Num “culto de ditadores”, China mostra a sua pujança durante desfile militar

Alexander Kazakov / EPA

Vladimir Putin, Xi Jinping e Kim Jong Un

Durante uma parada militar em Pequim, esta quarta-feira, que contou com a presença dos líderes da Rússia, Vladimir Putin, e da Coreia do Norte, Kim Jong-un, o presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que o “rejuvenescimento da nação chinesa é imparável”.

A China organizou, esta quarta-feira, uma parada militar sem precedentes para celebrar os 80 anos desde o fim da II Guerra Mundial (1939-1945).

Xi Jinping apelou à erradicação das causas da guerra, para evitar a repetição da História.

A principal mensagem, contudo, foi de afirmação do papel da China no mundo: “O povo chinês é um povo que não teme a violência, é autossuficiente e forte”, disse.

O rejuvenescimento da nação chinesa é imparável e a nobre causa da paz e do desenvolvimento da humanidade triunfará certamente”, declarou Xi, num discurso perante dezenas de milhares de pessoas na Praça de Tiananmen.

O evento contou com a exibição de mísseis, caças modernos e outros equipamentos militares, muitos dos quais mostrados ao público pela primeira vez, num sinal do crescente peso que a China quer assumir no palco internacional.

A cerimónia começou com uma salva de 80 tiros de artilharia e a execução do hino nacional, “Marcha dos Voluntários”, composto em 1935 durante a resistência à invasão japonesa.

“Culto de ditadores”

O presidente de Taiwan William Lai Ching-te criticou o “culto a ditadores” e as redes de polícia secreta em regimes autoritários.

“O fascismo abrange o nacionalismo extremo, a procura de um grande rejuvenescimento nacional ilusório, o controlo interno rígido do discurso, a repressão da diversidade social, a criação de redes de polícia secreta e o culto descarado a ditadores”, escreveu William Lai, na rede social Facebook.

O Presidente taiwanês recordou que foi o general Hsu Yung-chang, dos republicanos do Kuomintang (KMT), quem assinou a rendição do Japão em 1945 em nome da China, sublinhando que, desde então, “os antigos países do Eixo tornaram-se democracias”.

Em 1949, com a vitória das forças comunistas de Mao Zedong e a proclamação da República Popular da China, o Governo da República da China, liderado por Chiang Kai-shek, do KMT, refugiou-se na ilha de Taiwan, onde continua a funcionar com autonomia até hoje.

Pequim considera Taiwan uma “parte inalienável” do território chinês e não descarta o uso da força para anexar a ilha, um dos objetivos de longo prazo de Xi após ter assumido o poder em 2012.

A China intensificou uma campanha de pressão diplomática e militar contra Taiwan nos últimos anos, realizando regularmente exercícios militares perto da ilha.

Antes do início da parada, Xi Jinping afirmou que “o povo chinês é um povo que não teme a violência, é autossuficiente e forte”.

“O rejuvenescimento da nação chinesa é imparável e a nobre causa da paz e do desenvolvimento da humanidade triunfará certamente”, sublinhou.

Durante o desfile, o Presidente norte-americano, Donald Trump, acusou os líderes da China, Rússia e Coreia do Norte de “conspirarem contra os EUA”, enquanto Xi Jinping, Vladimir Putin e Kim Jong-un assistiam a um desfile militar em Pequim.

“Peço que transmita os meus mais calorosos cumprimentos a Vladimir Putin e Kim Jong-un, enquanto conspiram contra os Estados Unidos da América”, escreveu Donald Trump na rede Truth Social, na terça-feira, dirigindo-se ao Presidente chinês.

Trump acusou ainda a China de “não reconhecer” o sacrifício dos soldados norte-americanos na guerra contra o Japão.

Na sua intervenção, Xi não mencionou diretamente os Estados Unidos, mas agradeceu o apoio dos países estrangeiros que ajudaram a China na resistência contra a invasão japonesa.

O desfile, além de mostrar força militar, visa também reforçar o apoio interno ao Partido Comunista e projetar a China como alternativa à ordem internacional dominada pelos EUA desde o pós-guerra.

ZAP //

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