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Cordão humano apela à saída dos moradores. Um já saiu (mas pode voltar)

Agostinho Correia, de 89 anos, e o filho com o mesmo nome, de 50 anos, saíram do prédio na tarde deste domingo para visitarem a esposa e mãe no hospital, onde tem estado internada há alguns dias.

Saíram, porém, com a garantia do presidente da Câmara, José Maria Costa, de que poderiam voltar a entrar. Foi uma saída excecional dada a fragilidade da saúde da moradora, com doença mental e um problema agudo nos rins.

Aos jornalistas, o filho Agostinho disse que lamenta “não ter tido oportunidade para se despedir da mãe” e que não sabe “se está ainda a tempo de o fazer.”

Um cordão humano público pretende mudar o rumo da luta dos nove últimos moradores do prédio Coutinho. Com evento publicado na rede social Facebook, pretende apelar à saída “com dignidade” resistentes do prédio Coutinho. Elisabete Pinto, a promotora, disse ao Observador que o faz por “motivação pessoal”.

“[Fiz isto] pelas pessoas, pelo que se está a passar na cidade. Por causa de meia dúzia de pessoas que, na minha opinião, têm de sair dali e seguir as suas vidas com dignidade e acabar com isto tudo que está a acontecer, algo que já dura há 19 anos. Essa foi a minha motivação pessoal. Quero mostrar a minha opinião e ajudar”.

O cordão humano está marcado para as 19h00 da próxima segunda-feira. Elisabete espera apoio da população de Viana do Castelo, mas garante fica “de consciência tranquila” se aparecerem “meia dúzia de pessoas”.

A atriz colabora com o Teatro Noroeste – Centro Dramático de Viana, que funciona no espaço físico do Teatro Municipal de Viana do Castelo, a 600 metros do edifício Coutinho. “O facto de a companhia ter apoio municipal não tem absolutamente nada a ver” com a iniciativa, já que decidiu promovê-la em nome pessoal.

Em Viana do Castelo, é claro o desagrado de uma parte da população da cidade em relação ao braço de ferro dos moradores que resistem a sair do prédio Coutinho, numa altura em que já houve uma ordem judicial para abandonarem o edifício. No entanto, o impasse mantém-se. Este sábado de manhã, dia 29, receberem seis garrafões de água, mas até agora mais nada entrou no prédio.

Os advogados dos moradores, Francisco Vellozo Ferreira e Magalhães Sant’Ana, visitaram os clientes ao final da tarde de sábado. Francisco Vellozo Ferreira desmentiu a existência de uma ordem judicial de expropriação e questionou até a legalidade de uma eventual ordem por parte da sociedade VianaPolis.

Francisco Vellozo Ferreira alertou ainda que existem processos judiciais em curso, importantes para a ponderação de todos os aspetos da situação, nomeadamente “processos a apreciar a legalidade da expropriação” e um outro a pedir a a mesma fique sem efeito. Os moradores estão à espera de saber as respostas a esses processos para poderem decidir o que fazer a seguir.

O prazo para os moradores abandonarem as suas casas terminou na segunda-feira, mas vários ainda se recusam a entregar as chaves do seu apartamento. Os habitantes estão a viver há quatro dias sem água e há três dias sem gás, depois de ter sido dada a ordem para o corte. Na quarta-feira, um médico visitou os moradores, a pedido do advogado, e alertou para existência de um “problema de saúde pública” no prédio.

Na sexta-feira, iniciaram-se os trabalhos para a demolição do edifício habitacional de 13 andares. Ainda assim, ninguém saiu.

ZAP //

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