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O Presidente dos EUA, Donald J. Trump
A dúvida sobre se John Bolton vai testemunhar continua a marcar o impeachment de Donald Trump. É possível que o Presidente dos Estados Unidos seja absolvido já esta sexta-feira.
Depois de cada lado ter tido três dias para expor os seus argumentos iniciais, a sessão desta quarta-feira foi a primeira de duas dedicadas às perguntas dos senadores, tendo-se prolongado até às 23h de Washington (4h em Lisboa) com a questão das testemunhas a marcar o dia.
“Se um Presidente faz algo que acredita que o ajudará a ser reeleito no interesse do público, isso não pode ser o tipo de contrapartida que resulta num impeachment”, disse o advogado de Trump, Alan Dershowitz
Por outro lado, sobre a sessão pairou a dúvida sobre o testemunho de John Bolton. A possibilidade de testemunho do ex-conselheiro de Trump já está a fazer vacilar alguns republicanos, que ponderam votar ao lado dos democratas e chamar Bolton a testemunhar perante o Senado.
John Bolton tem sido uma testemunha desejada pelos democratas, mas nunca foi ouvido porque Donald Trump proibiu os funcionários e ex-funcionários da Casa Branca de participar no inquérito de impeachment com o argumento de evitar que informação confidencial fosse revelada.
Bolton está no centro do processo desde o último domingo, dia em que o jornal norte-americano The New York Times publicou o conteúdo de um manuscrito de um livro que Bolton pretende publicar em breve e no qual o ex-conselheiro de Trump revela que o Presidente dos EUA bloqueou o financiamento da ajuda militar prestada pelos norte-americanos à Ucrânia e decidiu só descongelar o apoio, no valor de 391 milhões de dólares, quando a Ucrânia anunciasse investigações aos negócios do filho de Joe Biden.
Ao longo do dia, os republicanos mostravam não perder a esperança na rápida absolvição de Donald Trump. Porém, vários senadores e membros da defesa de Trump deixam o aviso: se os democratas chamarem testemunhas, os republicanos também o vão fazer — provavelmente chamando Joe Biden ou Hunter Biden.
Para sexta-feira está pré-agendada a votação sobre a chamada de testemunhas.
Com John Bolton, “estaríamos na 6.ª Guerra Mundial”
O Presidente dos Estados Unidos usou, esta quarta-feira, o Twitter para atacar o ex-conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, depois de este o ter implicado diretamente no escândalo ucraniano.
Trump atacou Bolton, começando por dizer que o ex-conselheiro de Segurança Nacional “não conseguiu aprovação para ser embaixador da ONU há alguns anos atrás, não conseguia ser aprovado para nada desde essa altura” e que lhe “implorou por um emprego no Senado”.
“Se eu lhe desse ouvidos, estaríamos na 6.ª Guerra Mundial”, escreveu Trump, acrescentando que Bolton “sai e imediatamente escreve um livro desagradável e falso”.
John Bolton despedido em setembro por Trump, quando Donald Trump procura aberturas diplomáticas com dois dos inimigos mais intratáveis dos Estados Unidos, esforços que são divergentes das ideias de pessoas como Bolton, que vê a Coreia do Norte e o Irão como não confiáveis. No final do ano passado, Bolton mostrou-se disponível para testemunhar, dando a entender que pode revelar informação sobre Donald Trump, com um misterioso “estejam atentos”.
O Presidente norte-americano foi acusado de pressionar o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, a investigar o seu rival político e ex-vice-Presidente Joe Biden. Esta chamada, cuja transcrição foi revelada na última semana após a queixa de um denunciante, levou os democratas a darem início a um processo de impeachment presidencial. Na segunda-feira, o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, recebeu uma intimação relacionada com os seus contactos com as autoridades ucranianas.
Mais tarde, o Governo australiano confirmou que houve uma segunda chamada, em que Donald Trump pressionou o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, para que este o ajudasse a descredibilizar a investigação do procurador especial Robert Mueller. O governo australiano confirmou que a chamada aconteceu e que o primeiro-ministro concordou em ajudar.
A Casa Branca restringiu o acesso à transcrição da conversa telefónica entre o Presidente dos EUA e o primeiro-ministro da Austrália a um pequeno grupo de assessores. A decisão é invulgar mas semelhante à que foi tomada no caso da chamada com o Presidente da Ucrânia.
O Presidente nega ter cometido quaisquer irregularidades e classifica o processo de impeachment como “uma farsa”.