Pedro Sarmento Costa / LUSA

Morreu outra pessoa por causa dos incêndios. Fogos em Castro D’Aire e Sabugal entraram em resolução. O fogo de Arganil, que começou há 10 dias, ainda está a ser combatido por quase 1500 bombeiros. 40% da área do concelho já ardeu.
Cerca de 1.470 operacionais continuavam na manhã deste sábado envolvidos no combate ao incêndio em Arganil, no distrito de Coimbra, com a ajuda de mais de 500 meios terrestres, segundo a Proteção Civil.
O incêndio, que começou no dia 13, foi o que mobilizou mais operacionais e meios durante a noite, e continuava a ser a ocorrência mais significativa registada pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Pelas 08:20, a ANEPC registava na sua página online três fogos ativos, o de Arganil e dois que começaram esta madrugada em Moimenta e em Ervedosa, ambos no município de Vinhais (Bragança). No total, havia 27 incêndios que mobilizavam 2.275 operacionais, 755 meios terrestres e seis meios aéreos. A maioria dos fogos estava em fase de resolução ou de conclusão.
Arganil era, na manhã deste sábado, o único grande fogo ativo. Este fogo já correu três distritos (passou para a Guarda e Castelo Branco) e as autoridades admitem que será difícil de travar este fim de semana.
Cerca de 40% da área do concelho já ardeu, o equivalente a quase 12 mil hectares, disse o presidente da Câmara Municipal de Arganil, Luís Paulo Costa, à SIC Notícias.
O coordenador do Serviço Municipal de Proteção Civil de Pombal considera que o risco de grandes incêndios diminui com unidades locais de proteção civil e realça a importância de equipas ao longo do ano.
Meteorologia para este sábado
O Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) manteve o risco de incêndio “máximo”, “muito elevado” ou “elevado” em muitos concelhos do interior norte e centro, bem como do Algarve.
O IPMA prevê para este sábado céu limpo ou pouco nublado, com mais nebulosidade e formação de neblina ou nevoeiro no litoral oeste, bem como uma pequena subida de temperatura no interior.
Castelo Branco deverá registar a temperatura mais elevada, com 37 graus Celsius, seguido de Évora, com 36º, e Beja, com 35º.
11 mil bombeiros, mais de 234 mil hectares ardidos, 4 mortos
Portugal tem cerca de 11 mil operacionais a combater os incêndios rurais que afetam todo o País, sobretudo a zona Norte e Centro, desde final de julho. Em regime de voluntário são quase 4000, segundo dados revelados pelo Público.
Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais de grande dimensão desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Os fogos já provocaram quatro mortos, incluindo um bombeiro. O homem ferido com gravidade num incêndio no Sabugal na terça-feira, “faleceu esta madrugada, vítima do quadro grave que tinha”, disse à Lusa fonte hospitalar. O operacional da Afocelca (empresa de proteção florestal detida pelos grupos do setor da celulose Altri e Navigator), tinha 75% da área corporal queimada e outras comorbidades prévias.
Os incêndios fizeram também vários feridos, alguns com gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, ao abrigo do qual recebeu cinco meios aéreos para ajudar a combater os incêndios.
Segundo dados oficiais provisórios, até 21 de agosto arderam 234 mil hectares no país, mais de 53 mil dos quais só no incêndio que teve início em Arganil.
“Muito provavelmente será o maior incêndio de sempre”, vincou o investigador Paulo Fernandes esta semana, referindo que há incêndios “que nascem para serem grandes”, considerando que o de Arganil “é um desses casos”.
ZAP // Lusa