Nos últimos dias muito se tem escrito sobre o estado de saúde de Donald Trump. O presidente já abandonou o hospital e vai agora recuperar em casa junto da esposa, Melania. Contudo o cenário na Casa Branca não parece animador, uma vez que já há alguns casos conhecidos entre a equipa do presidente e há muitos contactos que podem não ter sido testados.
Donald Trump, deixou ontem o Centro Médico Militar Walter Reed, onde se encontrava internado depois de ter testado positivo à covid-19.
À saída do hospital, pouco depois das 18h30 (23h30 em Lisboa), o presidente dos EUA fez vários gestos dando conta que estava bem, nomeadamente com o punho fechado e levantando o polegar. Logo de seguida entrou numa viatura que o transportou até ao helicóptero Marine One que o levou à Casa Branca, onde acabou por tirar a máscara.
Antes de abandonar o hospital, Trump prometeu voltar à campanha presidencial muito em breve e referiu-se às sondagens que têm sido apresentadas como “falsas, através de uma publicação no Twiteer.
O candidato republicano à Casa Branca, referiu – ainda internado – que não é preciso ter medo da covid-19, uma doença que já atingiu quase 7,5 milhões de norte-americanos e causou a morte a 210 mil.
Sean Conley, médico da Casa Branca, afirmou que o presidente cumpriu todos os requisitos para ter alta. “Apesar de não estar ainda completamente livre de perigo, a equipa e eu concordamos que todas as nossas avaliações, e o seu estado clínico, apoiam o seu regresso a casa onde estará rodeado de cuidados médicos 24 horas por dia, sete dias por semana”, disse durante o fim-de-semana.
De acordo com o DN, questionado sobre se estava a apressar a alta de Trump, Conley relembrou que os médicos procuram sempre que os pacientes possam regressar a casa rapidamente, desde que estejam em segurança. “Cada dia que um doente fica no hospital sem ser necessário é um risco e neste momento não há nada que estamos a fazer aqui que não possa ser feito em casa”, disse Conley.
O médico afirmou que Trump foi um “paciente exemplar” e que nunca pressionou a equipa a fazer nada que não fosse seguro. Durante o fim-de-semana o diretor de comunicação da campanha de Trump, Tim Murtaugh, disse à CNN que o presidente quer estar presente no próximo debate com o democrata Joe Biden, marcado para 15 de outubro.
Durante o tempo que esteve internado, Donald Trump foi tratado com o antirretroviral remdesivir e com corticoide dexametasona, indicado nos casos mais graves de covid-19, nomeadamente para doentes que precisam de administração suplementar de oxigénio ou ventilação mecânica.
Primeira-dama recupera em casa
Melania Trump, que também testou positivo na quinta-feira à noite, está a recuperar na Casa Branca. A primeira-dama norte-americana disse, esta segunda-feira, que se sente “bem” e que continuará com a sua recuperação em casa, cinco dias depois de ter testado positivo para a covid-19.
“A minha família está grata por todas as vossas orações e apoio! Estou a sentir-me bem e vou continuar a descansar em casa. Obrigada à equipa médica e aos cuidadores em todo o lado e as minhas contínuas orações para todos os que estão doentes ou têm um familiar afetado pelo vírus”, escreveu no Twitter.
Na passada sexta-feira, o médico da Casa Branca, Sean Conley, já tinha indicado que a primeira-dama, de 50 anos, tinha apenas “uma leve tosse e dor de cabeça”.
Covid-19 na Casa Branca
Kayleigh McEnany, assessora de imprensa de Donald Trump, testou positivo esta segunda-feira de manhã, depois de ter testado negativo várias vezes ao longo da semana passada.
McEnany indicou no Twitter que não tem sintomas e deixou claro que não sabia antes de uma conferência de imprensa na quinta-feira que outra assessora de Trump, Hope Hicks (que terá sido a responsável pelo contágio), tinha testado positivo nesse mesmo dia.
A assessora de imprensa indicou na publicação que está em isolamento e de quarentena e que não há repórteres, produtores ou membros da imprensa na lista de contactos próximos, já que não terá passado tempo suficiente com nenhum deles. Contudo, já há três jornalistas da Casa Branca que já testaram positivo.
Kayleigh McEnany esteve reunida com jornalistas, sem máscara, no passado domingo, tal como denunciou o repórter da CNN Jeremy Diamond, no Twitter.
O conselheiro de comunicações da Casa Branca, Ben Williamson, respondeu na mesma rede social e escreveu: “Para quem se questiona sobre isto: a porta-voz tirou a máscara junto do microfone para responder a perguntas, respondeu a duas em apenas 58 segundos e manteve a distância social”.
Ainda assim, e apesar da Casa Branca passar uma imagem de que tem tudo controlado, o jornal The New York Times refere que mesmo com as divulgações quase diárias de novas infeções por coronavírus entre a equipa de Trump, a Casa Branca está a esforçar-se pouco para investigar a origem do surto.
O jornal refere que a Casa Branca não testou os convidados e os membros da equipa de Trump, depois da celebração no Rose Garden – que se realizou no dia 26 de setembro, e onde circulavam muitas pessoas sem máscara – aquando da cerimónia de celebração da nomeação da juíza Amy Coney Barrett para o Supremo Tribunal, onde pelo menos oito pessoas podem ter sido infetadas.
Segundo o NYT, a Casa Branca limitou-se a notificar as pessoas que tiveram contacto próximo com o presidente nos dois dias antes do seu diagnóstico. Também retirou do processo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, que possuem o conhecimento e os recursos mais abrangentes do governo para rastreamento de contactos.
O rastreamento de contactos é uma peça essencial na deteção do surto, e é a chave para impedir que o vírus se dissemine, especialmente após um evento de “super propagação” , onde muitas pessoas podem ter sido infetadas.
De acordo com o The New York Times, 12 elementos da Casa Branca testaram positivo à covid-19 nos últimos dias – incluindo o presidente e a primeira-dama.
Coronavírus / Covid-19
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