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Americano previu em 2009 o drama dos incêndios de 2017 (e avança a causa principal)

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António Cotrim / Lusa

Rescaldo do incêndio em Valongo, Pedrogao Grande

Em 2009, o antigo dirigente dos Serviços Florestais dos EUA, Mark Beighley, previu que, num único ano, poderiam arder 500 mil hectares em Portugal. Esse cenário aconteceu em 2017.

A previsão de Mark Beighley surge num relatório de uma das diversas Comissões já criadas no Parlamento português sobre os fogos florestais, reporta a TSF.

“Na próxima década, o risco catastrófico de uma época de incêndios que consuma uma área igual ou superior a 500 mil hectares, em Portugal, deve ser levado muito a sério”, apontava, em 2009, o especialista norte-americano, citado pela estação.

Esse mesmo relatório de há oito anos abordava vários cenários para o futuro e o mais dramático era o que “apontava para 5% de hipóteses de arderem 500 mil hectares num ano”. A profecia trágica concretizou-se neste ano.

“Abandono das zonas rurais”

Autor de vários estudos sobre os fogos em Portugal, Beighley considera que a tragédia dos fogos, que se vem repetindo todos os anos, com crescentes perdas e mortes, se deve a várias causas.

“As razões são muitas, a resposta é complexa e não é fácil, mas o principal factor é o abandono das zonas rurais“, considera na TSF o antigo dirigente dos Serviços Florestais dos EUA.

“Os idosos que ficam não conseguem manter os campos que antes bloqueavam o avanço do fogo, dando lugar a árvores ou mato que ardem facilmente”, refere.

A juntar a este abandono do Interior, “a progressão de espécies sem controlo que ardem facilmente”, como o eucalipto, e as alterações climáticas ajudaram a este “previsível” desfecho trágico, diz ainda.

“É sexy anunciar aviões”

Entre os problemas apontados à realidade portuguesa, o especialista norte-americano aponta também o excesso de incêndios provocados por mão humana e o erro de privilegiar a aposta no combate em vez de na prevenção.

“É sexy anunciar mais aviões, helicópteros, meios aéreos pesados, todos os políticos gostam de o fazer, mas não é o mais importante“, alerta.

E, para o futuro, Mark Beighley vai já alertando que “o inesperado deve ser cada vez mais esperado”, por culpa das alterações climáticas.

Com o clima cada vez mais instável e as estações menos definidas, é essencial actuar conforme as previsões climatéricas, avisa por fim, criticando a pré-calendarização do combate aos fogos que existe actualmente, com os meios disponíveis entre determinado período de tempo – a chamada “época dos fogos”.

ZAP //

30 Comments

  1. “E, para o futuro, Mark Beighley vai já alertando que “o inesperado deve ser cada vez mais esperado”, por culpa das alterações climáticas.” Eh, pá! Fala com o teu presidente ácerca dessas “alterações climáticas”. Se calhar devias era estar mais preocupado com o teu próprio país (que teve bem mais que 500 hectares ardidos) e não com os outros. Sabes? Eu prevejo que daqui a uma década vai ser muito mais quente e, em consequência, os fogos vão ser mais frequentes. Será que vão falar de mim daqui a dez anos (mais ou menos)?

    • Caro Dr Bunga, talvez você devesse viajar um pouco, e sair aqui do quintal. Essa de dizer que nos EUA arderam mais de 500 hectares, apesar de ser verdade, não faz sentido algum, pois a dimensão de Portugal não tem a mínima comparação com a dimensão dos EUA. Proporcionalmente falando, a percentagem de hectares queimados em Portugal é esmagadoramente superior.

      De qualquer forma o homem falou em 2009, e tentou alertar-nos para o que ai vinha… e veio mesmo. Assim sendo não entendo essa sua raivinha dos dentes em relação ao homem. É inveja? Necessidade de fama? Só pode.

      • Não entende? Pois eu não entendo a sua indignação. Também “não faz sentido algum”. Inveja? Nenhuma. Necessidade de fama? Nada! Raivinha? Talvez um pouco. Por ouvir um gajo dos EUA a mandar “bitaites” sobre um país que não é o dele. Não fica também chateado? Talvez não. Talvez não seja português como eu…
        “Proporcionalmente falando, a percentagem de hectares queimados em Portugal é esmagadoramente superior.” Tem a certeza do que está a dizer? Mesmo? É que eu não.

        Nota: Uma vez que não percebeu o meu comentário, sugiro-lhe duas opções. Leia de novo ou ignore. Ou faça as duas coisas!

      • Entendo o seu coment Bunga.E há ainda outro aspecto que não referiu. É que…
        Nada dito pelo americano foi novidade, décadas antes o Arq Teles, eu próprio e muitos mais vinhamos dizendo isso.
        Mas nestes media de algibeira quando é dito por um estrangeiro vale mais…

      • Mas em Portugal arderam mesmo 500 hectares? Era bom, não era …!!! Foram 500 mil hectares … e 500 mil ou 500.000 são só mil (1.000) vezes mais,

        Realmente, há muitos anos que foi diagnosticada uma grave carência de conhecimentos de aritmética, neste pobre e desgraçado país.

        Acho que muito boa gente devia regressar aos bancos da escola primária, dos tempos em que estes erros eram “reparados” com uma boa reguadas, cabeçadas no quadro de ardósia ou vergastadas com uma forte cana de bambu … ou melhor, nunca de lá deviam ter saído.

        Que vergonha mundial, Santo Deus …

      • Sabe? O tanto querer contrapôr um argumento cega! É óbvio que não queris dizer 500 hectares mas sim 500 mil hectares! Pegar por aí é desonesto e demonstra que não tem argumentos (e nada tem a ver com aritmética mas com uma gralha).
        É realmente vergonhoso alguém servir-se deste “argumento” para fazer as suas opiniões… Que, curiosamente, esqueceu-se de expressar. Afinal, para além de tentar corrigir um erro, que pensava ser aritmético, (mas não era) o que relamente queria dizer? Era só isso? Iiiii…. Então parece-me que perdeu o seu tempo. Sugiro-lhe que comente algo de construtivo em vez de “amandar postas de pescada pró ar” (eu ia “dizer” arrotar postas de pescada, mas achei impróprio… ups!).

        Nota: Não digo “Santo Deus” porque não sou religioso, mas respeito quem seja.

        Vegonha Mundial… E que tal Vergonha Local?

        Ah! Mas que rico exemplo esse de apoiar o uso de violência no ensino… De que século é?

  2. É sempre a mesma coisa, quando acontece uma tragédia, aparecem sempre os iluminados, e não é só a Maya na Sic, a prever o que vai acontecer, mas o mais engraçado é que só prevêm depois dos factos acontecidos.

    • Ó Sousa a sua resposta é que é iluminada. Se escreveu é porque deve saber ler e se sabe ler, sabe também interpretar um texto? Então você não leu o artigo? Não leu que ele disse o que disse no ano de 2009. Há oito anos atrás. Então? Sempre parece que o homem é iluminado.

    • É sempre a mesma coisa, os comentadores da treta que nem lêem os artigos (ou pior, não compreendem o que lêem) vêm criticar com ares superiores debitando disparates. A previsão foi feita há 8 anos como é que isso é depis dos factos acontecidos?!

      • E aqueles que comentam sem saber escrever!? E pior… são coerentes nos erros!!! Leem mal? Será?

      • Caro Pois, não sei se se refere ao “leem” ou a desleixos de digitação. Se é ao primeiro caso deveria saber que o novo AO só é oficial há dois anos e os próprios especialistas estimam que seja necessário um período de duas gerações para que se considere implementado. Também deveria saber que a utilização da grafia antiga não é considerada erro. Ora, sendo eu uma pessoa já com alguma idade acho que isso é um argumento irrisório e mesquinho para tentar descredibilizar o meu que, ao contrário, tem justificação e pertinência.

      • O senhor tem de mudar. Bem sei que o povo teme sempre a mudança. Mude! Ouse inovar! Embarque nesta nova fase da sua vida. Deixe-se imbuir do espírito do novo acordo e seja realmente feliz.

      • O senhor tem de mudar. Bem sei que é difícil deixar de perder tempo a chatear o próximo com paternalismos e julgamentos mesquinhos mas iria ter uma vidinha quiçá mais interessante. Deixe-se imbuir pelo espírito do bom-senso e do descernimento e, em vez de azucrinar, deixe os outros serem felizes.

    • O Sousa, deves pertencer a um direccao de uma corporacao de bombeiros voluntarios qualquer, que so quer e subsidios para meios… subsidios esses que acabam na compra de ambulancias de transporte ou construcao de creches, ginasios e afins.

      E dps e o que se ve… homens e mulheres que dao o litro por uma associacao mal equipados e com viaturas obsoletas!!!!!!!!

    • Tens toda a razão, o homem é mesmo um iluminado, e parece que ninguém lhe deu ouvidos.

      E tu porque não leste a noticia antes de comentar? Falta de luz?

    • Dou razão ao Sousa, não pelo que está na noticia mas porque esta é provavelmente 1 entre centenas de previsões que foram feitas desde 2009, e como o texto diz, o autor da previsão deu uma probabilidade de 5% de esta ocorrer, portanto esta era apenas uma previsão entre muitas, que até estava longe da certeza. Pergunto, antes de Julho e Outubro de 2017 em qual das muitas previsões acreditar? Agora é facil destacar esta.

  3. Que noticia mais sensionalista e de baixa qualidade tipo CM.
    Reprovacao ao zap aeiou.
    O homem apenas disse que havia apenas 5% de probabilidade de tal ocorrer e entao ele previu o quę? Que havia 95 % de tal nāo acontecer! Ou seja disse ter quase a certeza que isso nao ocorreria!
    E aconteceu!
    Depois o resto sao obviedades sobre a desertificaçao do interior.Quem lhe pagou a viagem ? Temos em Portugal dezenas de sociologos, antropologos e economistas para escrever mais fundamentadamente sobre isso.

      • Mais um disparate. Limpam e bem. E onde limpam não arde. Até porque não fica nada para arder. Mas o senhor comenta sem saber do que se fala por aqui.

  4. Estou a escrever-vos de África, onde as temperaturas hoje rondaram os 40ºC. Há mato por todo o lado, terra mal cuidada, árvores arbustos e mato pequeno cobrem o terreno e, no entanto, não há fogos, apesar de coixistirem as mesmas condições (temperatura e carga de incêndio) Falta realmente, para a coisa se dar, a ignição. Não é a temperatura elevada que cria a ignição. Outras causas há, certamente e a mão humana é uma delas. Não tenho dados concretos, mas acredito que mais de 90% dos fogos que temos no País têm origem em mão criminosa.
    Prevenir incêndios é o ponto inicial para que eles não existam, obviamente. Há, no entanto que ponderar sobre prevenir o quê e porquê. Não creio que sejam só loucos a pegarem fogo intencionalmente à floresta. Deve exigir-se uma atitude frontal, ao governo, neste âmbito, claro que sim, mas é imperioso que as baterias se voltem para as verdadeiras causas. Sob pena de não haver fim para este pesadelo, também económico, que não podemos suportar.

    • Olhe tenha juízo. Todos os anos a savana africana arde. Faz parte do processo de regeneração da própria natureza. E que eu saiba não são os leoezinhos ou os elefantes a fazer churrascos na selva. É do próprio calor e da savana estar totalmente seca.

    • Não há fogos em África?!
      Hahahaaa!…
      Quanta ignorância!!!
      Antes de comentar deveria pelo menos ter alguma noção do que se fala!…
      Bastava pouco mais do que a 4ª classe e uma pequena noção de geografia…
      Primeiro, não faltam incêndios em África (é, provavelmente, a região do mundo onde há mais fogos!) e depois, faltou-lhe um “pequeno” pormenor importantíssimo (que, caso ainda não tenha reparado é um dos factores determinantes para haver fogos) e se chama humidade!
      Além, claro, do vento!…
      Além disso, sendo tropical, o clima em boa parte de África, a humidade é sempre elevada, portanto, é só raciocinar um pouco para perceber a diferença; não é?!
      Pois!…
      .
      O seu triste cometário é a prova de que não é por se estar/viver em determinado local/região/país que se conhece minimamente essa mesma região!!

  5. Mas quem é que não preveria uma situação destas sobretudo quem habita fora da capital, possivelmente só apenas os técnicos iluminados que por lá habitam (na capital) mas que coitados não metem os pés aqui pela província como eles lhe chamam. Terras ao abandono, ordenamento totalmente nulo, vigilância e justiça igualmente igual, o que é que se espera! Sem um verdadeiro ordenamento da floresta e que terá que mexer com mentalidades de milhares de proprietários pois esta terá que ser certamente explorada por grandes empresas e grandes áreas para que se torne rentável e obrigatoriamente mantida limpa e vigiada por vários meios além de redes viárias e de água contra incêndios e as aldeias livres de floresta à porta e abandonada como é usual por todo o lado, duvido que estas medidas básicas venham a ser implementadas para mais as que estão já a surgir pecam por ficar apenas dentro da área da governação quando deveriam ser discutidas num quadro muito mais amplo e sobretudo com a população local mais conhecedora dos problemas.

  6. Quem são os interessados?
    Os madeireiros
    As empresas de celulose que querem ficar a gerir os baldios, retirar os mesmos às populações e pagar menos pela matéria prima.
    As empresas e interesses ligados ao turismo para construção de resorts e campos de golfe.
    As empresas de aglomerados.

    E tantos outros….

  7. Quando, aqui ou noutro lado/plataforma, alguém pode argumentar que os fogos que por cá aconteceram é um problema dos portugueses só confirma que, infelizmente, a ignorância/irresponsabilidade está presente…
    Parte dos danos colaterais que advém destes incêndios são nefastos para o planeta ou parte deste… deixe-se de se olhar, em termos ambientais pelo menos, para países/fronteiras e olhe-se de uma forma global… o nosso país é o planeta Terra! Engraçado estamos perante dois desafios… a 4ª revolução industrial e a perseveração do ambiente… de certeza que o 1º está dependente do 2º…

  8. Isto é notícia porque foi um americano a lançar a “profecia”. Mas eu questiono: “quantos portugueses, dos mais dotados intelectualmente aos mais modestos agricultores e cidadãos comuns das mais variadas profissões”, andam há décadas a dizer isso mesmo?

    É a sempre eterna bajulação a tudo o que vem de outras paragens e o liminar escárnio de tudo o que os nossos iguais possam conjecturar.

    Decididamente, os portugueses são mesmo os principais inimigos dos portugueses. Assim, não vamos a lado algum.

  9. Vai uma aposta que no dia em que se pegar em alguns incendiários, e os mesmos sejam largados (de helicóptero por exemplo) no meio de uma floresta a arder, para que tentem sair de lá vivos… com cobertura televisiva em directo… vai fazer com que futuramente o número de fogos em Portugal reduza em larga escala?!

    Isto sou só eu a pensar… porque se eu tivesse poder para tal, acreditem que era isso mesmo que faria!!!

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