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Ventura vai ordenar ao Chega/Açores o chumbo do bloco de direita

José Sena Goulão / Lusa

André Ventura, Chega

O líder nacional do Chega deverá ordenar ao Chega/Açores que vote contra o Governo de coligação PSD/CDS/PPM, depois de os sociais-democratas se manterem irredutíveis sobre a revisão constitucional.

Na terça-feira, o líder parlamentar do PSD, Adão Silva, foi claro: o partido não vai apresentar qualquer projeto de revisão constitucional neste impulso dado pelo Chega.

Esta era uma da exigências do partido para apoiar uma solução governativa de direita nos Açores. Por isso, segundo apurou o semanário Expresso, André Ventura cansou-se e deverá ordenar ao Chega/Açores que vote contra o Governo de coligação PSD/CDS/PPM.

O jornal adianta que, nos últimos dias, as delegações do PSD e do Chega têm mantido contactos, mas José Manuel Bolieiro, líder dos sociais-democratas na região autónoma, não conseguiu conter as exigências de Ventura.

Além disso, o dirigente açoriano também não terá sido capaz de convencer Rui Rio a ir a jogo relativamente a uma proposta de revisão constitucional.

Entretanto, Ventura acusou Rio de “estar com medo” das críticas do PS e dos partidos de esquerda perante a eventual convergência entre os dois partidos e vaticinou eleições antecipadas na região.

“Estamos abertos à negociação. Ou conseguimos convergir na segunda ou terça-feira ou vamos ter novas eleições nos Açores”, afirmou o líder do Chega, citado pela rádio TSF.

Para já, “o Chega dará indicações aos seus deputados para que não se comprometam com nenhuma solução, nem da parte do PS nem do PSD”, disse ainda.

Recorde-se que, na segunda-feira, o líder do PSD/Açores anunciou um princípio de acordo para a formação de um Governo regional com CDS e PPM, o que significa que, juntos, somam 26 mandatos na Assembleia Legislativa dos Açores, face aos 25 do PS.

No entanto, para obter o apoio da maioria absoluta no Parlamento, um Governo PSD/CDS/PPM precisaria do apoio de mais três deputados, que poderia ser encontrado entre Chega (dois), PAN (um) e Iniciativa Liberal (um).

PAN “claramente contra” solução governativa com Chega

Numa conferência de imprensa em Ponta Delgada, o porta-voz do PAN/Açores, Pedro Neves, disse que o partido “nunca alinhará em visões extremadas ou afastadas da promoção dos direitos sociais e humanos”.

“Como dissemos várias vezes nesta campanha, o futuro do arquipélago não é compatível com políticas xenófobas, racistas, sexistas, capacitistas, homofóbicas ou transfóbicas e que impeçam a liberdade de expressão, a liberdade religiosa ou que vedem o acesso condigno a bens e serviços da comunidade açoriana”, frisou.

O PAN é “claramente contra qualquer solução governativa que inclua o populismo não democrático que ameaça atualmente o país”, daí que não possa “viabilizar Governos com o encosto de um partido que entende que a solução passa por colocar de lado as duras conquistas pela igualdade perante a lei”.

Face aos vários cenários e soluções de Governo que “continuam em aberto e que ainda não conhece totalmente à data, o PAN afirma assim que existe a disponibilidade, como sempre, para ouvir, dialogar e depois decidir”, mas “a principal linha vermelha está marcada“.

Segundo o Expresso, a rutura à direita faz com que tudo volte à estaca zero. Vasco Cordeiro, do PS, deverá ser o primeiro a ser convidado a formar Governo, embora só tenha ainda garantidos os votos do BE. Sem soluções estáveis à vista, ganha força a hipótese de o arquipélago voltar a eleições.

O representante da República para a Região Autónoma dos Açores, Pedro Catarino, vai ouvir os partidos que elegeram deputados à Assembleia Legislativa da Região na sexta-feira e no sábado.

ZAP // Lusa

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