/

Especialistas definem teto para travar regresso à normalidade: 4 mil internamentos

5

Mário Cruz / Lusa

O Governo e os especialistas de saúde estudam um regresso gradual à normalidade. Os epidemiologistas estimam que 4 mil internamentos é o número máximo que o SNS consegue aguentar antes da rutura.

Na reunião que decorreu esta terça-feira no Infarmed, os especialistas em saúde definiram um teto máximo para perceber se o regresso à normalidade descarrilou. Os epidemiologistas estimam que 4 mil internamentos é o número máximo que o Serviço Nacional de Saúde aguenta. Se atingirmos esse número, haverá rutura, escreve o Observador.

Se, ao fim de dois meses, atingirmos os 4 mil internamentos no SNS, significa que estamos num mau caminho para o regresso gradual à normalidade. É nestas circunstâncias que é necessário um travão imediato. Mas o objetivo não é deixar chegar a este ponto, mas sim prevenir que cheguemos lá.

Os números do boletim epidemiológico desta terça-feira revelam quem Portugal tem 936 pacientes internados, sendo que 172 deles estão nos cuidados intensivos. Assim, o SNS tem uma margem de 3 mil internamentos até atingir o ponto de rutura.

Para que a situação seja acompanhada ao longo do tempo, os especialistas propuseram que, a cada 15 dias, se calcule um número limite de internamentos. Caso o Governo verifique que, ao fim dessas duas semanas, o número de pacientes internados está a ultrapassar o limite, pode decidir voltar a apertar as restrições.

A lógica é que este indicador funcione quase como um botão de emergência, que seja acionado à primeira vista de perigo.

“Atualmente temos cerca de mil internados e há folga. Porquê? Porque o SNS, com a atual capacidade, aguenta até cerca de 4 mil casos de internamento por covid-19″, disse Luís Mira, presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP).

O presidente da CAP entende que Portugal ganhou margem de manobra nesta primeira vaga do surto e que, aos poucos, pode ir levantando as restrições que contribuíram para o sucesso da sua resposta ao vírus. “Há folga para que sejam tomadas, agora, estas medidas para aliviar o confinamento“, concluiu Luís Mira.

“Peer pressure” do Governo

Embora António Costa já tenha admitido que todas as decisões políticas são tomadas com base nos pareceres dos especialistas de saúde, as fontes ouvidas pelo Observador dão conta que os epidemiologistas podem ter cedido parcialmente às vontades políticas.

“Sentiu-se uma espécie de pressão” social da parte dos epidemiologistas, que “sabem que a saturação dos portugueses também não é para subestimar”, disse uma fonte partidária presente na reunião. Enquanto os especialistas preferem jogar pelo seguro, o Governo quer reabrir a economia – nem que seja aos poucos.

“Esta foi a vez em que os especialistas pareciam mais condicionados no que estavam a dizer, como se estivessem pressionados a defender a reabertura da economia, e tentaram, claramente, dar argumentos para justificar o alívio das medidas”, contou um outro líder partidário.

“Ao contrário do que tinham feito nas outras reuniões, em que deram o ‘R’ como o índice a seguir, desta vez, como o ‘R’ estava pior, curiosamente falaram noutros fatores“, acrescentou.

Atualmente, o ‘R’ ronda os os 0,94 e 1,04, variando de acordo com a região. Ainda esta segunda-feira, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, disse que o ‘R’ português – número de pessoas que uma pessoa infetada com Covid-19 contagia – ainda não está no valor ideal para o regresso à normalidade.

“A infeção está, aparentemente, controlada, mas o ‘R’ continua a estar em 1, um valor que, não sendo muito elevado, é elevado e vai ter de se ter em consideração quando se iniciar a retoma, porque devia estar perto dos 0,7 ou até menos. Temos de continuar a fazer as medidas restritivas no dia a dia, que servem para proteger as pessoas mais frágeis, como os idosos”, declarou aos jornalistas no Hospital de Santo António, no Porto.

ZAP //

5 Comments

  1. Todos amigos, todos juntos, todos sem máscara, todos a gozar com os que usam máscara obrigados por estes que não usam máscara. Mais um dia no escritório.

  2. Se alguém me souber dar o cálculo do R0, agradeço. Depois de várias tentativas ainda não acertei. Também não encontrei a fórmula em parte nenhuma.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.