“Meteu o PR no bolso”. Costa segura Galamba e assume guerra aberta com Marcelo

27

Manuel de Almeida / Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, acompanhado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

O primeiro-ministro, António Costa, acompanhado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

Marcelo queria o afastamento de Galamba e emitiu uma nota inédita onde discorda da decisão de Costa de segurar o Ministro. No PS e no Governo, diz-se que o primeiro-ministro está farto das ameaças de Belém.

É um clima de guerra aberta entre António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa. Depois de ser noticiado o apoio do Presidente da República ao afastamento de João Galamba do Governo e de Marcelo ter recebido Costa em Belém para debater o assunto, o próprio Ministro das Infraestruturas mostrou-se disposto a sair “em prol da necessária tranquilidade institucional”.

A surpresa surgiu quando António Costa decidiu não aceitar o pedido de demissão de Galamba, assumindo assim publicamente um choque com Marcelo. “Trata-se de um gesto nobre que eu respeito, mas que em consciência não posso aceitar”, referiu o primeiro-ministro, que entende que Galamba não é culpado na polémica em torno das agressões e do roubo do computador por parte do seu ex-adjunto, Frederico Pinheiro.

“Seria seguramente mais fácil aceitar este pedido de demissão e fazer o que dizem os comentadores, mas entre a facilidade e a minha consciência, dou primazia à minha consciência”, disse ainda o chefe do Governo, recusando “entrar na dança com o populismo” e admitindo que “provavelmente, desta vez todos vão discordar de mim”.

Apesar de já ter várias vezes dado pistas em público da sua opinião sobre os vários escândalos que têm assolado o Governo — e de até ter deixado algumas ameaças veladas de que pode dissolver a Assembleia da República caso Costa não arrume a casa —, desta feita, Marcelo Rebelo de Sousa deixou bem clara a sua discordância com um comunicado inédito onde lamenta não poder demitir um membro do Governo.

“O Presidente da República, que não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do primeiro-ministro, discorda da posição deste quanto à leitura política dos factos e quanto à percepção deles resultante por parte dos portugueses, no que respeita ao prestígio das instituições que os regem”, lê-se na nota de Belém.

Já esta quarta-feira, António Costa comentou a polémica à margem de uma visita ao grupo Casais, no âmbito da iniciativa “Governo Mais Próximo”. O primeiro-ministro garante que não teme receber um telefonema de Marcelo e que “é sempre um gosto” falar com o chefe de Estado.

“A vida política é muito menos ficção do que normalmente julgam. Cada dia é um dia. O que ficou decidido ontem está decidido. Ontem foi ontem, hoje é um novo dia e está tão bonito”, frisa.

“Já chega de ameaças”

Depois de terem tido uma relação cordial durante os mandatos da “geringonça”, o ambiente entre Belém e São Bento tem sido bem mais tenso no Governo maioritário do PS. Esta mudança na relação ficou logo evidente quando Marcelo se mostrou irritado por ter sabido do elenco do novo Governo através da comunicação social.

Na cerimónia de tomada de posse do Governo, o Presidente voltou a deixar recados a Costa, respondendo aos rumores de que o primeiro-ministro poderia sair a meio da legislatura para assumir um cargo em Bruxelas, dizendo que “a cara vencedora não deve ser substituída a meio do caminho“.

Desde então, têm sido várias as picardias, desde o anúncio da data da visita de António Costa à Ucrânia, o conflito sobre quem é que tem de responder ao inquérito de 36 perguntas feito aos membros do executivo, trocas de culpas sobre os atrasos na execução da “bazuca” e sucessivos pedidos de esclarecimento e críticas de Marcelo às polémicas e demissões que têm abalado a maioria socialista “requentada” e “cansada”, nas suas próprias palavras.

Fala-se agora até de uma recusa de Marcelo em fazer visitas oficiais com Costa, com o Presidente a assumir uma postura mais dura com o Governo. Há um ano, uma fonte de Belém falava numa “guerra localizada” que “nunca se vai tornar numa guerra global”, mas, por estes dias, a tensão é cada vez mais latente.

De acordo com uma fonte do Governo ouvida pelo Expresso, António Costa “meteu o PR no bolso e ainda lhe deu uma lição de coragem e democracia“. Uma outra fonte socialista acredita ainda que este choque assumido com Belém teve pouco a ver com Galamba e serviu mais como uma demonstração de força de Costa. “Quis libertar-se do PR e dizer ‘já chega de ameaças'”, afirma a fonte.

O Expresso lembra ainda que Costa já informou Marcelo de que está disposto a recandidatar-se caso o chefe de Estado dissolva a Assembleia. No entender do primeiro-ministro, nada de significativo mudou no panorama político no último ano, pelo que os protagonistas seriam os mesmos na eventualidade de haver eleições legislativas antecipadas.

Ou seja, Costa não se quer submeter às ameaças de Marcelo e decidiu segurar o seu ministro mais fragilizado e evitar uma segunda demissão em cinco meses no mesmo Ministério, para evitar mergulhar o seu Governo no “pântano”.

Costa quer uma “vitimização”

Os partidos já foram reagindo à crise política ao longo da noite de ontem. Luís Montenegro ainda vai fazer hoje uma declaração mais elaborada sobre o caso, mas o PSD já emitiu um comunicado onde considera que a decisão de Costa “mostra que o Governo está de costas voltadas para o país e para as instituições”.

Do lado do Chega, André Ventura fala mesmo num “confronto institucional” entre o Governo e o Presidente e acusa o primeiro-ministro de tentar uma “vitimização” em busca de legislativas antecipadas.

Já Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, acredita que houve uma “humilhação pública” ao Presidente da República, que deve agora usar os poderes previstos na Constituição.

À esquerda, Catarina Martins também criticou a “declaração solene” de Costa “sobre o que foi uma coboiada” no Ministério das Infraestruturas. A líder bloquista acusa ainda o ex-parceiro da geringonça de não garantir a “estabilidade” que prometeu com o seu Governo maioritário.

A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, preferiu desvalorizar a polémica, afirmando que o país tem outras prioridades e que o Governo se deve focar em políticas de apoio aos trabalhadores.

Já Rui Tavares, do Livre, fala numa “falta de liderança” de António Costa, mas afasta afastou a ideia de que o Parlamento deve ser dissolvido. Inês Sousa Real, do PAN, também prefere uma remodelação do elenco governativo a uma ida às urnas antecipada.

Adriana Peixoto, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

27 Comments

  1. Infelizmente, nem uma remodelação governamental nem eleições antecipadas resolvem o(s) problema(s). No primeiro caso, creio que já há pouca gente qualificada (e do PS) que queira ir para o governo – e os vícios não se curam com remodelações. No segundo caso, os votantes vão preferir a esquerda do PS ou a direita do PSD – e o resultado só pode ser uma nova “geringonça” ou um novo bloco central. Vamos ter de aguentar isto mais uns tempos…

    • Ter uma coligação de direita não é necessariamente mau. Até pode ser bom. De salientar que o CHEGA não é pior do que o PCP. Afinal, não é contra a UE, contra a NATO, contra o EURO, não apoia a Rússia…
      O CHEGA “amansado” pelo PSD até pode ser positivo. A demagogia barata do CHEGA pode levar a algumas conquistas sociais de encher o olho, e o bolso, que provavelmente o PSD não faria, dado que é um partido muito mais responsável.

        • O Chega é só lixo, nada mais. Só mentiras e populismo, não poderia acontecer nada de pior na política portuguesa que o Chega chegar ao poder. O Chega só convence ignorantes.

          • Estivemos de facto muito melhor com a geringonça e agora com o PS com maioria absoluta do que se o Chega chegasse ao poder… enfim…

  2. Isto é uma bofetada para o PR. Andou c o PM ao colo durante estes anos todos, agora ele apanhou-se com a maioria e pura e simplesmente o PM está a Gozar c o PR.
    O PM fez o sempre quis e o PR punha a manta. Está a colher o que semeou.
    Esta gentalha da politica é farinha do mesmo saco…

    • Já o irmão se queixava deste bandalho. Já José Seguro se queixou deste bandalho. Já Sócrates (seu amigo inicial), foi traído por este bandalho. Até personalidades atuais e relevantes do PS ficaram pasmadas com este bandalho. E até o humanismo, cortesia e sinceridade de Marcelo foi traído por este bandalho.

  3. Não se pode avançar para Eleições sem antes alterar a Lei Eleitoral, por forma a impedir que Estrangeiros votem nas Eleições Legislativas, Autárquicas, e Presidenciais; somente os Portugueses Continentais – de Raça/Sangue – podem ter direito ao Voto, caso contrário estaremos diante de uma fraude eleitoral, com Estrangeiros a votar, cometendo assim ingerência na Política, Processo Eleitoral, e nos Assuntos Internos de Portugal.
    Estão a ser deslocadas grandes quantidades de Estrangeiros para o país, com o objectivo de substituir os Votos da Abstenção, que representa a vontade e a maioria dos Portugueses.

    • Veja lá se pára de emborcar vodka como se o mundo fosse acabar amanhã! Isso só lhe faz mal, ao fígado e ao cérebro.

    • Simplesmente, falta de conhecimento, Sr. Figueiredo.
      São todos portugueses os que são do continente, e ilhas, e todos os portugueses espalhados pelo mundo fora.
      Os que foram estrangeiros e agora tem nacionalidade portuguesa independentemente da cor, raça ou credo, tem os mesmos direitos Sr Figueiredo.

      • Como é óbvio quando me refiro aos Portugueses, estou e referir-me aos Portugueses Continentais e das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira; os Estrangeiros lamento, mas não podem ter direito ao Voto, a isso se chama ingerência na Política, Processo Eleitoral, e nos Assuntos Internos de Portugal.
        Os liberais/maçonaria (PS, CDS, PCP, IL, BE, CH, L, PAN, PSD) estão a deslocar grandes quantidades de Estrangeiros para o país, com o objectivo de substituir os Votos da Abstenção, que representa a vontade e a maioria dos Portugueses que não se revêem no criminoso, corrupto, e anti-democrático, regime liberal/maçónico imposto pelo golpe de Estado da OTAN em 25 de Abril de 1974.

    • A nacionalidade não tem que ver com raça ou sangue, apenas com o território onde se nasceu, está a confundir conceitos. E todos os nascidos e registados em Portugal são Portugueses logo não são estrageiros! Não tenha medo de quem é diferente de si. Tenha medo de quem pretende destruir a democracia!

      • A Nacionalidade é inerente à Raça/Sangue do Povo que a cria, você confunde tudo, e demonstra claramente que convive mal e tem medo, da Identidade e Diversidade dos Povos entre si.
        Você fala em “democracia”, no entanto o regime liberal/maçónico e a Constituição de 1976 impostos pelo golpe de Estado da OTAN em 25 de Abril de 1974, não têm legitimidade pois não foram sufragados pelos Portugueses, ao contrário do Estado Novo e da Constituição de 1933 que foi legitimado e aprovada pelo Voto dos Portugueses.
        Você fala em “democracia”, mas não diz que desde 2009 todos os Governos e Presidências são ilegítimos, pois perderam as Eleições para a Abstenção que venceu sempre e representa a Maioria dos Portugueses.
        Você fala em “democracia”, a mesma “democracia” que desde 2020 meteu milhões de Portugueses em prisão domiciliária, praticou a tortura da máscara, e cometeu inúmeros crimes contra a Constituição da República, o Estado de Direito, e a Humanidade.

    • Exatamente sr. Figueiredo. Já o estrangeiro Lula se veio intrometer no nosso 25 de abril. Esta gentalha de esquerda não dá ponto sem nó.

      • Quer se goste ou não, o Sr.º Presidente da República Federativa do Brasil (RFB), Lula da Silva, é um Chefe de Estado, eleito pelos Brasileiros, e como tem tal tem direito a ser tratado com respeito e a receber as demais honrarias e procedimentos inerentes ao Protocolo, chama-se a isso Diplomacia.
        O mesmo se aplica a anteriores Chefes de Estado do Brasil – como o ex-Presidente Jair Bolsonaro – são todos bem-vindos, assim como qualquer representante de outro País.
        O «…25 de abril…», não é nem nunca foi «…nosso…» como refere, talvez seja seu, mas que me lembre ninguém votou a Constituição de 1976.

    • Pessoas como tu é que deviam ser impedidas de votas. RACISTA XENÓFOBO. O que vale é que a maior parte nem vota de facto, é só paleio.

  4. DIREITO DE OPINIÃO: O Sr. Presidente da República não vai dissolver a AR porque sabe que se o PSD for vencedor, é apenas um governo patético que vai empossar. Arrogantes e incapazes. Só têm bazófia e nada te positivo têm para nos dar a nós, os mais fragilizados. Para a rapaziada nova é o Chega que quanto mais depressa aparecer , mais depressa desaparece. Esses pensam que os cofres estão cheios á espera deles e que a UE está para lhes aparar os golpes. Claro que não. Ainda não chegaram e já foram. Os mais jovens pensam que o dinheiro cai do Céu e as batatas dos camiões. Não sabem nada de nada e cada vez estão mais parvos. Nada a fazer por esses nem pelos seus pais que são iguaizinhos. Outra coisa: só acredito que os preços nos supermercados são excessivos quando vir novamente a semear o seu quintalzinho como se fazia há 20 anos atrás e ensinarem os “meninos” que todos devemos saber semear para termos o direito de colher. Sei que vão discordar. Mas vejo gente a discordar até de ter nascido. A parvoíce não tem limites e a Humanidade está a caminho do abísmo por se dar confiança aos estúpidos, aos preguiçosos, aos arruaceiros, aos contra-natura,. Criticamos quem nos governa mas somos preguiçosos e cobardes de mais para tentarmos nós a substituí-los. Não, estamos prontinhos a colocar outros parvos a governarnos para podermos dizer mal deles. É a minha opinião. Vai tu!!!

    • Arrogantes e incapazes. Só têm bazófia e nada te positivo têm para nos dar a nós. Mas isto não é o que o PS nos está a oferecer sr. VA.ITU ? O sr. deve andar atordoado e tem que ir ao médico com urgência.

  5. Creio que o PS só voltará a ser um partido credível quando for capaz de se expurgar de elementos como Galamba, Medina e Costa. Existem alternativas com seriedade e ideias mas estão completamente bloqueadas pela avidez de poder de uns e a cobardia de outros. É uma pena.

    • Embora não seja simpatizante do PS, reconheço que o partido tem gente melhor do que estes. O Seguro quis fazer uma limpeza e um corte com os negócios e puseram-no logo a andar. Este governo é a continuação do governo de Sócrates. Muitos permanecem como se nada tivesse ocorrido.

    • O PS já foi um partido de gente séria. A partir de Sócrates tem sido um bando de perigosos parasitas, como esta tralha miserável que há mais de sete anos está a rebentar o país e a humilhar o povo.

  6. Jogada de aladino (again) …

    Quer ir para eleições?

    Depois, ah, o depois …

    É fazer uma campanha de donativos com o dinheiro arrecadado de tantos impostos dos particulares e empresas , incluso o da bazuca que não sai dos cofres para o que foi destinado e está a ajudar às “maravilhosas” contas?

    Ora, ora, mais uma jogada de aladino para voltar a ganhar, quiçá com nova maioria bafienta, porque, se o aladino está cansado, o povo também, só que a nossa costela definitivamente não é francesa! :/

    O outro, da oposição , o Montenegro, até faz mal ao ouvidos, está com medo do CHEGA e não tem medo do aladino, este ultimo, um verdadeiro ditador, manipulador, jogador, ressabiado, totalitarista, etc, basta olhar a cara dele na assembleia da republica, ela diz tudo …

    Que venham tempos de mudança, e que os “sedentários” finalmente resolvam votar em massa, para mudar alguma coisa, porque assim, são sempre os mesmos, estica para cá, estica para lá, blá, blá, blá

    Todos a jogar e nós a pagar

  7. Ó amigo Figueiredo, então!!!!!
    Para si quem deveria puder votar?
    Eu respondo, os da sua cor politica.
    Os outros, fogueira com eles.
    Uma nova inquisição é que dava jeito.
    Juizo, figueiredosinho.

  8. O então ministro Jorge Coelho não foi o responsável pela queda da ponte de Entre-os-Rios. Ninguém lhe contrariou a atitude nobre de se demitir.
    Talvez nessa altura não houvesse garotos no Governo!

  9. Tratem mas é de aprovar de uma vez por todas a Lei da Eutanásia, antes que o PR aproveite a má onda e decida dissolver a assembleia.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.