Marcelo avisa Costa: “A cara vencedora não deve ser substituída a meio do caminho”

Miguel A. Lopes/LUSA

Marcelo Rebelo de Sousa cumprimenta António Costa

Presidente da República deixou alguns avisos ao novo Governo de António Costa, que tomou posse nesta quarta-feira.

“Os portugueses proporcionaram condições excepcionais para fazer o que tem de ser feito, sem desculpas ou álibis. Deram maioria absoluta; não deram, nem poder absoluto, nem ditadura de maioria”.

O momento era solene mas Marcelo Rebelo de Sousa não evitou alguns “recados” para o novo Governo, que tomou posse nesta quarta-feira.

No seu discurso, na cerimónia que decorreu no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, o presidente da República sublinhou que os fundos devem ser utilizados de forma “rigorosa”.

“Tem de significar que filho ou neto de pobre não esteja condenado a ser pobre, e filho ou neto do interior não esteja condenado a emigrar, e filho ou neto de quem vive nas regiões autónomas tenha de lá viver”, comentou, defendendo uma maior aposta no investimento, com “passos mais vigorosos”.

Marcelo espera que António Costa fique como primeiro-ministro até 2026, final da nova legislatura: “Agora que ganhou por quatro anos e meio, Vossa Excelência sabe que não será politicamente fácil que a cara que venceu de forma incontestável e notável possa ser substituída por outra a meio do caminho”.

“Fez questão de personalizar o voto ao falar na escolha entre duas pessoas. Os portugueses deram maioria absoluta a um partido, mas também a um homem”, reforçou.

Marcelo Rebelo de Sousa também estará a vigiar “distracções e adiamentos quanto ao essencial, auto-contemplações, deslumbramentos, tentando evitá-los para não ter de intervir a posteriori”.

Olhando para um panorama geral, o presidente da República afirmou que o essencial neste ano “é garantir que não se esquecem as lições dos últimos dois anos, não somos uma ilha ou um oásis”, falando sobre a pandemia – e estamos na altura em que a população portuguesa deixe de viver “num abre e fecha da vida pessoal e da economia”.

As primeiras palavras foram dedicadas à guerra na Ucrânia: “De repente todos percebemos que tínhamos mudado”.

“Este é um conflito que nasceu do poder geopolitico. A escalada da agressão converteu-se num choque sobre direitos humanos básicos, à míngua de sucessos militares fulminantes”, analisou.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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