Vários países decidiram fazê-lo, alegando que ajuda os orçamentos e impulsiona o crescimento. Mas outras análises sugerem que a produtividade não se resume aos dias trabalhados e que o tempo livre é essencial.
Em Portugal, já voltaram há muito (em 2016) os quatro feriados retirados pelo ex-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, mas a eliminação de feriados está na ordem do dia por toda a Europa.
Em julho, o primeiro-ministro francês, François Bayrou, propôs eliminar a segunda-feira de Páscoa e o Dia da Vitória na Europa – celebrado a 8 de maio – da lista anual de 11 feriados em França. O plano gerou indignação e foi alvo de críticas de líderes políticos de todo o espetro político. Bayrou disse que a medida ajudaria a França a aliviar as pressões orçamentais. Não foi o único a apresentar tal proposta.
No início deste ano, a Eslováquia cortou um dos seus feriados num esforço para melhorar a situação fiscal, espelhando uma medida tomada pela Dinamarca em 2023, quando removeu um feriado após a Páscoa. O raciocínio em Copenhaga era criar margem orçamental para responder ao aumento das despesas de defesa.
Do outro lado do Atlântico, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, juntou-se à onda. A 19 de junho, escreveu na sua rede social pessoal que “muitos feriados sem trabalho nos Estados Unidos” estavam a custar “mil milhões de dólares”.
Muitos interpretaram os comentários de Trump como uma declaração política, uma vez que foram feitos no dia 19 de junho, o chamado Juneteenth, data em que se comemora o fim da escravatura nos EUA e que foi transformada em feriado pelo governo do seu antecessor, Joe Biden.
Mas afinal, há provas suficientes para sugerir que países com menos feriados são economicamente mais produtivos?
Efeito (parcialmente) comprovado
“As provas que sustentam essa ideia são limitadas”, denuncia Charles Cornes, economista sénior da consultora económica britânica Cebr, em entrevista à DW.
“A produtividade é impulsionada menos pelo número de feriados e mais por fatores como a eficiência da mão de obra, investimento em capital, qualificação da força de trabalho e tecnologia”, aponta.
Estudos sugerem que aumentos muito pequenos no Produto Interno Bruto (PIB) são possíveis como resultado da redução de feriados. Um estudo de 2021 realizado por Lucas Rosso e Rodrigo Andres Wagner concluiu que os feriados podem, de facto, aumentar a procura em algumas subcategorias do PIB, mas também que, quando os feriados calham ao fim de semana e não são compensados, há um pequeno aumento no índice. No entanto, estudos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Bundesbank da Alemanha constataram que qualquer aumento no PIB seria proporcionalmente muito menor do que o aumento do total de dias úteis.
Em teoria, um dia de folga para um trabalhador significa que a sua produtividade é zero nesse dia. Há também o argumento de que a produtividade do trabalhador diminui nos dias próximos aos feriados, já que muitas pessoas tiram folgas adicionais para maximizar o tempo livre. Embora a redução de um feriado possa levar a um aumento da receita fiscal para o governo, há contra-argumentos de que os dias de descanso aumentam o bem-estar dos trabalhadores a longo prazo, o que também pode ter impacto na produtividade.
“Há provas que sugerem que, sem mais férias e feriados, os trabalhadores correm maior risco de burnout, e isso pode levar a um declínio no seu bem-estar de forma mais holística”, disse Adewale Maye, analista de políticas e investigação do Instituto de Política Económica em Washington, à DW.
Feriados e férias remuneradas
O debate sobre os feriados faz parte de uma discussão mais ampla sobre a jornada de trabalho em geral. Alemanha, Reino Unido e Países Baixos estão entre os países que tentam combater o crescimento económico lento, revertendo as recentes quedas na média de horas de trabalho.
No entanto, eliminar feriados é uma ideia distante de incentivar uma maior participação na força de trabalho – por exemplo, incentivando aqueles que trabalham a tempo parcial a trabalhar mais horas, como vem fazendo a Alemanha. Isso normalmente provoca uma reação muito menos intensa do que a ideia de eliminar completamente os feriados nacionais.
Somando feriados e férias remuneradas, a maioria dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) oferece entre 30 e 36 dias de descanso remunerado aos trabalhadores por ano, de acordo com um estudo de 2020.
EUA, exceção
Alguns dos países com o maior número de dias combinados, como a Áustria (38), a Dinamarca (36) e a Finlândia (36), apresentam também alguns dos maiores PIB per capita do mundo.
Os EUA são o único país da OCDE que não tem férias remuneradas. O país tem 11 feriados, mas, de acordo com a analista Adewale Maye, muitos setores, como o comércio a retalho, o turismo e os transportes, continuam a funcionar durante os feriados, já que os trabalhadores não têm garantia de folga remunerada.
Os outros países da OCDE oferecem férias pagas sem prejudicar as economias. “Essas economias saíram-se bem e ao mesmo tempo permitiram aos trabalhadores o direito ao descanso”, observou.
“Trabalhar mais nunca foi o problema nos Estados Unidos”, disse, “mas sim construir uma economia em que todos os trabalhadores e as suas famílias possam sentir-se apoiados, seguros e prosperar.”
Charles Cornes afirma que, devido à dimensão do território americano, pedir às empresas para fecharem um dia pode, de facto, ter um impacto económico materialmente negativo. Mas lembra que cada setor é diferente.
“O setor da hotelaria e do comércio a retalho, em particular, regista frequentemente um aumento de atividade, fornecendo o apoio tão necessário aos retalhistas tradicionais que enfrentaram a pressão constante do crescimento do comércio eletrónico na última década”, disse.
Cornes enfatiza que a produtividade dos trabalhadores, em última análise, resume-se a outros fatores e não é simplesmente uma questão de horas trabalhadas.
“Por exemplo, se os alemães estivessem a trabalhar menos horas, mas com o mesmo nível de produção dentro dessas horas reduzidas, isso não prejudicaria a economia e poderia, em vez disso, ser benéfico tanto social como economicamente, se as pessoas tivessem mais tempo livre para dedicar a outras experiências.”
// DW
O único feriado que tem de ser eliminado é o do 25 de Abril referente ao golpe de Estado da OTAN em Abril de 1974, e deve ser restituído o feriado do 28 de Maio referente à Revolução Nacional de Maio de 1926.
O que tem realmente de acabar são as tolerâncias de ponto e as pontes, quanto ao dr. Pedro Coelho ele que vá bugiar não sendo compreensível como é que ainda não foi levado a Tribunal para ser condenado pelos crimes – inclusive crimes de lesa-Pátria – que cometeu.