Nasceu uma terceira criança cuja informação genética foi editada com a ferramenta CRISPR pelo biofísico chinês He Jiankui. O nascimento foi discretamente anunciado pela agência noticiosa chinesa.
No dia em que foi noticiada a sentença do cientista chinês, condenado a três anos de prisão por ter modificado o ADN de outras duas meninas com esse método, foi também anunciado pela agência noticiosa chinesa o nascimento do terceiro bebé – mas discretamente.
A confirmação do nascimento do terceiro bebé só foi feita porque a agência noticiosa se referiu ao biofísico como o autor de uma operação “a partir do qual nasceram três bebés geneticamente modificados”. Até agora, só se sabia do nascimento oficial de duas bebés geneticamente modificadas.
Em relação à terceira criança, segundo o Observador, nada se sabe: nem o sexo da criança, nem o estado de saúde, nem sequer qualquer informação sobre a sua família.
Segundo William Hurlbut, um especialista em bioética da Universidade de Stanford, He Jiankui tinha-lhe confidenciado em janeiro do ano passado que, nessa altura, a mulher já estava grávida de entre 12 e 14 semanas. Assim, o bebé terá nascido em julho de 2018.
Em novembro do ano passado, He Jiankui surpreendeu a comunidade internacional ao afirmar que havia conseguido criar os primeiros bebés geneticamente — duas meninas gémeas (Nana e Lulu) — manipulados para resistir ao HIV.
O que se sabe sobre as gémeas é que poderão estar em risco de vida. Um estudo publicado em junho de 2019 concluiu que a mutação genética que foi feita nos bebés poderá está ligada a um risco maior de uma morte precoce. Por outro lado, um estudo anterior, publicado em fevereiro, afirmou que a manipulação específica realizada pode dar “super-poderes” aos cérebros dos bebés.
O anúncio de Jiankui originou grande polémica em todo o mundo, e já há quem lhe chame o “Frankenstein chinês”. Tem sido arduamente criticado pela comunidade científica que considera que ele passou uma barreira ética inaceitável.
O paradeiro do cientista chinês foi mantido em segredo durante quase todo o tempo. He Jiankui tinha sido visto pela última vez em janeiro, na varanda da sua casa na Universidade. Alguns media calculam que o cientista estivesse mantido em prisão domiciliária.
Depois de ter recebido milhões de euros de fundos públicos chineses para investigação, o jovem cientista parece ter-se tornado persona non grata, estando a ser investigado pela Universidade onde trabalha e pelo Ministério da Ciência e da Tecnologia da China.
Por muitos argumentos que surjam, isto é um atentado à vida humana; se descobrissem uma alteração genética que permitisse a eternidade, por muito que alguns desejem, tal fenómeno, caso ocorra, também será um atentado aos direitos do Homem.
Atentado aos direitos dos homens por meio da extensão da vida? Imortal ninguém nunca será, há muitas formas de morrer além do envelhecimento e, mesmo assim, não é possível subverter a entropia, o universo é finito em energia.
Não é que seja o mais importante na notícia, porém faço a observação: há um erro na notícia, o cientista Dr He Jiankui não é médico, é biofísico.
Caro leitor,
Obrigado pelo reparo. Está corrigido.