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Arranca um “novo ciclo político” no PS (com Costa a ver a nova geração a disputar o seu lugar)

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Hugo Delgado / Lusa

Começou neste sábado, em Portimão, o 23.º Congresso Nacional do PS com a sucessão de António Costa como o grande assunto. O secretário-geral socialista pode não se recandidatar em 2023, e vai ficar a ver a nova geração do partido a disputar os holofotes.

Pedro Nuno Santos, Mariana Vieira da Silva, Fernando Medina e Ana Catarina Mendes vão ser figuras de destaque na mesa do Congresso do PS na Portimão Arena, no Algarve.

António Costa, que já disse que não vai apoiar nenhum candidato à sua sucessão, vai discursar neste sábado, no arranque do Congresso. Depois ficará a ver os quatro elementos da nova geração socialista a disputarem os holofotes, na corrida à sua sucessão.

Mas se o secretário-geral do PS promete não apoiar ninguém, espera-se que haja, pelo menos, algum sinal quanto ao mais provável sucessor.

A “forma como escolher os mais próximos na hierarquia do partido pode dar boas indicações sobre o que quer o secretário-geral”, como salienta um socialista que prefere manter o anonimato em declarações ao Diário de Notícias (DN).

“Vai ser muito interessante ver a lista, os lugares e como são ordenados”, aponta este “alto dirigente”, como é identificado pelo jornal.

“Cá estarei em 2023”

Tem sido anunciado que Costa não deverá recandidatar-se à liderança do PS em 2023.

Portanto, este Congresso pode marcar, “claramente”, um “novo ciclo político” no PS, como vaticina o próprio Presidente da República em declarações ao DN.

Nesta equação, temos que colocar as eleições autárquicas deste ano. E as legislativas acontecem dentro de dois anos. Portanto, estamos a entrar numa fase política decisiva.

O Congresso pode servir para reforçar desde já o mais provável sucessor de Costa. O primeiro-ministro já disse que há “muitos e bons” sucessores no partido, uma ideia que destoa com a declaração prévia à sua anterior reeleição, quando disse que não estava a pensar em “reformar-se”.

Contudo, à chegada ao Congresso, Costa manteve o tom um pouco enigmático, recusando qualquer “tabu” quanto à sua sucessão.

Acabo de ser eleito para um mandato que vai até 2023. Cá estou agora e cá estarei em 2023″, limitou-se a dizer.

Nova geração à espera de brilhar

Os quatro nomes apontados à sucessão de Costa têm trilhado percursos bem distintos e assumido papéis muito diferentes na política portuguesa. Mas todos foram lançados por Costa para a ribalta política e todos o apoiaram na primeira hora. Contudo, alguns têm-se distanciado do secretário-geral do PS nos últimos tempos.

Pedro Nuno Santos é o melhor exemplo disso. Depois de ter sido acolhido na “asa” de Costa, o actual ministro das Infraestruturas assumiu um trilho que se tem desviado das ideias do primeiro-ministro em vários assuntos. É considerado o grande candidato da ala mais à esquerda do PS e tem sido também o mais ruidoso na crítica interna a Costa.

Também Fernando Medina se tem distanciado um pouco de Costa depois de lhe ter sucedido na presidência da Câmara de Lisboa. O autarca assumiu algumas posições que foram tidas como contrárias ao primeiro-ministro, mas já prometeu que ficará na Câmara até ao fim do mandato, caso seja reeleito para o cargo.

Ana Catarina Mendes já vem sendo apontada como potencial sucessora de Costa há alguns anos. É uma figura de dentro do aparelho do partido, com um lugar no Parlamento que lhe dá visibilidade e influência e já foi secretária-geral adjunta do PS entre 2015 e 2019.

Em Junho, a líder parlamentar do PS lançou críticas a Pedro Nuno Santos, o que levou à intervenção de Costa para evitar a escalada de tensão no PS nas vésperas do Congresso.

Mariana Vieira da Silva começou a surgir como forte candidata à sucessão nos últimos dias. A ministra de Estado assumiu o lugar de primeira-ministra em exercício durante as férias de Costa e é a quarta na hierarquia do Governo.

O papel da ministra durante a pandemia de covid-19 tem sido muito elogiado e é vista como uma presença cada vez mais importante no Executivo e no PS.

Contudo, no tom conciliatório que a caracteriza, Mariana Vieira da Silva refere que o “presente e o futuro do PS é António Costa”.

Durante o Congresso, Mariana Vieira da Silva apresentará a moção estratégica de Costa, tendo sido ela a alinhavá-la.

Medina e Ana Catarina Mendes também vão discursar, enquanto que Pedro Nuno Santos deverá ficar em silêncio. Um silêncio que pode ser ensurdecedor… A não ser que seja ofuscado pelo brilhantismo dos outros potenciais sucessores de Costa.

Autárquicas e o “namoro” à esquerda

O Congresso do PS deverá servir para lançar a campanha autárquica e aprovar uma linha de continuidade estratégica, com os socialistas a privilegiarem acordos à esquerda.

Este ponto assume importância no âmbito da discussão do Orçamento de Estado para 2022 (OE2022). Os socialistas devem deixar marcada no Congresso a disponibilidade de diálogo com os “parceiros” parlamentares à sua esquerda – PCP, PEV e Bloco de Esquerda – e também com o PAN.

Na direcção socialista, a questão da aprovação do OE2022 é encarada como “fundamental”, não só por uma questão de estabilidade política, mas também por se considerar instrumento essencial para a recuperação económica e social após a crise provocada pela pandemia da covid-19.

Além disso, as eleições autárquicas de 26 de Setembro próximo serão também tema central, com os socialistas a terem como objetivo vencer em número de Câmaras e de freguesias, mantendo as presidências das associações nacionais de municípios (ANMP) e de freguesias (ANAFRE).

No Congresso serão debatidas duas moções políticas de orientação global, a de Costa e a do dirigente socialista Daniel Adrião, que teve 6% nas eleições directas para o cargo de secretário-geral em Junho passado.

As votações destas duas moções de estratégia, por via electrónica, estão previstas para as 20 horas deste sábado.

No domingo, os delegados socialistas elegem, também por voto electrónico, as comissões Nacional, de Jurisdição e de Fiscalização Económica, e assistem à apresentação de mais de duas dezenas de moções sectoriais.

António Costa fará depois a sua segunda intervenção de fundo, encerrando o congresso com um discurso essencialmente virado para as questões da governação.

ZAP // Lusa

5 Comments

  1. António Costa tem sido um dos melhores primeiros-ministros desta terceira República. Mas qualquer pessoa de bem acaba por ficar farta da política…

    • Encontrar a casa arrumada e passar por uma pandemia com uma bazucada como essa que aí vem, não é sorte para qualquer um! Vamos ver agora o resultado, se o país dá um salto para cima ou se pelo contrário cai uma vez mais no pântano a que o PS é tão atreito a cair. Convém não esquecer que apesar de a troika ter ido embora o país ficou, para bem de nós todos, ainda sob vigilância apertada, caso contrário depressa se teria caído uma vez mais no descalabro governativo.

  2. Que ninguém tenha ilusões esta trupe composta pelo ps, be e pcp, se os puserem a governar o deserto do Saara, ao fim dum ano estão a importar areia!!! Tenho pena das gerações futuras a terem de pagar as burrices destes idiotas.

  3. Comunistas à fartura .Uma sucessão com muita propaganda à mistura.
    Quem diz mal disto é o marques lendes que ao palrar faz questão de esbracejar muito.
    À direita bem sabemos os castigos que nos impingiram no tempo do psd e cds. Uma dupla que nos deu água pela barba.Tempos tristes que nos deixaram as piores recordações. Muito desemprego, redução de salários, muitos impostos e que impostos, muita emigração , muitas falências e muitas saudades do passado que já lávai. Espero que não se esqueçam.

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