“É o primeiro a entrar numa trincheira”. Marcelo chegou à Ucrânia e já fez algo inédito

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António Pedro Santos / Lusa

Marcelo Rebelo de Sousa foi o primeiro Presidente a entrar na trincheira de Moshchun, na Ucrânia

O Presidente da República chegou esta quarta-feira a Kiev, para celebrar os 32 anos da independência ucraniana. Marcelo ainda escorregou, mas tornou-se o primeiro chefe de Estado a entrar na trincheira de Moshchun. “Isto nunca tinha acontecido!”.

Marcelo Rebelo de Sousa está na Ucrânia, onde vai participar nas comemorações do 32.º aniversário do Dia da Independência ucraniana, na quinta-feira.

O chefe de Estado português considera que a comemoração é “este ano ainda mais especial”, devido à associação de representantes de outros países às celebrações e porque está em curso a contraofensiva ucraniana, uma “afirmação da sua soberania”.

O objetivo da visita “é múltiplo. Em primeiro lugar, é dar continuidade à presença portuguesa”, mostrando “a sua solidariedade em todos os domínios“, sustentou Marcelo Rebelo de Sousa, logo após desembarcar na estação ferroviária de Kyiv-Pasazhyrskyi, na capital ucraniana, para a visita de dois dias.

O Presidente da República anunciou que vai encontrar-se com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, na quinta-feira, e com o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmygal, além de participar na cimeira sobre a Crimeia.

O chefe de Estado acrescentou que “tudo o que seja fundamental – e tudo é fundamental neste momento – na vida da Ucrânia, é fundamental na vida de Portugal“.

Marcelo – como sempre – fora do vulgar

O Presidente da República ainda “agora” chegou e já protagonizou um momento insólito ao entrar numa trincheira que foi improvisada em Moshchun, na Ucrânia, durante a ocupação russa, tornando-se no “primeiro” chefe de Estado a fazê-lo.

“Isto nunca tinha acontecido! É o primeiro que faz isto“, comentou, admirada, Lesya Arkadievna, a vice-governadora para a região de Kyiv, ao ver Marcelo Rebelo de Sousa entrar para uma trincheira.

Moshchun, uma localidade nos arredores da capital ucraniana, foi dizimada durante a ocupação russa e, ao contrário de, por exemplo, Bucha, a recuperação pouco avançou. Quase nada ficou de pé enquanto as tropas russas ali estiveram.

Marcelo Rebelo de Sousa não foi o primeiro líder a visitar o local, mas foi o primeiro a estar onde a população e militares estiveram a combater os ocupantes.

O Presidente não hesitou, ainda escorregou na areia, e acabou por entrar na trincheira, por onde teve de caminhar quase agachado.

Populares e elementos da administração regional observaram com alguma surpresa o momento. “Já vim cá com vários presidentes e ministros e nenhum fez isto”, referiu Lesya Arkadievna.

“Faz lembrar as trincheiras da primeira Grande Guerra”, comentou o Presidente da República assim que saiu da trincheira, ainda com terra no blazer.

A trincheira manteve-se como recordação da luta contra a ocupação.

Antes de protagonizar este momento, Marcelo tinha estado na cidade ucraniana de Bucha, onde prometeu o apoio de Portugal nas investigações do crime de agressão.

“Justiça tardia não é justiça”

Bucha, localizada nos arredores da capital, foi ocupada nos primeiros dias da invasão pelas tropas russas.

Um mês depois dessa ocupação, as Forças Armadas ucranianas reconquistaram Bucha e destaparam os horrores que ocupação russa deixou.

Marcelo marcou presença no adro da igreja de Santo André, onde encontrada uma vala comum com 190 corpos.

“Justiça tardia não é justiça”, advogou Marcelo Rebelo de Sousa, depois de uma cerimónia para homenagear as vítimas e de uma visita à exposição no interior da igreja que documentou a descoberta dos corpos, acompanhado pelo procurador-geral da Ucrânia, Andriy Kostin.

A Ucrânia está a equacionar a criação de um tribunal para julgar o crime de agressão.

O processo “envolver muitos países e Portugal tem estado envolvido“, acrescentou o chefe de Estado português.

“Não há precedentes com sucesso rápido”, considerou o Presidente da República, opinando que Portugal pode ajudar a fazer com que seja realidade.

Na opinião do Presidente da República, o que aconteceu em Bucha “foi muito forte, muito chocante, muito desumano“, adiantando: “aquele choque inicial passado este tempo todo não perdeu força”.

Hoje, Marcelo vai participar na cimeira organizada pela Ucrânia sobre a recuperação da Crimeia e tem prevista “uma ida a uma instituição que se dedica ao problema gravíssimo das crianças ucranianas” separadas das famílias pela guerra ou que são órfãs.

ZAP // Lusa

21 Comments

  1. Como se pode ver, este conflito está a escalar. O profeta Daniel escreve: “No tempo designado [o rei do norte] voltará [as tropas russas voltarão para onde estavam anteriormente estacionadas. Isto também significa ação militar, grande crise, desintegração da União Europeia e da NATO. Muitos países do antigo bloco de Leste voltará à esfera de influência russa]. E entrará no sul [este será o início de uma guerra nuclear], mas não serão como antes ou como mais tarde [estas ações militares não conduzirão a uma guerra nuclear global. Esta guerra só começará após o retorno do rei do norte, e por causa do conflito étnico (Mateus 24:7)], porque os habitantes das distantes costas de Quitim [o distante Ocidente, ou para ser mais preciso, os americanos] virão contra ele, e (ele) se quebrará [mentalmente], e voltará atrás”. (Daniel 11:29, 30a) Este será um abate mútuo. A “poderosa espada” também será usada. (Apocalipse 6:4) Jesus o caracterizou assim: “coisas atemorizantes [φοβητρα] tanto [τε] quanto [και] extraordinárias [σημεια] do [απ] céu [ουρανου], poderosos [μεγαλα] serão [εσται].” É precisamente por causa disso haverá tremores significativos ao longo de todo o comprimento e largura das regiões [estrategicamente importantes], e fomes e pestes.
    Muitos dos manuscritos contém as palavras “και χειμωνες” – “e geadas”.
    A Peshitta Aramaica: “וסתוא רורבא נהוון” – “e haverá grandes geadas”. Nós chamamos isso hoje de “inverno nuclear”. (Lucas 21:11)
    Em Marcos 13:8 também há palavras de Jesus: “και ταραχαι” – “e desordens” (a falta de ordem pública).
    A Peshitta Aramaica: “ושגושיא” – “e confusão” (sobre o estado da ordem pública).
    Este sinal extremamente detalhado se encaixa em apenas uma guerra.
    Mas todas essas coisas serão apenas como as primeiras dores de um parto. (Mateus 24:8)
    Este será um sinal de que o “dia do Senhor” (o período de julgamento) realmente começou. (Apocalipse 1:10; 2 Tessalonicenses 2:2) E agora é a hora da reconciliação com Deus.

  2. Temos um presidente muito corajoso. Vai a Kiev numa altura em que caem bombas indiscriminadamente sobre a cidade..!! Que guerra é esta?!?

  3. A real e triste constatação é que o ocidente está ACOVARDADO, MEDROSO, e não entra com força para acabar imediatamente com as atrocidades que a Russia vem causando na Ucrania.

  4. E aproxima visita de cortesia será ao Kremlin ! …………. Entretanto temos o Mundo en chamas e os Serviços Públicos en Portugal a colapsar , especialmente o SNS que é “Vital” para grande maioria dos contribuintes Portugueses , mas sobre esse assunto nada , pois Ele será sempre atendido a tempo e horas !

  5. O meu comentário é que é preciso dar visibilidade a indignação, por isso concordo com a sua presença, e só não vê quem não quer ver.

    Também Lamento a demora da resolução deste conflito.

  6. Marcelo, que conseguiu evitar ser mobilizado para a guerra no Ultramar, quer como alferes, quer como capitão, foi agora brincar aos soldados numa guerra que nada tem a ver connosco.. Será um tardio peso na consciência?…

  7. A Ucrânia é a verdadeira fronteira leste da Europa. Para lá da fronteira fica a barbárie que temos que impedir a todo o custo que destrua o nosso modo de vida baseado no respeito pelos direitos humanos, na soberania popular, na liberdade e na igualdade. Solidariedade com a Ucrânia!

  8. Totalmente de acordo Pedro R.
    Obviamente que os bárbaros, aqui personificados neste Nuno Cardoso, não concordam porque a barbárie dá-lhes muito jeito.

  9. Ulisses, a propósito de barbárie, cerca de 40% da população da Ucrânia é russa, fala russo, exerce os seus direitos culturais e educacionais em russo, e eram, até há pouco, cidadãos da União Soviética. O governo da Ucrânia decretou que o russo deixava de ser língua oficial e que os jovens ucranianos russófonos, teriam de ir para escolas onde se fala ucraniano. O que é uma violação flagrante dos direitos humanos dessa população. Face a essa violência os ucranianos russófonos, nas regiões onde eram maioria, optaram por um processo de auto-determinação que conduzisse à sua independência. O que só foi necessário porque os seus legítimos direitos foram violados pelo governo ucraniano. Não foram essas ações ucranianas atos de barbárie? Não tinham os ucranianos russófonos o direito a exigir o respeito dos seus direitos? É tão fácil fechar os olhos ao que nos incomoda…

  10. Deve ser por esses motivos que toda a população ucraniana se colocou de imediato do lado dos russos aquando da invasão. Se não fosses tão distraído até podias dizer alguma coisa de jeito.

  11. 40% da população da Ucrânia é russa???! Onde é que o sr agente do Kremlin NCS viu isso, no Pravda? Será mais de c. 17%, meu caro, e isto depois da russificação do território por Catarina a Grande no séc. XVIII (18, caso não saiba…) e a expulsão dos Cossacos. Essa russificação é mais notória no sudeste do país (principalmente Donetsk) mas não significa que a maioria seja russa.

  12. Se eu vivesse na Rússia não poderia expressar as minhas opiniões. O Nuno Cardoso da Silva vive em Portugal, por isso, é livre de opinar sobre o que bem entender. É isto que eu defendo, assim como todos aqueles que valorizam a liberdade que tantas vidas e tanto sofrimento custou a outros que antes de nós lutaram por ela.

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