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Abanca desiste de comprar Eurobic. Isabel dos Santos mantém intenções de sair (e já há interessados)

O espanhol Abanca anunciou esta terça-feira que desistiu de comprar o EuroBic “uma vez que as condições acordadas para o referido objetivo não foram cumpridas”, indicou o banco num comunicado. Isabel dos Santos mantém intenções de sair do banco.

A notícia, avançada pelo jornal Eco, foi assim confirmada pelo organismo, que “comunica que, apesar de ter dedicado esforços e recursos significativos à aquisição de 95% do banco português EuroBic, foi forçado hoje a desistir da operação, uma vez que as condições acordadas para o referido objetivo não foram cumpridas”, indicou na mesma nota.

“O acordo tinha sido comunicado a 10 de fevereiro de 2020 e tinha sido indicado, como habitual neste tipo de operações, que estava sujeito a determinadas condições. O Abanca comunicou esta decisão ao EuroBic e ao Banco de Portugal”, referiu a instituição espanhola.

Ainda assim, o Abanca realçou que mantém interesse no mercado português e que “continuará a analisar potenciais operações de aquisição que fomentem sinergias ao seu projeto em Portugal”.

Em Portugal, “o Abanca tem um projeto sólido e em crescimento, com presença nas principais cidades e centros económicos, o que lhe permite posicionar-se como instituição financeira líder em advisory banking”, realça o comunicado.

Isabel dos Santos quer sair

De acordo com o semanário Expresso, apesar da desistência do espanhol Abanca, Isabel dos Santos mantém a intenção de sair do Eurobic e os acionistas continuam disponíveis para mudar a estrutura acionista.

“A Senhora Engª Isabel dos Santos informou que continua disponível para alienar as suas participações indiretas representativas de 42,5% no capital do EuroBic e os restantes acionistas, titulares de 57,5% do capital do banco, informaram que mantêm em aberto todas as hipóteses de reconfiguração da estrutura acionista do banco”, aponta um comunicado enviado às redações da parte do banco liderado por Fernando Teixeira dos Santos.

Os restantes acionistas, em que se destaca Fernando Teles com 37,5%, assumem que podem vir a adquirir as participações de Isabel dos Santos, mas também assumem que podem vender total ou parcialmente as suas ações.

No banco português, a eleição da nova administração tinha sido adiada à espera da entrada dos novos acionistas para que fosse o Abanca a escolher quem queria à frente do EuroBic. Agora, Teixeira dos Santos continua à frente do banco até nova indicação.

O banco cuja posição maioritária pertencia a Isabel dos Santos está, na sequência do escândalo Luanda Leaks, estava em processo de venda ao Abanca e aguardava o fecho do negócio.

O banco espanhol tinha admitido o interesse no Eurobic. Os espanhóis queriam controlar pelo menos 75% do capital. Depois, o Abanca acabou por adquirir 95% do capital do banco.

O principal caso à volta dos Luanda Leaks está relacionado com ordens de transferência de uma conta da Sonangol no EuroBic, sediado em Lisboa, para uma empresa offshore no Dubai, alegadamente controlada por Isabel dos Santos, no montante de cerca de 90 milhões de euros, em cerca de 24 horas, num período de tempo que se seguiu à demissão da empresária da liderança da petrolífera angolana.

Isabel dos Santos tem as suas contas bancárias em Portugal arrestadas pelo Ministério Público português, que respondeu ao pedido de cooperação das autoridades judiciais angolanas, que investigam Isabel dos Santos e o alegado desvio de fundos.

Desde que o caso dos Luanda Leaks veio a público, a empresária está a desfazer-se das posições que detém em empresas portuguesas.

ZAP // Lusa

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