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UE não renova encomenda de vacinas à AstraZeneca (por enquanto)

A União Europeia (UE) não renovou, por enquanto, o contrato com a AstraZeneca para fornecimento de vacinas contra a covid-19 depois de junho, indicou o comissário europeu do mercado interno, após ter sido anunciado novo contrato com a Pfizer.

“Não renovámos o contrato [com a AstraZeneca] para depois do mês de junho. Estamos a ver, veremos o que acontece”, afirmou o comissário Thierry Breton, em declarações à France Inter/France Info.

No sábado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou um novo contrato para comprar até 1,8 mil milhões de doses de vacinas contra a covid-19 com a BioNTech-Pfizer, até 2023.

“A Comissão acaba de aprovar um contrato para 900 milhões de doses, mais 900 milhões opcionais, com a BioNTech e a Pfizer”, anunciou Von der Leyen, acrescentando que “outros contratos e outras tecnologias de vacinas virão”.

O contrato com os laboratórios alemão e norte-americano, aliados na produção de vacinas contra a covid-19, prevê entregas a partir deste ano e até 2023.

A vacina da AstraZeneca tem registado atrasos na entrega, o que levou a União Europeia (UE) a apresentar uma ação judicial contra o laboratório. Alguns casos de coágulos sanguíneos também levaram a restrições no uso desta vacina.

Um porta-voz da Comissão Europeia afirmou, no final de abril, que a ação judicial foi interposta porque “alguns dos termos” do contrato negociado entre a AstraZeneca e a Comissão Europeia “não foram respeitados”, não tendo a farmacêutica apresentado uma “estratégia credível para assegurar a entrega atempada de doses”.

Países africanos defendem produção local de vacinas

O Ruanda, a África do Sul e o Senegal estão entre os países da África subsaariana que mais têm defendido a construção de fábricas de vacinas e medicamentos para evitar as atuais dificuldades de distribuição.

“A única maneira de garantir uma distribuição equitativa de vacinas é produzir mais do que as que são necessárias; enquanto África estiver dependente de outras regiões para ter acesso a vacinas, vamos estar sempre no fim da fila de cada vez que há escassez”, disse o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, citado pela agência de informação financeira Bloomberg.

Enquanto as nações mais desenvolvidas estão bastante avançadas no processo de distribuição de vacinas, a maioria dos países africanos estão praticamente sem stock e conseguiram apenas dar o equivalente a 2% das vacinas a nível mundial, segundo os dados do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças.

No continente, há menos de dez produtores de vacinas, em países como o Egito, Marrocos, Tunísia, Senegal e África do Sul, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), e na maior parte destas fábricas o trabalho é empacotar e etiquetar, e não propriamente fabricar as vacinas, o que faz com que o continente esteja mal preparado para fazer e administrar vacinas em tempos de crise.

A suspensão das patentes relativas às vacinas para a covid-19 já vinha a ser defendida há várias semanas por alguns países, mas conheceu um importante desenvolvimento na semana passada, quando os Estados Unidos mudaram de posição e começaram a defender junto da OMS a suspensão desta exclusividade de venda que serve para compensar os custo de investigação.

Quase uma centena de países, liderados pela Índia e pela África do Sul, pediram a suspensão das patentes e a partilha dos procedimentos de criação da vacina, mas outros países e as farmacêuticas opuseram-se.

A campanha “é compreensível tendo em conta a experiência passada e presente de esperar na fila para receber medicamentos e vacinas que salvam vidas”, disse a diretora-geral da OMC, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, acrescentando que os membros da Organização “devem aumentar a produção das vacinas agora e também procurar resultados pragmáticos” sobre a proteção dos direitos de propriedade intelectual.

Para o presidente da Iniciativa Africa de Produção de Vacinas, “a pandemia de covid-19 é uma grande oportunidade para fomentar as várias conversas e propostas sobre a produção de vacinas e transformá-las num guia de ação”. Segundo William Ampofo, o aumento da produção de vacinas em África vai facilitar a imunização das doenças infantis e controlar os surtos de doenças altamente infecciosas”.

ZAP // Lusa

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