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1,5 milhões viram primeiro debate entre Seguro e Costa

(dr) PSocialista / Flickr

António José Seguro com António Costa em Lisboa, Setembro de 2013

António José Seguro com António Costa em Lisboa, Setembro de 2013

O debate transmitido na terça-feira pela TVI que colocou frente a frente os candidatos do PS a primeiro-ministro, António Costa e António José Seguro, foi seguido por 1,5 milhões de pessoas, anunciou a estação televisiva.

O secretário-geral do PS atacou esta terça-feira a legitimidade moral da candidatura de António Costa à liderança partidária, enquanto o presidente da Câmara de Lisboa lamentou a insuficiência do resultado obtido pelos socialistas nas últimas eleições europeias.

Estas foram duas das ideias essenciais que estiveram presentes no primeiro debate televisivo entre os dois concorrentes às eleições primárias do PS de 28 de setembro, das quais sairá o candidato socialista a primeiro-ministro nas próximas eleições legislativas.

António José Seguro abriu ao ataque o debate na TVI, que foi moderado pela jornalista Judite de Sousa e que durou cerca de 35 minutos, acusando o presidente da Câmara de Lisboa de “deslealdade” e de “traição”.

“Considero que António Costa foi desleal e traiu uma cultura que existe há 40 anos no PS. Foi desleal com o líder do PS, porque assinou um acordo comigo o ano passado, teve duas oportunidades para se candidatar à liderança e, na sequência de uma vitória do PS nas europeias, rasgou esse acordo”, declarou Seguro, antes ainda de acusar Costa de “ter violado uma regra e uma cultura do PS”.

“Em 40 anos, todos os líderes do PS tiveram a oportunidade de disputar as eleições legislativas, mas, desta vez, essa cultura é interrompida depois de o PS ter obtido duas vitórias, nas autárquicas e nas europeias. A crise que o António Costa provocou ao PS é uma enorme irresponsabilidade. Isto não se faz, é um sinal negativo que se dá aos portugueses, em particular aos portugueses que esperam da política não um jogo das cadeiras e das ambições”, disse.

Na resposta, o presidente da Câmara de Lisboa António Costa justificou a sua candidatura às eleições primárias do PS como “um imperativo de consciência“, num momento em que Portugal se encontra “num impasse”.

“É manifesto que esta política de austeridade do Governo fracassou, até na própria consolidação das contas públicas. O PS precisa de responder àquilo que os portugueses sentem ser o dever do PS, afirmando uma alternativa a esta política”, começou por apontar o autarca da capital.

A verdade, no entanto, de acordo com António Costa, “é que nas eleições europeias verificou-se um resultado insuficiente para o PS e negativo para o país”. De acordo com Costa, o resultado obtido pelo PS “não lhe permite sequer ter uma posição forte” num cenário de coligação política.

“Trairia a minha consciência se, perante esta situação, e verificando que havia uma expetativa de muitos socialistas e muitas pessoas na sociedade portuguesa de que poderia dar o meu contributo para a construção da alternativa, eu me mantivesse numa situação cómoda”, alegou António Costa.

Rescaldo do debate

António Costa foi o primeiro a sair dos estúdios da TVI, tendo a acompanhá-lo, entre outros, o ex-presidente do Governo Regional dos Açores Carlos César.

“Sinto-me satisfeito, acho que o debate correu com a elevação possível. Nem sempre é fácil ouvir sem responder à letra a algum estilo de campanha que o secretário-geral entendeu fazer. Mas enfim, alguém tem fazer o esforço de estar a altura da dignidade que o PS exige e não responder à letra”, afirmou Costa aos jornalistas.

O autarca de Lisboa considerou que “a primeira parte do debate foi muito poluída por ataques pessoais“.

“Espero que o próximo, depois de o secretário-geral do PS ter aliviado a sua tensão, já tenha outro conteúdo”, declarou.

António José Seguro saiu minutos depois, acompanhado, entre outros, pelo secretário nacional socialista João Proença e o presidente da Associação Nacional de Municípios, Manuel Machado.

“Espero que tenha sido esclarecedor e que os portugueses tenham tido oportunidade de verificar quais são as diferenças dos dois projetos e dos dois políticos que estiveram aqui em confronto”, afirmou aos jornalistas.

Questionado acerca de ataques pessoais desferidos no debate, o secretário-geral socialista respondeu que “como é óbvio, a personalidade política dos candidatos é muito importante”.

“Nós estamos a escolher o candidato e, potencialmente, o futuro primeiro-ministro. Por isso, a confiança é indispensável, e é natural que esta crise que foi provocada por uma atitude individual, por uma ambição individual, tivesse que ser esclarecida neste debate”, disse.

As frases chave

António Costa foi desleal e traiu uma cultura que existe há 40 anos“,
António José Seguro.

Devias ter percebido que aquele Orçamento do Estado não reflectia o memorando”,
António Costa

Pela primeira vez o líder que ganha é contestado. Isto não se faz“,
António José Seguro.

A derrota histórica da direita PSD/CDS não correspondeu uma vitória histórica do PS“,
António Costa.

Já viste o que tu fizeste ao PS?“,
António José Seguro.

As primárias do PS decorrem no dia 28 de setembro.

ZAP / Lusa

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