O Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Gerês/Cabreira, Vieira do Minho, detetou 77 infetados pelo novo coronavírus, com os autarcas da área a reclamarem contra a demora na distribuição de testes, disse esta sexta-feira à agência Lusa o presidente da Câmara.
Segundo António Cardoso, já há três mortos confirmados, sendo um deles um utente de um lar em Rossas, Vieira do Minho, Braga, de 82 anos, garantindo que já foram requisitados testes para todos os utentes e funcionários da instituição.
“Aqui, nestes dois últimos dias, foram detetados 77 casos de covid-19. Temos pedido insistentemente que nos sejam enviados testes, as autarquias estão dispostas a suportar os custos, mas o que nos dizem é que os testes estão a ser desviados essencialmente para a zona de Lisboa”, criticou o autarca.
Quanto à utente do lar, o autarca explicou que a autarquia pretende “fazer testes em todos os utentes e funcionários do lar, 28 no total, mas não há testes disponíveis” e “há mais um utente em isolamento”.
“Não se entende este atraso na distribuição dos testes nem este desvio para a zona de Lisboa quando se verifica o maior número de casos confirmados a Norte”, criticou António Cardoso.
A ACES Gerês/Cabreira é composta pelos municípios de Amares, Póvoa de Lanhoso, Terras do Bouro, Viera do Minho e Vila Verde.
Não é a primeira vez que surge uma denúncia sobre “desvios” para Lisboa. Em março, o Hospital de Santo António denunciou que os 29 ventiladores doados pela Galp para serem distribuídos em hospitais da zona Norte acabaram por ser enviados para Lisboa.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 55 mil. Dos casos de infeção, cerca de 200 mil são considerados curados.
A pandemia afeta já 50 dos 55 países e territórios africanos, com mais de 7.000 infeções e 280 mortes, segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC). São Tomé e Príncipe permanece como o único país lusófono sem registo de infeção.
Em Portugal, segundo o balanço mais recente da Direção-Geral da Saúde, registaram-se 246 mortes, mais 37 do que na véspera (+17,7%), e 9.886 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 852 em relação a quinta-feira (+9,4%). Dos infetados, 1.058 estão internados, 245 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 68 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 2 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 0h de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.
ZAP // Lusa
Lisboa, a sanguessuga.