Responder com humor e desvalorizar a pessoa que nos insulta é a melhor forma de minimizar o poder das palavras.
Os velhos ditados “os cães ladram e a caravana passa” ou “palavras leva-as o vento” têm sido utilizado há muito tempo para minimizar o poder dos insultos. Mas a ciência mostra que isso simplesmente não é verdade, com várias investigações a revelar que a rejeição e os ataques verbais desencadeiam uma atividade cerebral quase idêntica à provocada pela dor física. Ou seja, as palavras podem realmente magoar.
Os insultos, no entanto, não têm todos a mesma força. O seu impacto depende não só da intenção de quem os profere, mas também da mentalidade de quem os recebe. Quando se trata de insultos diretos, sem um peso cultural ou histórico mais profundo, os psicólogos dizem que as vítimas têm um controlo surpreendente sobre o quão prejudiciais estas palavras podem ser, refere o Science Focus.
Os investigadores apontam várias estratégias que podem neutralizar os insultos ou até mesmo desviá-los para quem os profere. Uma técnica eficaz é mudar a categoria social do ofensor, fazendo-o parecer menos credível ou até mesmo ridículo. Por exemplo, se alguém comentar: “O teu corte de cabelo está ridículo”, uma resposta espirituosa como: “Ok, calma, avó”, reenquadra o agressor como antiquado e descontextualizado.
Outra abordagem é amplificar a autocrítica involuntária dentro do insulto. Se alguém disser: “Não percebo porque é que o teu parceiro está contigo”, responder: “Gostarias que te explicasse com lápis de cera?” destaca a própria admissão de confusão, invertendo a dinâmica e tornando-se alvo de chacota.
Uma terceira estratégia, conhecida como “coconstrução da crítica”, passa por aceitar de forma lúdica e até desenvolver o insulto para o destituir de poder. Uma provocação como “Estás gordo!” pode ser respondida com: “Espero que sim, já gastei dinheiro suficiente para chegar a este ponto”. Ao inclinar-se para o insulto, o alvo neutraliza a sua dor e mantém o controlo da interação.
Embora os métodos variem, os especialistas dizem que o ponto em comum é a recusa em dar um estatuto elevado ao ofensor. Ao resgatar a narrativa, os indivíduos podem proteger-se emocionalmente, ao mesmo tempo que minam a intenção do ataque.
Na sua essência, embora os insultos possam ativar os centros de dor do cérebro, não têm de deixar danos duradouros. A ciência sugere que, com humor, as pessoas podem transformar as agressões verbais em oportunidades para afirmar confiança e talvez até rir à custa do agressor.