Milhares de cientistas e académicos, incluindo o astrofísico britânico Stephen Hawking, lançaram esta terça-feira um apelo para a proibição de armas ofensivas autónomas, ou “robôs inteligentes assassinos”, alertando para o perigo de poderem errar alvos ou ser usados por terroristas.
“As armas autónomas escolhem e acertam em alvos sem intervenção humana. Têm sido descritas como a terceira revolução na prática da guerra, após a pólvora e as armas nucleares”, afirmam os signatários, numa carta aberta publicada na abertura da IJCAI, a Conferência Internacional sobre Inteligência Artificial, em Buenos Aires.
Os robôs assassinos inteligentes, que podem tomar a decisão de matar sem controlo humano – ao contrário dos ‘drones’ telecomandados que ainda precisam de intervenção humana – estão a preocupar as Nações Unidas, os cientistas e as organizações de defesa dos direitos humanos.
Na linha da frente das preocupações da comunidade científica e empresarial com o avanço da Inteligência Artificial estão personalidades como Stephen Hawking, Elon Musk ou Bill Gates, que em Fevereiro manifestou as suas preocupações com o avanço da IA.
Hawking, um dos mais proeminentes astro-físicos do mundo, revelou em dezembro do ano passado que temia que a Inteligência Artificial pudesse destruir a humanidade.
Um dos fundadores da Apple, Steve Wozniak, acha também que os robôs vão conquistar o mundo – mas não está preocupado, porque os homens serão as suas mascotes, e bem tratados pela nova espécie dominante.
Em sentido contrário, Linus Torvalds, o fundador do sistema operativo Linux, diz que a ameaça da Inteligência Artificial é “má ficção científica”.
Duas reuniões de peritos já foram realizadas em Genebra sobre o assunto, como parte da Convenção da ONU sobre Certas Armas Convencionais.
“A tecnologia de inteligência artificial chegou a um ponto onde o desenvolvimento daqueles sistemas é, praticamente senão legalmente, possível nos próximos anos, mais do que nas próximas décadas”, referem na carta aberta investigadores de professores de Harvard, Berkeley, Cambridge, Liège.
Toby Walsh, professor de Inteligência Artificial na Universidade New South Wales, na Austrália, e signatário do ato, afirmou que “todas as tecnologias podem ser utilizadas para o bem e para o mal”.
Para o professor, o desenvolvimento da inteligência artificial deve ser feito, mas de maneira regulamentada, visto que as aplicações civis são múltiplas, e acompanhada de uma legislação restrita.
Toby Walsh salientou também que as empresas de armamento dos principais países desenvolvidos têm feito progressos consideráveis no desenvolvimento da Inteligência Artificial com aplicações militares.
“Levará centenas de anos até que os robôs possam ter mais inteligência do que os humanos”, disse há cerca de um mês Steve Wozniak, “e serão necessários muitos anos até que tudo o que nos rodeia seja controlado por computadores e robôs”.
Mas segundo os cientistas participantes na IJCAI-15, Wozniak está enganado. Os robôs inteligentes que vão controlar o mundo poderão estar já ali ao virar da esquina.
ZAP / Lusa