoeiro ( CEJ), as pobres das autoras sao de uma pibreza intelectual que roça a indigência!!
    Bem podem, todos, o tipo de Maçao e elas, limpatem o rabinho aos ” cortinados” …
    Que tristeza… Será que o C Superior continua a arquivar estas cousas!!!? Será que vivemos uma ditadura judiciária, onde se cinfunde justiça com instrumento de tortura!!! Que critério!? comparem os criterios usados por este senhor na aplicacao de medidas de coaccao!!!
    Aumentos de vencimento para esta gajada!? era pô-lis a ” ferros” …

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.