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Último debate das primárias com fundadores e lições de moral

(dr) PSocialista / Flickr

António Seguro e António Costa nas Autárquicas em Lisboa

Os dois candidatos às primárias socialistas estiveram esta terça-feira em confronto aberto, depois de Seguro exemplificar com o advogado Nuno Godinho de Matos a mistura entre política e negócios, com Costa a acusá-lo de lançar insinuações graves.

Esta questão da mistura entre política e negócios surgiu na parte final do debate entre o secretário-geral do PS, António José Seguro, e o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, na RTP – o último dos três debates televisivos travados no âmbito das eleições primárias socialistas, marcadas para domingo e que escolherão o candidato socialista a primeiro-ministro nas próximas eleições legislativas.

O moderador do debate, João Adelino Faria, pediu a António José Seguro para esclarecer as suas referências ao setor invisível da sociedade portuguesa dos interesses, que está nos partidos do poder e que no caso do PS estará de forma geral a apoiar a candidatura do presidente da Câmara de Lisboa.

O secretário-geral socialista apontou então Nuno Godinho de Matos, que exerceu as funções de administrador do Banco Espírito Santo, que foi advogado da firma germânica “Ferrostaal” vendedora dos submarinos ao Estado Português, que apoiou o candidato do PSD nas últimas autárquicas em Oeiras, mas que, nas eleições primárias do PS, na qualidade de porta-voz de um grupo de fundadores do partido, manifestou apoio a António Costa.

“Tu tratas como traidores e inimigos os teus camaradas e não foste capaz de fazer frente ao Governo. O que acabas de fazer aqui é uma coisa muito feia, querendo-me atacar a mim em função do que fazem os meus apoiantes, ainda por cima ‘ad hominem’”, reagiu o autarca de Lisboa.

António Costa perguntou depois o que Seguro já tinha feito na vida para combater a corrupção, dizendo que, pessoalmente, quando foi ministro da Administração lançou um pacote “efetivo de combate à corrupção”.

“Quem recorre ao insulto e cede ao populismo não tem condições para ser secretário-geral do PS”, sustentou o presidente da Câmara de Lisboa.

António José Seguro ripostou, advogando que a sua proposta para reforçar as incompatibilidades dos titulares de cargos políticos é uma forma de combater a corrupção, introduzindo transparência.

“Eu não te fiz nenhum ataque pessoal. Mas o que fizeste no domingo, em entrevista ao jornal Correio da Manhã, foi inaceitável quando me tentaste associar a um político de outro partido, que está em investigação, através de uma falsidade”, disse Seguro, numa alusão ao facto de Costa ter associado consultores políticos de Seguro aos do ex-presidente da Câmara de Gaia, o social-democrata Luís Filipe Menezes.

Seguro dirigiu-se depois a Costa e disse-lhe: “Não recebo nenhuma lição de moral tua, nenhuma”.

Ao que Costa respondeu imediatamente: “Mas fazia-te falta”.

“Nem respondo a esse tipo de argumentação”, rematou ainda Seguro mesmo no final do debate.

/Lusa

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